LEGO Star Wars: The Skywalker Saga – Análise

O primeiro Lego Star Wars foi lançado em 2005, justamente no mesmo ano em que recebemos Revenge of the Sith, e foi o título que deu o pontapé de saída para todos os jogos de Lego que hoje conhecemos e que têm sido um sucesso junto das mais variadas faixas etárias de jogadores. A simplicidade de Lego Star Wars e The Original Trilogy levaram-me a perder horas e horas, em busca de minikits e de alcançar o tão desejado nível de True Jedi.

A fórmula foi replicada vezes e vezes sem conta, perdendo com o tempo a sua estrutura simplista por níveis e virando-se cada vez mais para hubs e posteriormente, uma espécie de sandboxes.

Antes de mais nada, deixo já aqui um disclaimer: não é coisa que goste, mas sou muito Velha do Restelo no que toca aos jogos Lego. Sou daquelas pessoas que assumidamente prefere a estrutura por níveis, dentro de um hub (como por exemplo temos nos Lego Harry Potter) e que não é nada mas nada fã dos jogos Lego com vozes. Inicialmente, tínhamos uma espécie de filmes mudos, versões resumidas dos filmes que recorriam muitas vezes a comédia física e mímica para relatar a sua história.

Ainda assim, tenho de admitir que Lego Star Wars: The Skywalker Saga é o culminar de 17 anos (sim, 17!!) de jogos Lego, uns melhores, outros piores, mas que evoluíram nas suas mecânicas e apresentação para finalmente chegarem a um dos melhores (senão melhor) títulos Lego com que a Traveller’s Tales (TT) já nos presenteou.

Muitas das mecânicas já vêm de outros jogos Lego, como as várias personagens com habilidades próprias, os colecionáveis, a construção e os puzzles. Mas são aqui introduzidas novidades suficientes para que quem tenha jogado os originais até à morte (sim, sou eu!) tenham uma experiência totalmente nova.

Cenas épicas em Lego continuam a ser épicas.

Entre adições e melhorias, uma das mais notórias é no sistema de combate. Este nunca foi espectacularmente complexo – ou não estivéssemos a falar de um jogo direccionado aos mais novos – mas a TT conseguiu dar uma cara nova. No combate corpo a corpo foram introduzidos combos, que nos permitem despachar os inimigos rapidamente e também quebrar a sua defesa, quando começam a bloquear os nossos ataques. Isto é bonito, é certo, mas é muito mais lindo ainda quando adicionamos um sabre de luz à equação. Em qualquer jogo de Star Wars é um prazer absoluto jogar com sabres de luz (quando é bem feito) e este Lego não é excepção. O combate com armas também sofreu melhorias, adicionando um sistema de cover e colocando a câmara sobre o ombro da personagem, tornando assim a jogabilidade muito mais semelhante a outros tantos jogos de ação na terceira pessoa e permitindo uma maior liberdade na maneira em como abordam o combate. Por exemplo, os Stormtroopers podem perfeitamente colocar-se atrás de barreiras, para se protegerem enquanto vos disparam mas vocês podem simplesmente destruir essas barreiras. Por outro lado, podem também reconstruí-las e assim tomam vocês partido destas barreiras para se protegerem.

Uma das novidades é a adição de uma skill tree, dando pequenos laivos de RPG. Em jogos anteriores, tínhamos a possibilidade de colecionar tijolos vermelhos ou dourados. Agora, temos os Kyber Bricks que juntamente com os studs que vão coleccionando, vos vão permitir desbloquear várias habilidades, permitindo-vos customizar o jogo e adaptar o mesmo ao vosso estilo.

A juntarem-se a isto, têm os já famosos minikits, espalhados pelos níveis de história. Aqui não há grandes mudanças, 05 minikits por nível e se os conseguirem apanhar todos, desbloqueiam um veículo ou nave. Ao contrário dos minikits, os Kyber Bricks podem ser obtidos tanto nos níveis de história, como no decorrer da exploração dos vários planetas. Sim, aqui não temos um hub nem uma pequena sandbox. A TT decidiu presentar-nos com uma galáxia de planetas para explorarmos, com diversos puzzles e colecionáveis, garantindo que se vão perder horas e horas neste mundo. Era preciso vir um jogo lego para nos permitir explorar efetivamente a galáxia de Star Wars por inteiro (sem qualquer desrespeito pelo Jedi Fallen Order!).

The Skywalker Saga é um mimo visual.

Apesar de preferir a fórmula original, admito que o trabalho feito nas cutscenes e consequentes diálogos é de louvar, principalmente no que toca ao trabalho dos atores de voz. Foi impossível não me rir um bocadinho sempre que o Obi-Wan se referia a higher ground. Para os mais puristas, podem sempre ativar o modo Mumble, que substitui as vozes pelos grunhidos mais conhecidos das versões originais.

Graficamente, é absolutamente lindo e acho que só me caiu a ficha quando fui rever vídeos dos originais. A diferença é absolutamente abismal e apesar de tudo se manter um mundo puramente feito de Lego, a atenção ao detalhe é imensa, bem como os efeitos de luz. Existiu deveras um grande cuidado por parte da TT em criar aqui um mundo vasto e imersivo. Mas nem tudo são rosas. Em alguns momentos e até na introdução do jogo antes do meu principal, o mesmo tinha alguns soluços, algo que não é de esperar estando a falar de um jogo que está a correr numa Playstation 5. Uma pequena nódoa naquilo que é ainda assim um jogo maravilhoso visualmente.

Devo ainda referir que, como nos outros títulos Lego, podem desfrutar de um modo cooperativo local. Longe vão os tempos em que a câmara era fixa e o ecrã fica divido ao meio na vertical, permitindo que cada jogador explore ao seu ritmo. O jogo avisa sempre que se está prestes a avançar com a história, permitindo que nenhum dos jogadores fique apeado. O jogo conta ainda com inúmeras opções de acessibilidade, o que é sempre de louvar nos dias de hoje.

Lego Star Wars: The Skywalker Saga é um feito, não só para os jogos da série Lego bem como para os jogos Star Wars. É o culminar de um trabalho enorme que vem a ser desenvolvido pela Traveller’s Tales e que vai muito além daquilo que poderia ser um mero port/remaster.

Opinião final:

Lego Star Wars: The Skywalker Saga é obrigatório para os fãs de Lego e de Star Wars, de qualquer idade. Quer joguem acompanhados ou sozinhos, foi aqui recriado uma vasta galáxia com imenso para descobrir e que junta tudo aquilo de melhor que a Traveller’s Tales tem feito.

Do que gostamos:

  • Enorme trabalho de recriação dos jogos originais e adição dos últimos filmes;
  • Gráficos lindos e muito além do expectável para um título Lego;
  • Introdução de melhorias nas mecânicas de combate.

Do que não gostamos:

  • Alguns soluços durante o jogo ou cutscenes que não são muito desculpáveis em plataformas como a Playstation 5.

Nota: 9/10

Análise efetuada com um código PS5 cedido gentilmente pela distribuidora.


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