Little Big Workshop – Análise

Nesta altura do campeonato, o que não falta são milhentos jogos de gestão. Gestão de prisões, de restaurantes, de hospitais, de estúdios de jogos… o céu é o limite, e chega a um certo ponto em que é um pouco impossível reinventar a roda.

Little Big Workshop, à primeira vista, parece ser mais um deste tipo de jogos, com a diferença de que neste caso gerimos uma pequena oficina ou fábrica, em que os operadores são gnomos e tudo se passa em cima de uma mesa. Faz quase lembrar a infância, em que uma caixa de cartão era o suficiente para construir toda uma loja para os nossos bonecos e bonecas. Little Big Workshop acaba por pegar um pouco neste conceito e expandi-lo num jogo de gestão que acaba por ser bem mais complexo do que parece.

Existe muita coisa que temos de controlar e gerir durante o jogo – a felicidade dos nossos mini operários, bem como a satisfação dos nossos clientes, a qualidade dos produtos, o nosso dinheiro e lucro … tudo conta para que tenhamos uma máquina bem oleada e afinada, e basta apenas um deslize para deitar tudo a perder.

Little Big Workshop passa-se em cima de uma mesa, por isso ponham esses gnomos a trabalhar.

Nesta oficina é possível construir de tudo um pouco, desde cadeiras e outros itens simples em madeira, até objetos que já incluem plástico, metal… e tudo isto acaba por requerer especializações dos nossos operários, isto se quisermos que a produção seja o mais eficiente possível.

À semelhança da vida real, se queremos fazer um projeto – por mais simples que seja – temos de o planear cuidadosamente, o que implica associarmos determinado projeto a um posto de trabalho. Este poderá ou não ser específico ao tipo de material e componente a ser efetuado. Por exemplo, se estamos a fazer uma prateleira de madeira e metal, irá ser necessário cortar a madeira, forjar a parte metálica e posteriormente proceder à montagem.

Em cada posto de trabalho devem alocar operários, mas que não podem estar eternamente a trabalhar. É necessário descansarem, o que requer que criem uma sala para que os vossos gnomos possam ter o seu tempo de relaxamento. Adicionalmente, terão de pensar num armazém para guardar materiais e peças prontas. Juntamente a isto será necessário pensar no melhor planeamento da vossa pequena fábrica, para que todo o processo de ir recolher material, efetuar as peças, montá-las e despachar itens prontos para entrega ao cliente seja o mais eficiente possível. Podem ainda criar processos que facilitem a produção, efetuando ligações entre diferentes postos de trabalho.

Uns trabalham e outros a ver o tempo a passar. Que bonito.

É complexo? É. E torna-se cada vez mais difícil à medida que vão avançando no jogo e vão desbloqueando mais itens, mais tipos de materiais, etc. Mas essa é a piada do jogo. Ainda que pareça um desafio hercúleo, o que é certo é que o jogo se certifica de que o jogador nunca estará perdido, providenciando variadas explicações que podem ser consultadas a qualquer momento. Podem sempre optar por verificar o que o mercado está a pedir e assim manufaturar grandes quantidades e vender ou optar por trabalhos específicos pedidos por clientes. Quanto mais fizerem, mais experiência ganham e mais podem desbloquear através da opção de Pesquisa e Desenvolvimento. Assim, podem constantemente estar a trabalhar não só para o máximo lucro, mas também para constantemente melhorarem a vossa fábrica e a vossa eficiência.

As melhorias também irão passar pela expansão física da vossa fábrica. De início é fácil organizarem-se com o pouco espaço disponível, mas à medida que vão desbloqueando novas ferramentas e projetos, certamente vão sentir a necessidade de ter mais espaço, tanto pelo espaço em si como pela necessidade de organização do mesmo. Tudo isto custa dinheiro e é muito importante gerir muito bem este componente. Não expandir faz com que a produção seja sufocada e se vejam a braços com projetos cujos prazos não conseguem cumprir. Expandir demasiado rápido fará com que facilmente se possam ver sem dinheiro e com um final de jogo prematuro.

Pode parecer simples mas rapidamente vão deitar mão à cabeça com os projetos que vão surgir.

Ainda sou do tempo em que a maioria deste tipo de jogos era exclusivo de PC, e torço sempre um pouco o nariz quando me vejo a braços com um título destes em consola. Mas o que é certo é que Little Big Workshop tem os seus controlos perfeitamente adaptados à realidade do gamepad da PlayStation 4. Mesmo sem a facilidade de um rato e teclado, é perfeitamente possível gerirem a vossa fábrica sem qualquer problema, selecionar trabalhadores, selecionar o espaço de expansão ou construção de salas novas. Nunca em algum momento senti falta da interface de PC.

Apesar de ser relativamente original ao colocar o jogador à frente da gestão de uma fábrica em miniatura, com gnomos e tudo a passar-se em cima de uma mesa, a originalidade gráfica do jogo termina aí. Os gráficos e o estilo artístico são banalíssimos e em nada contribuem para a personalidade do jogo. Seria engraçado ver certos detalhes que remetessem mais para a realidade mini em que o jogo se passa, mas acaba por tudo passar ao lado no meio da complexidade da jogabilidade.

Little Big Workshop é um jogo de gestão que é exatamente como o nome indica – aparenta ser um pequeno título, mas que por dentro é enorme, simples para agarrar qualquer jogador mas complexo o suficiente para os manter interessados e investidos no desafio do jogo.

Opinião final:

Little Big Workshop engana à primeira vista, principalmente num mercado saturado de simuladores de gestão. A sua aparente simplicidade esconde um jogo de gestão complexo que é definitivamente mais do que a soma das suas partes. Só gostaríamos de ter visto um pouco mais de personalidade que adicionasse a diferença que este jogo merece.

Do que gostamos:

  • Jogabilidade complexa, mas com bastantes tutoriais e explicações;
  • Controlos perfeitamente adaptados à realidade de consola.

Do que não gostamos:

  • Pouca personalidade, apesar do conceito semioriginal do jogo.

Nota: 8/10