Lost Words: Beyond the Page – Análise

Lost Words: Beyond the Page é uma lufada de ar fresco para os padrões da indústria de videojogos, incluindo também o mercado indie. O plano apresentado pelo Modus Game, estúdio com sede de desenvolvimento no Brasil, é de facto diferenciado. A mistura entre os géneros de plataformas e point and click entrega aos jogadores que procuram uma aventura mais pausada uma proposta de encontrar no poder das palavras as respostas para os seus próximos desafios.

A nossa personagem é uma menina de tenra idade que sonha e conta ao seu diário tudo o que lhe suscita interesse, com principal foco na sua avó, que é, naquele momento da sua vida, a pessoa mais importante para Izzy. Desde de cedo que Izzy mostra uma ter uma aptidão natural para a escrita e para contar histórias, algo que vai ser determinante no decorrer de todo o jogo.

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Inicialmente, são-nos apresentados alguns momentos passados por Izzy, detalhadamente descritos no diário, revelando desde muito cedo a importância das palavras para a pequena miúda. Em paralelo com o seu diário, Izzy decide criar uma história colateral à sua, desta vez uma história repleta de fantasia e com fortes traços de uma sublime magia que acompanhará a história de Grace. (personagem escolhida por mim).

Lost Words: Beyond the Page exibe de forma fantástica a força das palavras e a sua representação simbólica. A complementaridade da história criada em paralelo à sua história pessoal mostra isso mesmo, como as palavras podem ser um refúgio em momentos emocionais que dificilmente são explicados verbalmente. O caderno acaba por ser um porto seguro constante em que Izzy se abriga de momentos difíceis de ser interpretados por uma criança, que envolvem por exemplo a morte.

Toda a história é jogada em simultâneo entre o seu diário, e a história de Grace, numa aventura para encontrar todos os pirilampos que foram separados por uma criatura mística que veio para destruir um mundo de paz e serenidade. Durante a aventura pessoal de Izzy, a jogabilidade é toda passada no seu diário, onde, página a página, vamos descobrindo mais sobre a personagem, sobre os seus demónios e as formas como encontra força para os derrotar. Tudo é feito de forma muito humana e emotiva, com vários momentos de reflexão sobre o que consideramos ser importante para a nossa vida.

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Do outro lado, temos uma das três personagens que podemos escolher – no meu caso a Grace. Esta personagem imaginada pela pequena contadora de histórias, Izzy, é uma pequena rapariga que foi escolhida pela anciã mais velha do clã para tomar o seu lugar e recuperar todos os pirilampos desaparecidos, para assim poder assegurar uma vida melhor para todos os habitantes do seu mundo. Nesta jornada, somos convidados a visitar vários cenários, onde o poder das palavras se compromete diretamente com o estilo de plataformas mais clássico que se encontra num jogo. Existem várias palavras que podemos usar para determinar uma ação direta no plano de jogo. Por exemplo, a palavra “quebrar” vai fazer com que determinado objeto no jogo seja destruído e nos deixe continuar a nossa jornada.

A jogabilidade em si anda sempre à volta desta procura incessante pela palavra certa. No entanto, são várias as personagens que completam ambas as histórias de forma a criar um enredo bastante consistente e muito, mas muito, bonito. O apelo a este jogo está certamente na sua originalidade, mas também na sua forma de emocionar quem o joga. À medida que vamos saltando de página em página, fica cada vez mais claro que a relação com a nossa personagem vai ganhando mais importância.

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Visualmente, a arte deste título combina na perfeição com o estilo do jogo em si. A simplicidade é a premissa principal e em grande medida é graças a esta que a magia acontece. Todos os simples elos, ligados entre si, formam uma teia de magia difícil de esquecer, e é aqui onde Lost Words: Beyond the Page ganha, e muito.

Opinião Final:

Há experiências que merecem ser lembradas com um carinho especial, não por serem de grande orçamento, não por terem gráficos monstruosos, nem por serem incrivelmente divertidas… mas por ocuparem um pequeno espaço no nosso coração. Lost Words: Beyond the Page é o exemplo perfeito de um jogo construído com base na paixão pela indústria e também por nos querer contar uma história simples, mas que toca. É, todo ele, um jogo especial.

Do que gostamos:

  • História encantadora;
  • Originalidade e conceito;
  • Arte no seu todo.

Do que não gostamos:

  • Repetitivo a nível de jogabilidade.

Nota: 8,5/10