No início de setembro deste ano, a Insomniac Games, juntamente com a Sony Interactive Entertainment, surpreendeu muitos jogadores que esperavam um jogo de qualidade, mas que receberam com Marvel’s Spider-Man um dos melhores jogos de 2018 para a PlayStation 4. No entanto, antes mesmo do seu lançamento, já tinha sido anunciado que posteriormente o jogo receberia três expansões mensais que fazem parte do pacote “A Cidade Que Nunca Dorme” e o primeiro deles já chegou aos vários mercados pelo mundo fora.
Marvel’s Spider-Man: O Assalto como já tinha sido previamente revelado, traz os jogadores de volta a Manhattan, mas desta vez para lidar com a anti-heroína Gata Negra e com a família mafiosa Maggia, liderada por nada menos que Hammerhead. Estamos diante de uma história curta, então qualquer detalhe que revelemos pode estragar a experiência dos jogadores. Contudo, os jogadores foram já sendo introduzidos no jogo original à relação sempre caótica entre o herói e a ladra, e aqui vemos essa relação desenvolver-se ainda mais, já que a Gata Negra tem os seus motivos para “ajudar” a máfia, e cabe ao jogador intervir nessa missão, não exatamente para prendê-la, mas para ajudá-la a escapar dessa confusão mortal.
Outro elemento que amplia ainda mais a qualidade desta história, é exatamente essa relação entre o Homem-Aranha e a Gata Negra, já que estamos diante de Felicia Hardy, uma das personagens do universo do Homem-Aranha mais adoradas pelo público, e também ex-namorada de Peter Parker, e quem jogou o jogo original com certeza se lembra de que a relação entre Peter e Mary Jane não estava no seu melhor momento, sendo assim temos aí um triângulo amoroso com MJ claramente cheia de ciúmes e um Peter Parker que é apanhado no meio disto tudo e a ser obrigado a salvar a sua ex-namorada da máfia, impedir os crimes do seu alter-ego Gata Negra e, ao mesmo tempo, a tentar proteger a sua relação com Mary Jane.
Isto aumenta ainda mais o elemento humano já apresentado em outros momentos da campanha principal, já que em diversos momentos iremos ser confrontados com dilemas muito plausíveis para qualquer ser humano, e reações naturais de alguém que é capaz de se baloiçar entre prédios, ter grade agilidade, superforça, sentidos aprimorados… mas que em nada têm efeito quando o problema envolve o lado sentimental.
Um detalhe interessante é que apesar de ser uma expansão do jogo original, Marvel’s Spider-Man: O Assalto funciona de maneira semelhante aos conteúdos lançados para Batman: Arkham Knight, ou seja, para ter acesso à expansão, o jogador carrega o seu save no menu principal e escolhe se deseja jogar a expansão ou continuar para a campanha principal (sendo que ambos têm uma percentagem ao lado para o jogador ter uma noção do progresso em cada). Apesar disso, o mapa não se altera totalmente, apenas são adicionadas novas áreas. Um exemplo excelente disso, é que apesar de ter o seu próprio save, a expansão ainda permite concluir objetivos secundários da campanha principal, incluído as fotos secretas e fichas para desbloquear novos fatos e dispositivos.
Por falar em novos fatos, esta expansão adiciona 3 novas “roupas” para o herói. O primeiro fato intitulado de Resilient Suit foi uma criação especialmente desenvolvida para o jogo pelo famoso ilustrador da Marvel, Gabriele Dell’Otto (Guerras Secretas). O segundo traje é o Spider-UK, que, como o próprio nome já indica, é uma versão do traje original, mas a lembrar a bandeira britânica, tendo feito a sua primeira aparição nas BDs em novembro de 2014 e pertencendo a William “Billy” Braddock da Terra-833. Já o terceiro fato, intitulado Scarlet Spider II Suit, é como o próprio nome já indica uma versão alternativa do Scarlet Spider presente no jogo original, lembrando muito a versão utilizada por Kaine Parker (Terra-616) na saga Marvel Point One lançada em novembro de 2011.
Infelizmente, ao contrário de outros fatos presentes no jogo original, este limitam-se apenas ao fator estético, não dando nenhum poder ao herói.
E a parte das grandes novidades acaba por aqui, não esperem nada de revolucionário a nível de gameplay. A Insomniac Games manteve o mesmo estilo da campanha principal, só que ao invés de lidar com os criminosos de Fisk ou de Mister Negative, iremos distribuir socos e pontapés pelos membros da máfia de Hammerhead, que devido à sua maior proximidade com o submundo do crime de Manhattan, estão ligeiramente melhor equipados, com inclusive um novo inimigo que carrega consigo uma minigun.
A pseudo-vilã da campanha principal, Screwball também regressa, com os seus desafios que funcionam basicamente da mesma maneira que os desafios do Taskmaster na campanha original, oferecendo aos jogadores uma variedade de desafios que envolvem: derrotar os inimigos no menor espaço de tempo possível, destruir objetos numa ordem específica, entre outros desafios que basicamente o jogador já fez em algum momento no jogo original. Há, contudo, um terceiro tipo de desafio se mostra inovador e original, mas esse é melhor que o próprio jogador descubra durante a sua jornada pela expansão como é exatamente.
Os crimes também estão de regresso, mas sem novidades, funcionando da mesma maneira, com um ponto de exclamação vermelho a surgir no mapa e a polícia a indicar onde os criminosos estão a causar uma grande confusão, cabendo ao nosso herói ajudar a polícia. Mas, desta vez, o jogador não irá ter de atravessar o mapa inteiro para lidar com estes crimes, que ocorrem num número bem menor. E por último, haverá um desafio onde terão que entrar no papel de detetive e encontrar 10 obras de arte escondidas pelo mapa do jogo, o que faz lembrar bastante o desafio de encontrar as mochilas de Peter.
Como já foi referido, esta é uma expansão curta com a história a ser facilmente completada em cerca de 2 horas. Já as atividades extra vão ampliar o tempo de jogo em pouco mais de 1 hora, pelo que esta expansão pode ser completada sem grande dificuldade em pouco mais de 3 horas. Tendo em conta que o valor pedido pela mesma é de 7.99€, talvez não seja exatamente o conteúdo que muitos jogadores que esperam por grandes inovações nestas expansões desejavam. Se, no entanto, são daqueles jogadores que dão valor a uma boa história, Marvel’s Spider-Man: O Assalto vai entregar exatamente o que desejam. Vale ainda destacar que a expansão funciona como um primeiro capítulo do pacote “A Cidade Que Nunca Dorme”, então a história não é totalmente fechada, deixando um gancho para a segunda expansão “Guerras Territoriais”, que será lançada em novembro de 2018.
Opinião Final:
Marvel’s Spider-Man: O Assalto termina com um enigmático “Continua” no ecrã, deixando bem claro que estamos diante não de uma história fechada, mas do primeiro capítulo numa história que ainda promete trazer muito trabalho e desafios ao herói. Se por um lado muitos vão olhar para esta expansão como algo que trouxe pouco de novo ao jogo lançado em setembro deste ano, outros vão sentir-se felizes por terem uma motivação extra para voltarem a baloiçarem-se por entre os prédios de Manhattan, e aprofundar ainda mais a história com a Gata Negra.
Vale a pena destacar ainda que a expansão adiciona ao jogo mais 7 troféus, sendo 5 de bronze, 1 de prata e 1 de ouro. Podem ler a nossa análise ao jogo original carregando aqui.
Do que gostamos:
- Continuidade da história e interação com a Gata Negra;
- Um ampliar do fator humano já apresentado em outros momentos da campanha principal;
- Um novo vilão, que traz consigo também um novo inimigo com grande poder de fogo;
- Uma história que, apesar de não totalmente fechada, apresenta uma conclusão interessante para a narrativa apresentada.
Do que não gostamos:
- Longevidade total da expansão demasiado curta;
- Apesar de adicionar novos trajes, eles acabam por se limitar ao fator estético;
- Apesar de trazer consigo um desafio inovador, a Screwball continua dispensável e a ocupar espaço de vilões mais interessantes;
- Muitos jogadores vão sentir que houve demasiado conteúdo reciclado.
Nota: 8/10
Jogo analisado através de uma cópia gentilmente cedida pela PlayStation Portugal.