Marvel’s Spider-Man: O Outro Lado da Silver – Análise

Marvel’s Spider-Man: O Outro Lado da Silver foi lançado pouco antes do Natal de 2018 (no dia 21 de dezembro) e chegou, pelas mãos da Insomniac Games, com o objetivo de finalizar o arco de histórias “A Cidade Que Nunca Dorme”, iniciado em outubro de 2018 com “O Assalto”, sucedido em novembro por “Guerras Territoriais”. A respeito deste lançamento, duas perguntas surgiram nas mentes dos jogadores e fãs do Homem-Aranha: será que após um segundo capítulo mediano, esta terceira DLC iria trazer algo de mais consistente?; e, principalmente, será que estaria na altura de finalizar este arco de histórias?

Seguindo exatamente a mesma receita dos anteriores, inclusive na sua duração média que fica entre as 2-3 horas, Marvel’s Spider-Man: O Outro Lado da Silver continua a narrativa exatamente a partir do ponto onde “Guerras Territoriais” foi finalizado, sendo assim impossível analisar a DLC sem mencionar situações e acontecimentos que são spoilers, mesmo que leves, das anteriores. Por isso, caso ainda não tenham jogado “Guerras Territoriais” até ao final, aconselhamos a que joguem esse episódio e que apenas depois leiam esta análise.

Após Homem-Aranha falhar completamente em travar os planos do vilão principal da segunda DLC, Hammerhead, de dominar Nova York utilizando os equipamentos da Sable International, agora é a vez da mercenária e líder do grupo, Silver Sable, assumir a missão de pôr fim a estes planos, utilizando toda a tecnologia que tem a seu dispor da forma que acha mais correta – ou seja, sem qualquer conversa, paciência ou cuidado para com os civis (ao contrário de Peter Parker). O resultado é que o jogador terá praticamente de lidar com um vilão pronto a destruir tudo que estiver no seu caminho para alcançar o seu objetivo de dominar a cidade, e com uma aliada pronta a destruir tudo que estiver no seu caminho para impedir o vilão.

Ao contrário das duas primeiras DLCs, que quiserem explorar uma narrativa mais lenta, sendo que principalmente no caso de “O Assalto” a narrativa foi até expandida para outras personagens, em Marvel’s Spider-Man: O Outro Lado da Silver a sensação de urgência é evidente, com a história a não perder muito tempo com explicações desnecessárias ou personagens secundárias. Iremos ver Homem-Aranha e Sable a trabalhar intensamente (mesmo que Sable não perca uma oportunidade de deixar claro que não gosta do Aranha) e com tudo para travar essa ameaça.

Apesar disso, as missões secundárias ainda estão presentes no jogo e envolvem Symkaria, o país fictício de Silver Sable, e, mesmo contra a vontade de 99.9% dos jogadores, as missões da “streamer” Screwball também estão de volta. Além disso, há um novo tipo de colecionável exclusivo desta DLC e que possui ligações diretas com a própria narrativa, sendo aconselhado aos jogadores que dediquem um tempo extra a colecioná-los a todos.

Apesar de não voltar a explorar a personagem, também veremos o regresso de Gata Negra, que tem uma participação especial, atando as pontas deixadas soltas pela primeira DLC, já que a mesma também tem uma grande participação nos planos do Hammerhead.

Assim como aconteceu também nas DLCs anteriores, Marvel’s Spider-Man: O Outro Lado da Silver traz consigo três novos trajes para o protagonista, sendo o primeiro deles intitulado “Into the Spider-Verse”. Este é o traje mais recente do Homem-Aranha, sendo inspirado no traje utilizado pelo herói no filme Homem-Aranha: No Universo Aranha, que estreou nos cinemas portugueses no dia 13 de dezembro de 2018 e que em breve poderá receber uma sequela com uma personagem muito pedido.

O segundo traje, intitulado “Cyborg Spider-Man”, é totalmente inspirado no Homem-Aranha da “Terra-2818” que nas BDs possui as mesmas habilidades do Homem-Aranha tradicional, se bem que aprimoradas por equipamentos cibernéticos, entre eles um canhão sónico. Essa versão fez a sua primeira aparição nas BDs em novembro de 2014 na “Superior Spider-Man #33“.

O terceiro, e último, traje é “Aaron Aikman Armour Suit” que, como o próprio nome já indica, não pertence a Peter Parker, mas ao cientista Aaron Aikman, que vive na “Terra-31411” e construiu o traje após experiências que lhe permitiram sequenciar o seu ADN com o de uma aranha geneticamente modificada. O traje fez a sua primeira aparição em “Edge of Spider-Verse #3”.

Opinião Final:

Em resumo, Marvel’s Spider-Man: O Outro Lado da Silver entrega exatamente o que promete: um final digno para um arco de histórias iniciado após o lançamento do jogo e que se estendeu por três meses. Contudo, assim como a maioria dos fãs já previa após “Guerras Territoriais”, Hammerhead está longe de ser um vilão memorável, sendo muito mais um vilão secundário como alguns daqueles com que lidamos durante as missões secundárias do jogo original. Assim, muitas vezes ficamos com uma sensação clara de que talvez se os três episódios que compõem “A Cidade Que Nunca Dorme” fossem lançados num único pacote, teriam sido melhor desfrutados, e tornar-se-ia mais interessante explorar conteúdos que não fazem parte da história principal.

E aqui fica uma dica para os jogadores mais apressados: não desliguem as vossas consolas após os créditos finais. Existe uma cena pós-créditos que acaba de vez com qualquer dúvida sobre uma possível sequela e exploração de uma personagem importante, além de deixar uma grande homenagem à lenda da Marvel, Stan Lee que faleceu no dia 12 de novembro de 2018.

Do que gostamos:

  • O facto de entregar exatamente o que promete, e com uma sensação de urgência para entregar a narrativa sem perda de tempo;
  • A dinâmica entre o Homem-Aranha e a Silver Sable funciona na perfeição, com um equilíbrio interessante entre a ação e o humor pelas suas diferenças de abordagem;
  • Apesar de o vilão ser fraco num todo, a narrativa construída até aqui, se analisada como um único conteúdo, é bastante satisfatória para quem procura reviver experiências com um dos melhores jogos de 2018;
  • Excelente cena pós-créditos que cria pontes para uma eventual sequela.

Do que não gostamos: 

  • Ao se olhar de maneira individual para cada DLC, fica claro que a decisão de escolher Hammerhead para o lugar de vilão principal deste arco de três capítulos foi um grande erro por parte da Insomniac Games;
  • Falta de novidades e evoluções na jogabilidade e nos conteúdos oferecidos além da narrativa;
  • A insistência de trazer sempre os desafios da Screwball, um conteúdo que definitivamente não funcionou em nenhum dos três capítulos deste arco de histórias;
  • Missões secundárias que não fogem muito ao padrão e podem frustrar alguns jogadores que esperavam por novidades pelo menos neste “último capítulo”.

Nota: 8/10

DLC analisada através de uma cópia gentilmente cedida pela PlayStation Portugal