Marvel’s Spider-Man: Miles Morales – Análise PlayStation 5

Com a PlayStation 5 nas mãos há cerca de um mês, chega a hora de dar o “kick-off” das nossas análises, e que melhor título para começar do que Spider-Man: Miles Morales?

Como já lançamos uma análise ao Miles Morales na PlayStation 4, pelas mãos da Carla, esta análise vai-se focar apenas nas melhorias da versão PlayStation 5. Para dar uma ideia da minha experiência, comecei Miles Morales na PlayStation 4 Pro, onde joguei cerca de 5 horas. O restante foi jogado na PlayStation 5, alternando entre os 2 modos mas rapidamente tendendo para o modo performance para a vasta maioria do tempo de jogo. Claro que a Insomniac não me podia fazer a vida fácil, lançando no passado dia 9 um novo modo “Performance RT”, e fazendo-me revisitar o jogo e a análise.

Vindo da PlayStation 4, e visto que o jogo oferece uma atualização gratuita para a versão PlayStation 5, vou começar por descrever o processo de migração para a nova consola da Sony. De relevo referir que tenho a versão em disco do jogo, versão PlayStation 4. Inserido o disco, a instalação acontece automaticamente, como seria de esperar, e ficamos com a versão PlayStation 4 instalada no final. Não soubesse eu que havia update gratuito, e não estivesse ativamente à procura de alguma coisa a dizer “4”, facilmente teria lançado o jogo, e estava a jogar a versão com retrocompatibilidade, com o entusiasmo.

Explorando um pouco os menus, com o jogo selecionado, facilmente se encontra uma ligação para a página na PlayStation Store com a versão PlayStation 5, que aparece como gratuita. Adicionar ao carrinho, fazer o download, e siga viagem. Mas enquanto esperava, tive a curiosidade de lançar a versão PlayStation 4 em modo de retrocompatibilidade: fiquei admirado por o meu save não ter sido migrado automaticamente, mas rapidamente corrigi indo à cloud-storage do PlayStation+.

Nesta fase já estava um bocado apático de o processo não ser mais intuitivo, e admito que alguém que não siga este tipo de tópico e apenas queira jogar o seu jogo PS4 na PS5 provavelmente não terá a melhor experiência.

Continuando, em modo de retrocompatibilidade o jogo é muito semelhante à experiência na PlayStation 4 Pro. Os loadings foram mais rápidos, mas fora isso a apresentação tinha a qualidade a que estava habituado, e corria bem. Dei umas voltas pela cidade enquanto a versão PlayStation 5 acaba de instalar, e saltei então para ela. Começa a experiência da nova geração. E uau, mesmo comparando com o já rápido início da versão PlayStation 4 em retrocompatibilidade, a versão PlayStation 5 abre num flash.

O passo de ir buscar o meu save à cloud revelou-se útil, visto que ao iniciar a versão nativa PlayStation 5, me deparei novamente com um jogo novo, e a opção de importar um save da PlayStation 4. Assim fiz, e todo o meu progresso foi migrado, bem como os troféus que já tinha – de relevo dizer que as duas versões têm listas de troféus independentes.

Com tudo preparado, restava escolher o modo, visto que a versão PlayStation 5 oferecia 2 modos: Performance e Fidelidade, sendo que um terceiro modo “Performance RT” foi adicionado entretanto. Comecei no modo fidelidade, curioso por ir até ao primeiro espelho para ver os reflexos com ray-tracing. Instantes depois, estava numa Nova-Iorque semelhante à que conhecia, mas muito “mais”. A diferença visual, comparando com a versão PlayStation 4, é óbvia, mesmo para olhos mais leigos. O mundo também está notoriamente mais preenchido, com mais gente e carros na rua, e não se nota que desaparecem a meio do ecrã.

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Ainda que a ilusão de uma Nova-Iorque viva seja convincente na PlayStation 4, a sua irmã mais nova faz um trabalho muito melhor. O detalhe do 4k nativo é fantástico e, claro, todos os reflexos com ray-tracing são fenomenais, verdadeiro eye-candy. Joguei cerca de uma hora neste modo, principalmente a admirar a paisagem, parando constantemente e até a andar pela rua. Ainda que seja um ávido proponente de 60 fps e modos de performance no geral, os 30 fps nas consolas nunca me chatearam tanto como no PC, e estava convencido que iria ser o meu favorito, sendo tão fã das melhorias visuais que traz, e considerando que já estava a jogar a 30 fps anteriormente na PlayStation 4. Raios, como estava enganado.

Hora então de passar ao modo performance. Fiquei mais uma vez maravilhado com a velocidade de carregamento da PlayStation 5 ao mudar de modo, sendo que foi coisa de míseros segundos, o que nos permite mudar de modo muito facilmente. Modo de 60 fps carregado, vamos lá lançar umas teias… UAU. Que jogo tão diferente. A sensação é completamente diferente, o jogo parece outro. Pensei: “Finalmente vai ser fácil convencer os céticos dos 60 fps”. Não há volta a dar, é uma experiência astronomicamente melhor e mais fluída. Todas as animações do Miles ganham uma nova dimensão, e ficamos a pensar como raio aguentamos jogar o primeiro Spider-Man a 30 fps. Parece que libertamos o jogo para mostrar do que é capaz, o sentimento de movimento por Nova-Iorque é fantástico.

A perda de fidelidade gráfica, no geral, não é muito significativa, principalmente por ser um jogo bastante rápido. A falta do ray-tracing sente-se, mas se não estivermos à procura dele, ou num momento mais parado do jogo, a verdade é que passa despercebido, e a vantagem dos 60 fps para a jogabilidade é muito mais notória. O mais arrebatador é mesmo voltar a mudar para o modo fidelidade: de repente o jogo parece estragado. É difícil de explicar como, de um momento para o outro, o que antes nos parecia fluído e razoável, agora é só um arrastar de frames completamente inaceitável. Confesso que não esperava uma diferença tão grande, considerando quanto já tinha jogado a 30 fps, mas voltar mostrou-se muito difícil. Só depois de estar uns 10 minutos no modo fidelidade, ou parando o jogo um bocado para fazer outra coisa, é que o choque inicial passa. Mas confesso, tirando algumas vezes em que pus o modo fidelidade para voltar a experimentar e tirar uns screenshots, nunca mais me senti confortável a jogar neste modo, e por muito que aprecie ray-tracing e fidelidade gráfica, fiquei muito rapidamente rendido aos 60 fps depois de os experimentar. Com uma comparação tão rápida de fazer ao trocar de modo, acho que é inegável quão melhor a experiência fica no modo performance.

Entra então o novo modo recentemente apresentado pela Insomniac: Performance RT. Inicialmente tinha escrito a análise apenas a comtemplar os 2 modo originais, e sobre como é difícil sacrificar o ray-tracing, mas que em última análise a performance a 60 fps é a experiência superior. Com este novo modo, a Insomniac conseguiu algo impressionante para um jogo de lançamento: dar-nos tudo! É um facto que nas comparações lado a lado, o modo fidelidade vai sempre ser o mais vistoso, com os seus 4k nativos, mas o grande fator “wow” vem do ray-tracing, e ainda que neste novo modo seja numa resolução mais baixa, faz o efeito perfeitamente, principalmente em movimento.

Sobre a resolução, acho que os sistemas de upscaling a que a PlayStation 4 e a Xbox One X já nos habituaram são perfeitamente aceitáveis, e aceito facilmente uma resolução dinâmica competente com mais efeitos impressionantes e melhor desempenho do que 4k nativos, algo que no PC também é uma realidade há uns anos com sistemas como o DLSS.

Para terminar, uma curiosidade: tal como disse no início, se estão a migrar com a versão em disco da PlayStation 4, vão acabar com duas versões do jogo instaladas, que podem usar. Curioso, parti pelos menus para ver se podia apagar a versão PlayStation 4. Fiquei positivamente surpreendido ao ver que a versão PlayStation 5 ocupa menos espaço, algo que não é equiparável para já em jogos third-party, e sim, é possível apagar a versão PlayStation 4 e a versão PlayStation 5 continua jogável… Mas as surpresas não acabam aqui: ao reiniciar a consola, ou ao tirar e voltar a pôr o disco (sempre necessário para jogar), a versão PlayStation 4 é automaticamente instalada de novo! Isto é mais um “quirk” dos jogos cross-gen na PlayStation 5 do que propriamente algo do jogo, mas não obstante fica a nota.


Opinião Final:

Marvel’s Spider-Man: Miles Morales é um título que dificilmente vais falhar se tiveres a sorte de ter uma PlayStation 5, e há boas razões para isso. Uma experiência verdadeiramente next-gen, que mostra, logo no início da geração, o que podemos esperar daqui para a frente a nível tecnológico.

Do que gostamos:

  • Os melhores (quase inexistentes) loadings do mercado
  • Oferta de opções de qualidade e performance extremamente estáveis e ricas
  • Uma experiência que, sendo semelhante, consegue vender perfeitamente todas as funcionalidades da nova geração e oferecer um pacote de muito melhor qualidade na PS5

Do que não gostamos:

  • Alguns bugs que forçaram reinício do jogo
  • Processo pouco intuitivo de migração da versão PS4 para PS5

 

Marvel’s Spider-Man: Miles Morales está disponível para PlayStation 4 e PlayStation 5 por um PVP de 59,99€.