Motorola Razr 60 Ultra – Análise

O mercado de smartphones em 2025 atingiu um patamar de estagnação onde a novidade é rara. A Motorola, com o Motorola Razr 60 Ultra, tenta combater isso refinando o formato flip (concha) até ao limite do que a engenharia atual permite. No entanto, é crucial separar o deslumbramento do design da realidade do uso diário. Este dispositivo é, sem dúvida, o dobrável compacto mais competente que já vimos, mas continua a ser um produto definido tanto pelas suas limitações como pelas suas virtudes. Ao contrário de um Galaxy Z Fold, que lhe dá mais ecrã, o Razr dá-lhe menos corpo. E essa troca exige sacrifícios que nem todo a gente está disposto a fazer.

Comecemos pelo design e construção. O Motorola Razr 60 Ultra é bonito, sim. O acabamento em couro vegano e vidro é tátil e resolve o problema de o telemóvel escorregar das mãos. A dobradiça foi melhorada novamente e o vinco no ecrã interno é agora quase impercetível ao toque. Contudo, “quase” é a palavra-chave. Sob luz direta ou ângulos específicos, a depressão física ainda está lá. E, mais importante, a durabilidade a longo prazo continua a ser a grande incógnita destes aparelhos. Apesar da certificação IP de resistência à água, a entrada de pó na dobradiça continua a ser um risco real que não existe num telemóvel tradicional. Abrir o telemóvel com uma mão exige uma ginástica de dedos que, por vezes, faz sentir que o aparelho vai voar. É um objeto de desejo, mas que exige um nível de cuidado e “mimo” que um telemóvel em barra não pede.

O ecrã externo de 4.3 polegadas é o grande argumento de venda e, realisticamente, é onde a Motorola bate a concorrência da Samsung (na linha Flip). Ele ocupa quase toda a frente e permite correr qualquer aplicação. A teoria é excelente. A prática é mista. Sim, é útil para responder rapidamente a uma mensagem no WhatsApp, mudar de música no Spotify ou ver o mapa. Mas tentar usar aplicações complexas, como o Instagram ou o navegador, num ecrã quadrado e pequeno, resulta frequentemente em interfaces cortadas ou botões inalcançáveis. O teclado virtual ocupa metade do ecrã, deixando uma linha de texto visível. É uma funcionalidade de conveniência para tarefas rápidas, não um substituto real do ecrã principal. A ideia de que “usamos menos o telemóvel” é verdadeira, mas muitas vezes é porque a experiência no ecrã externo é demasiado frustrante para tarefas longas, obrigando-nos a abrir o aparelho ou a desistir.

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Quando abrimos o Motorola Razr 60 Ultra, temos um painel pOLED de 6.9 polegadas. A qualidade é inegável: é brilhante, fluído com os seus 165Hz e tem cores vibrantes. No entanto, o formato 22:9 é extremamente alto e estreito. Chegar ao topo do ecrã com uma mão é impossível para a maioria das pessoas. Ver vídeos no YouTube ou Netflix resulta em barras pretas gigantescas nas laterais, o que significa que a área útil de vídeo não é muito maior do que num telemóvel compacto normal. Para quem vem de um formato Fold, que se abre num tablet, isto pode parecer redundante. Estamos apenas a desdobrar o telemóvel para ter um telemóvel normal, com o passo extra de ter de o abrir.

As câmaras são a área onde o realismo bate mais forte. A Motorola fez um excelente trabalho ao incluir uma lente teleobjetiva (zoom ótico) no Motorola Razr 60 Ultra, algo raro neste formato. Isto permite retratos fantásticos. Mas a física é implacável: não há espaço para os sensores gigantes que vemos num Galaxy S25 Ultra ou num iPhone Pro. As fotos são boas, competentes e muito melhores do que eram há dois anos. Têm bom contraste e cor. Mas em baixa luz, ou em cenários de alto alcance dinâmico, elas não competem com os topos de gama tradicionais do mesmo preço. A ausência de uma lente ultra-grande angular (se a configuração for Wide + Telephoto) é uma perda significativa para fotos de paisagens ou grupos, obrigando o utilizador a afastar-se fisicamente. A melhor funcionalidade continua a ser usar as câmaras principais para selfies com o telemóvel fechado, onde a qualidade destrói qualquer câmara frontal do mercado, mas isso é um nicho.

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O desempenho é um ponto de discórdia interessante. O telemóvel vem equipado com o Snapdragon 8 Gen 4, um processador poderosíssimo. O telemóvel voa em tarefas diárias. No entanto, colocar um motor de Fórmula 1 num chassis compacto sem espaço para refrigeração adequada tem consequências. Em sessões de jogo mais longas ou durante o uso intensivo do GPS e dados móveis num dia quente, o Motorola Razr 60 Ultra aquece visivelmente na parte superior (onde está o processador). O sistema é obrigado a reduzir a performance (throttling) para não sobreaquecer, o que significa que não vai manter o desempenho de pico durante tanto tempo quanto um telemóvel maior. É potência a mais para um corpo a menos.

A bateria melhorou, graças às novas células de silício-carbono, mas não esperem milagres. Se usar muito o ecrã interno a 165Hz, a bateria drena rapidamente. O “truque” para a bateria durar o dia todo é, ironicamente, usar mais o ecrã pequeno externo. É um telemóvel que dura um dia de trabalho normal, mas se for um “power user” que passa horas no TikTok ou a jogar, vai precisar de o carregar à tarde. Felizmente, o carregamento de 68W é rápido e compensa esta falha, mas a autonomia pura continua atrás dos telemóveis em barra com 5000mAh ou mais.

Motorola Razr 60 Ultra: detalhes revelados do novo dispositivo | TugaTech

O software da Motorola, Hello UI, é limpo e próximo do Android puro, o que é ótimo para a fluidez. As funcionalidades como agitar para ligar a lanterna continuam a ser úteis. Mas a Motorola tem um histórico de atualizações de software mais lento e menos consistente do que a Samsung ou a Google. Com um aparelho deste preço, é legítimo ter receio de ficar para trás nas atualizações de segurança ou nas novas versões do Android daqui a dois anos, enquanto os concorrentes garantem suporte de sete anos.

Para um utilizador de Galaxy Z Fold, o Motorola Razr 60 Ultra vai parecer limitado. Não há multitarefa real. O ecrã dividido em 6.9 polegadas estreitas é claustrofóbico. Não há suporte para caneta (stylus) de forma prática. Não é uma ferramenta de produtividade; é uma ferramenta de comunicação e consumo leve. O Fold é um escritório no bolso; o Razr é um acessório de estilo que também faz chamadas.

Opinião Final:

O Motorola Razr 60 Ultra é um triunfo de engenharia dentro das suas próprias limitações. É o melhor telemóvel para quem está cansado de transportar “tijolos” gigantes e quer recuperar espaço no bolso e estilo na mão. No entanto, se retirarmos o fator “dobrável” da equação, ele oferece especificações técnicas inferiores (câmaras, bateria, refrigeração) a um telemóvel tradicional de metade do preço. É um produto de estilo de vida fenomenal, mas uma ferramenta de produtividade medíocre quando comparada com a versatilidade de um formato Fold ou a potência bruta de um flagship convencional.

Do que gostamos:

  • O ecrã externo é genuinamente utilizável para tarefas rápidas, evitando abrir o telemóvel constantemente;
  • As selfies tiradas com as câmaras principais (usando o ecrã externo) têm uma qualidade bastante boa;
  • O carregamento rápido de 68W;
  • O vinco do ecrã interno é dos menos intrusivos do mercado;
  • A interface limpa e fluida da Motorola, sem o excesso de aplicações duplicadas de outras marcas.

Do que não gostamos:

  • O aquecimento notável sob uso intensivo devido à falta de espaço para dissipação de calor;
  • As câmaras, embora boas, estão um degrau abaixo dos topos de gama tradicionais (especialmente em zoom e baixa luz);
  • A proporção de ecrã interno (muito alta e estreita) não é ideal para vídeos 16:9, criando barras pretas grandes;
  • O histórico de atualizações de software da Motorola é menos fiável a longo prazo do que o da concorrência.

Nota: 8,5/10

Análise efetuada com um Motorola Razr 60 Ultra cedido gentilmente pela marca para teste.