Opinião – Yakusoku no Neverland – Episódio 1: 121045

Como muitos devem ter notado, estamos a ampliar o conteúdo que trazemos para o site, com novos temas como séries, filmes, informações sobre a indústria cinematográfica, trailers e muito mais. Algo que sempre foi predominante na minha vida foram os animes, já que basicamente cresci a substituir filmes e animações ocidentais por animes e filmes inspirados em animes como Monster Rancher, Digimon, Megabots, BeyBlade e, é claro, FullMetal Alchemist. Então pensei: “porque não aproveitar e justamente trazer este tipo de conteúdo para o site?”.

A intenção é trazer uma espécie de análises relativamente curtas sobre episódios (obviamente com spoilers) de animes que vou acompanhar, ou me interessaram, a cada temporada. Se necessário, quando todos os episódios forem exibidos, poderei fazer uma análise mais completa sobre o anime como um todo.

Yakusoku no Neverland, também conhecido por The Promised Neverland, é o anime da temporada de Inverno 2019, sendo aquele que, sem dúvida alguma, os fãs de animação japonesa mais aguardavam desde que foi anunciado que ganharia uma adaptação pelas mãos da CloverWorks (Darling in the FranXX e Seishun Buta Yarou wa Bunny Girl Senpai no Yume wo Minai).

O mangá no qual o anime se inspira teve a sua primeira publicação no Japão em agosto de 2016, com uma história escrita por Kaiu Shirai e ilustrado por Posuka Demizu, pertencendo ao género horror, mistério e sci-fi.

Descrição do episódio:

A história segue um orfanato com várias crianças aparentemente normais, a não ser pelo detalhe de possuirem uma tatuagem com um número individual no pescoço. Apesar disso, tudo parece extremamente normal, com as crianças extremamente felizes e em que os mais velhos ajudam os mais novos com os principais preparativos matinais. Porém, este orfanato possui duas regras: ninguém se deve aproximar do portão principal e nunca atravessar a cerca à volta da propriedade.

Iremos então acompanhar a história sob a perspetiva dos três protagonistas: Emma, Ray e Norman, os três alunos mais velhos e inteligentes do orfanato, que após um incidente descobrem que este lugar aparentemente pacífico e alegre, na verdade, esconde um tenebroso e terrível segredo que vai mudar por completo a vida de todos ali dentro.

Opinião Pessoal:

Dos três animes sobre os quais escolhi escrever nesta temporada (Dororo, Tate no Yuusha no Nariagari e Yakusoku no Neverland) este sem dúvida era o que estava envolvo em maior hype, até por ser uma obra amplamente elogiada pelos fãs e muito aguardada. Talvez por isso, a minha reação foi: ”Não é mau, mas esperava mais”.

Algo que constribuiu bastante para esta queda, no meu caso em especial, é que eu já suspeitava qual era o grande mistério, inclusive esperava até por uma cena extremamente gore e pesada na descoberta do mesmo, e, apesar de contextualmente ser pesada, visualmente é apenas… incómoda. Óbvio que apesar de me ter comprometido a falar sem preocupação com spoilers, não vou revelar qual o grande segredo, pelo menos não tão cedo, mas realmente a expectativa foi influenciada por já imaginar algo assim.

Isso quer dizer que o anime é mau? Nem em sonhos. Se gostam de animes com grandes mistérios, terror e que vos deixe colados ao ecrã do começo ao fim, Yakusoku no Neverland é o anime ideal, e mesmo que o grande mistério não seja totalmente original, o anime faz questão de mostrar uma grande diferença nos seus tons durante todo o episodio. Na verdade, é possivel quase dizer que se gostam de anime e não ficam impressionados facilmente, acompanhem Yakusoku no Neverland que não há a menor hipotese de se arrependerem.

A própria abertura foi surpreendente, a música “Touch Off” da banda UVERworld, traz uma sensação de que veremos um anime muito feliz, já que a música é extremamente animada e as próprias cenas apresentadas são relativamente felizes. O início do anime é também bastante feliz e mostra um cotidiano normal de um orfanato, e talvez isso vá deixar muita gente surpreendida, porque o final quebra por completo esse clima.

A melhor definição para a reação que tive é de que eu já esperava por algo daquele tipo, esperava até que fosse mais gore, porém, a presença deste tema dentro num anime é bem surpreendente, e posso estar enganado, mas não me lembro realmente de nenhum outro que tenha explorado este conceito, o que me deixa com uma curiosidade ainda maior para ver o que virá a seguir, já que os protagonistas estão literalmente na linha da frente da adoção (quem vir o episódio vai entender o porquê de isto ser mau). O mistério já foi revelado, mas como vão eles lidar agora com a noção de que não são exatamente crianças na visão de todos os que estão ali ao redor? Como vão os protagonistas evitar que sejam «adotados»? Qual será o caminho que essa história vai seguir? Estas e muitas outras perguntas tornam sem dúvida alguma Yakusoku no Neverland num dos animes que mais me vai prender semanalmente.

Duas coisas valem ainda a pena destacar neste episódio. A primeira são os efeitos sonoros, que na maior parte do episódio não faz assim tanta diferença, mas que quando chega ao final e ao momento da descoberta, é algo surpreendente a atenção aos detalhes, onde até o movimento dos ossos da mão são notáveis. Um dos momentos onde se nota esta atenção ao som, é no curto diálogo que se dá logo após a descoberta, onde conseguimos sentir a dor e o desespero de Emma, apenas através do seu grito, que funcionou tambem como um respiro, um desabafo após tudo aquilo.

O segundo ponto de destaque vai para a animação, principalmente para as expressões faciais, já que naturalmente este é um momento onde temos os protagonistas em silêncio, então era extremamente importante que as expressões deles fossem uma “voz” na descrição do que estavam a sentir, e isso é feito na perfeição, com o público a com certeza sentir cada reação e a conseguir ler cada pensamento dos três protagonistas. E se o grito da Emma é uma representação excelente do seu desespero, a mudança rápida de expressão nesta cena ajuda na perfeição a criar a transição entre a total descrença naquilo que foi visto e a percepção de que tudo aquilo é real, uma dura, horrível e inevitável realidade.

Algo interessante acerca desta atenção às expressões, e que também é mais notório nesta cena específica, é que há, através das mesmas até uma construção perfeita das personalidades das personagens. Ao passo que Emma é claramente uma personagem com uma personalidade mais próxima daquilo que seria de esperar de uma miúda de 11 anos, Norman tem expressões pesadas, notando-se ser uma personagem mais fria e estratega, como aliás já tinha sido deixado claro anteriormente. É, contudo, nesta mesma cena que somos capazes de ter uma perceção mais completa das suas personalidades, e, sem qualquer diálogo extenso, as expressões faciais já revelam muito.