Os benefícios ocultos do gaming que muitos desconhecem

Em muitos círculos o gaming continua vítima de uma reputação negativa e não é raro ouvir comentários depreciativos sobre as imensas horas em frente a um ecrã, rotulando os gamers de anti-sociais e futuros obesos, entre uma vasta lista de outros ‘problemas’. Muitos dos empregos modernos exigem vastas horas em frente a um ecrã, existindo técnicas que ajudam a manter uma postura saudável que podem ser igualmente utilizadas pelos gamers.

Por outro lado, raramente são exploradas as capacidades que são desenvolvidas pelos gamers nem tampouco as oportunidades que o gaming pode proporcionar. O estilo de vida do gamer não é inerentemente negativo, e esta paixão pode ser combinada com um estilo de vida saudável.

Com isto em mente, vamos lançar um olhar sobre alguns benefícios do gaming!

 

Melhora a sua perceção espacial

Muitos ‘outsiders’ pensam que jogar um jogo é apenas estar em frente a um ecrã e carregar em alguns botões. Na realidade não é bem assim, pois o jogador é constantemente estimulado e existe todo um processo mental envolvido onde o jogador utiliza várias das suas faculdades mentais (e por vezes físicas) em simultâneo.

Vejamos o exemplo do Minecraft: para ser bem-sucedido temos de navegar num mundo virtual em 3D sem GPS ou qualquer outra app moderna para o ajudar. Os jogadores têm de utilizar as suas capacidades para entender as distâncias e o envolvimento espacial para se movimentarem no jogo. E claro, ao tornar-se um jogador melhor, estas capacidades melhoram também!

Mas há sempre um exemplo que leva esta explicação mais além, como é o caso da Nintendo Wii onde todo o corpo está envolvido. E a perceção espacial é muito valiosa pois não vai querer quebrar o vaso que sua mãe tem junto da consola!

 

Ensina a tomar decisões em tempo real

A capacidade de memorizar, reagir e tomar decisões acertadas em tempo real e em momentos críticos é valiosa e muito procurada em determinadas áreas profissionais. Os videojogos ajudam a adquirir e a melhorar esta capacidade!

De acordo com alguns estudos efetuados, os gamers têm uma memória fotográfica muito apurada e, quando questionados sobre vários detalhes de uma imagem que acabaram de visualizar, apresentam uma taxa de respostas acertadas cerca de 25% superior (em média) comparativamente aos não-gamers.

A tomada de decisões em tempo real com base num conjunto de dados disponíveis, muitas vezes na forma de imagem mental, tais como a contagem de cartas no Blackjack ou a negociação de ações na bolsa, analisando e antecipando eventos futuros são de um valor inestimável. Estes são exemplos bem simples, mas ilustram perfeitamente que as capacidades adquiridas no gaming podem ser úteis fora do mundo ‘virtual’.

 

Torna-o mais sociável

Os gamers são geralmente pessoas simpáticas e sociáveis, independentemente da ideia pré-concebida que possa existir na sociedade. Apenas são socializáveis de uma forma diferente.

Os gamers estão em comunicação constante quer seja para alinharem estratégias para ultrapassar um obstáculo ou competindo entre si. Ambas as situações podem ser classificadas como uma forma de criação de laços e ajudam a criar amizades.

A criação e fortalecimento de laços não estão limitados ao mundo virtual. É muito comum os jogadores jogarem com os seus amigos do dia-a-dia no final de um dia de escola ou trabalho, fomentando a interação fora do ambiente escolar. Contribui, inclusive, para uma interação mais fácil quando estão juntos pessoalmente, pois os jogos são um tema que ajuda a puxar conversa e a ‘quebrar o gelo’.

Em suma, o gaming mantém os jogadores juntos e unidos. No final de contas é tão eficaz entre os gamers como as redes sociais entre os não gamers.

 

Aumenta o conhecimento

Como se costuma dizer, a brincar também se aprende!

Muitos dos jogos são baseados em informação factual ou têm um enredo baseado em situações reais. A jogabilidade do jogo de estratégia Civilization, por exemplo, baseia-se em eras históricas bem conhecidas e em líderes que influenciaram o rumo da história.

Outro jogo popular, o Assassin’s Creed, introduziu com Odyssey um novo modo – Discovery – que permite aos jogadores explorar civilizações antigas, como por exemplo o Egito antigo. Este modo de jogo pode ser uma experiência muito enriquecedora, pois conta com 75 visitas guiadas criadas por especialistas da vida real.

 

Pode ajudar a ultrapassar algumas limitações físicas e psicológicas

Apesar de não ser algo que venha prescrito numa receita médica, os videojogos podem ajudar alguns pacientes a ultrapassar algumas limitações físicas e psicológicas, muitas vezes sem que estes tenham essa perceção.

Os jogos em rede favorecem a interação entre jogadores e criação de amizades, no âmbito do jogo, uma barreira que seria muito mais difícil de ultrapassar para um individuo que sofre de autismo. Esta socialização virtual pode ser um primeiro passo na superação desta limitação social, muito comum entre os pacientes que sofrem desta doença.

Os videojogos estão cada vez mais completos, exigentes e rápidos, exigindo uma maior concentração e rapidez na execução da tarefa em mãos. Desta forma, este tipo de jogos pode levar a melhorias para quem sofre de dislexia.

O gaming pode ter impactos positivos, inclusive, em alguns casos de esclerose múltipla. Tendo em conta a gravidade desta condição o efeito dos jogos está, evidentemente, circunscrito a pequenas melhorias. Em alguns casos foram reportadas melhorias ligeiras em alguns pacientes que jogaram jogos onde era requerida alguma atividade física. Num futuro próximo as técnicas de realidade virtual evoluirão significativamente, aumentando assim o potencial benefício destas ‘terapêuticas alternativas’.

 

Pode levar a uma carreira de sucesso

A indústria do gaming está em franco crescimento. Embora a probabilidade de ser um gamer profissional seja baixa, existem muitas posições de emprego ligadas ao gaming – a nível organizacional, por exemplo – cuja procura irá previsivelmente crescer nos próximos anos. No fundo, o gaming profissional pode ser visto pelo mesmo prisma que o futebol sénior profissional: existem imensos jogadores a trabalhar para lá chegar, e só os mais capazes atingirão o topo – mas quando o topo é atingido é profundamente recompensador!

Voltando ao gaming, o vencedor do Campeonato do Mundo de Fortnite 2019, de apenas 16 anos, arrecadou a módica quantia de três milhões de dólares! Os restantes finalistas levaram para casa quantias entre os 50.000 dólares e 1.8 milhões de dólares. Nada mau!

 

Jogue, mas não abuse

Por fim, não é demais lembrar que o gaming exagerado também tem os seus problemas. Tudo o que é em excesso tendencialmente não é bom e é importante que mantenha o gaming como parte de um estilo de vida saudável e variado.

Artigo enviado por Rodolfo Rodrigues