Overpass – Análise

O mercado de videojogos dedicado aos desportos motorizados está com bastante força e vontade de aparecer, sendo a BigBen Interactive um dos núcleos fundamentais para o lançamento regular de jogos de carros, motas ou outro tipo de veículos de competição motorizada. Porém, será a quantidade proporcional à qualidade? Será necessário amostras tão regulares baseadas em experiências similares? Pelo que experimentamos de Overpass, o novo jogo do estúdio francês, a resposta é não!

Apesar de ter referido no parágrafo anterior que o estilo de videojogos dedicados aos carros se está a mostrar cada vez menos original, tal é em comparação a outras épocas onde surgiram jogos como: Motorstorm, Midnight Club, Burnout, entre outros. Overpass até que se mostra com um guião original, fugindo à rotina da simulação de competição, como acontece no WRC, a título de exemplo. Aqui, o nosso objetivo é ficar sim em primeiro, mas com regras ligeiramente diferentes. Em Overpass o gameplay prende-se a máquinas todo o terreno, como moto quatro e buggys. Para ganhar, temos de nos aguentar em pistas de resistência que se mostram bastante exigentes e frustrantes.

Em Overpass nem sempre interessa ser rápido, extremamente ágil ou ter a melhor máquina. Neste jogo o mais importante é a consistência que mostramos ao longo das etapas de resistência que vamos realizando: a velocidade não é, de todo, um requisito para quem quiser ser um piloto de excelência. Mas então o que será necessário para que isso se torne possível?

É bom ver um esforço para que apareçam novas fórmulas que estimulem um desenvolvimento maduro por parte das produtoras, no entanto os problemas que encontramos nesta aventura foram além das areias movediças encontradas no caminho. Estou um pouco desiludido porque quando comecei a jogar, pensei realmente que estava a experimentar algo que me iria fazer ficar agarrado durante vários dias, ou até semanas. Fui jogando e com o passar das horas, apesar de ir tentando esconder para mim próprio as imperfeições do jogo pelo seu conceito bastante original, não consegui. As imperfeições são demasiado graves para que não influenciem diretamente a experiência e o resultado final.

Neste tipo de jogos é importante que as físicas estejam bem afinadas pois são estas que vão definir o nosso desempenho. Se o jogo nos entregar uma experiência de excelência, apenas vamos precisar de confiar nas nossas habilidades para que os resultados apareçam, e penso ser um objetivo comum a qualquer produtor entregar uma experiência que permita a um jogador evoluir e sentir-se gratificado por isso. Mas assim como a mim, apostaria as minhas fichas todas que também já vos aconteceu estar a jogar um jogo e sentirem que não conseguem evoluir por “culpa do jogo”. Algo que de certa forma pode parecer difícil de explicar, mas que acaba por ser uma experiência comum para vários jogadores.

É exatamente o que acontece em Overpass: uma boa ideia que não foi acompanhada por um bom, dedicado e competente trabalho durante a sua produção. Quando iniciamos as primeiras provas na nossa carreira, não temos acesso a muitos veículos, sendo que temos de ganhar algumas provas para amealhar dinheiro e posteriormente comprar novas máquinas e evoluir na classificação. Durante as duas, três primeiras horas, tudo parece bastante orgânico e os resultados vão aparecendo. À medida que vamos avançando, vamos desbloqueando novas pistas onde o nosso objetivo é ficar nos oito primeiros lugares, para posteriormente avançarmos ou não até à fase final da competição.

Todos estes elementos me pareciam bastante atrativos, ainda por cima para quem gosta de videojogos onde a poeira nos diga “olá!”. À medida que fui evoluindo de pista para pista, fui comprando um ou outro novo carro e, num curto espaço de tempo, reparei que as físicas do jogo começaram a complicar demasiado e a tornar impossível a boa prática da promessa que era o gameplay. Imaginem que vão cuidadosamente passando pelos vários obstáculos que enfrentam, muitos deles vos viram a mota ao contrário sem razão aparente e em ações em que vocês nada podem fazer. Um dos pontos positivos é sem dúvida a diversidade de obstáculos, entre eles: rampas com troncos, túneis de betão e rampas incrivelmente inclinadas. O real problema é que a BigBen Studios teve problemas em conseguir criar uma simbiose entre um desempenho estável e a sua ambição.

Para tornar ainda mais complicada a experiência, na versão PlayStation 4 o jogo mostra-se com uma fluidez bastante comprometida, com quebras de framerate (constantes) e e problemas em controlar os veículos, onde um pequeno toque no analógico nos pode por fora da pista. À medida que os desafios se tornam mais exigentes, é de facto difícil controlar a ação e sequer acabar uma pista, o que nos catapulta para o final da tabela classificativa. É aqui que surge o tal sentimento de que “a culpa é do jogo”.

Visualmente o jogo está bastante razoável e em nada implica as impressões negativas que absorvi. Os modelos dos veículos estão bem desenhados e com os mínimos detalhes. O som também se porta bastante bem e acrescenta bastante à experiência. Ouvir o “bicho” berrar enquanto derrapamos para subir um penedo dá uma pequena imersão que é sempre agradável.

Quanto aos modos de jogo, podemos escolher entre o modo carreira e as corridas rápidas. Um ponto bastante positivo a filtrar é a presença de um modo multi jogador online e também de multijogador local em split-screen. Sendo que não é um jogo propriamente acessível, pode ser que quando jogado em conjunto com um amigo ou familiar, se possa tornar divertido dentro da sua própria instabilidade.

Opinião Final:

Overpass é um título que com mais retalho e carinho seria uma jogo para marcar uma forte presença e quiçá ter um futuro garantido na indústria. Mas, assim como outros títulos da BigBen Interactive, este é um jogo que sofre por problemas de polimento que poderiam ter sido melhor tratados antes do seu lançamento. Apesar de tudo o que referi como exemplo a não seguir, é certo que é um jogo que continua a acompanhar o multijogador local e isso é também um fator importante para que este tipo de funcionalidade não desapareça. Numa única frase: é um jogo que culmina em pouca diversão e alguma desilusão.

Do que gostamos:

  • Ambientação e construção das pistas;
  • Variação de obstáculos;
  • Multijogador.

Do que não gostamos:

  • Pouco feedback do veículo;
  • Físicas com graves problemas;
  • Performance inconsistente;
  • Obstáculos quase impossíveis;
  • Modo carreira pouco desenvolvido.

Nota: 5,5/10