Rage 2 – Análise

 

Numa altura em que os jogos passados numa era “pós apocalíptica” ainda são uma aposta eis que nos deparamos com uma sequela de um jogo de 2011 que na altura causou algum furor mas que porém acabou por não “vingar” muito. O primeiro Rage, desenvolvido pela iD Software, impressionou pelos visuais e pelas mecânicas de combate mas acabou por falhar muito em termos de história ou de desenvolvimento dos personagens. Será que esta sequela, desta feita desenvolvida pela Avalanche Studios (mais conhecida pela série Just Cause) consegue soltar-se desse estigma pelo qual o primeiro jogo ficou marcado?

Ora, desde logo nota-se uma clara tentativa em diferenciar-se da demais generalidade dos jogos pós apocalípticos onde normalmente tudo tem um tom muito cinzento ou amarelado ou acastanhado, mas já lá vamos. O jogo é uma sequela direta do primeiro, sendo que passa-se no ano de 2165 – sensivelmente 30 anos após os eventos de Rage – o jogador toma a rédea de um Ranger sobrevivente de um ataque violento à sua unidade e que tem de viajar por várias zonas destruídas de terreno baldio tentando formar alianças com os três principais líderes sobreviventes para conseguirem opor-se à Authorithy, uma facção liderada por um General Cross impiedoso que não hesita em livrar-se imediatamente a quem quiser se por a ele.

O jogo conta com um mapa algo vasto (demasiado vasto se formos a pé, daí os veículos serem essenciais na navegação) dividido, por assim dizer, em seis zonas principais algo diferenciadas a nível de ambientação, por isso podemos contar com alguma variedade além dos desertos quase vazios ao estilo de Mad Max. Iremos visitar até algumas partes pantanosas ou com vegetação. Já que Mad Max foi falado, posso mencionar que o jogo também inclui combate veicular bastante satisfatório, dos melhores que me lembro nos últimos tempos. O carro inicial que obtemos pode ser melhorado e podemos até participar em corridas, porém quando desbloqueamos o girocóptero muito dificilmente vamos querer voltar a qualquer veículo terrestre.

O combate pessoal é impressionante e bastante gratificante e podemos sentir claramente as influências do primeiro jogo e do “pedigree” da iD Software porque as armas sentem-se pesadas e poderosas, até mesmo a simples pistola é satisfatória. Inclusivamente, quando entramos em overdrive (um estado que podemos ativar após umas quantas mortes) parecemos um ser todo o poderoso a amealhar mortes entre os nossos inimigos.  Ao matar inimigos podemos amealhar Nanotrites que servem simplesmente para desbloquear e melhorar habilidades sobrehumanas como mais velocidade ou socos “sónicos” ou até de voltar à vida para uma segunda oportunidade.

Mantendo-nos às missões principais o jogo deverá durar cerca de dez a doze horas. Contudo, se quisermos terminar o jogo com mais objetivos cumpridos podemos optar por participar em missões secundárias. Infelizmente, e como tem vindo a ser algo habitual nos jogos, as missões secundárias acabam por se arrastar tornando-se assim muito monótonas e repetitivas mantendo-se pelos habituais “vai buscar” ou “mata este indivíduo”. A história principal também acaba por enveredar um pouco por este caminho mas mantém as coisas o suficientemente interessantes para conseguirmos suportar.

Algumas situações que são menos positivas também dignas de apontar são o facto de só podermos fazer “fast travel” em três cidades e mesmo assim temos de estar com um veículo. Os menus também por vezes são algo lentos de navegar e um pouco estranhos o que por vezes torna-se chato quando queremos só verificar uma situação específica. Curiosamente , também, para um jogo que usa muito os seus veículos, devo dizer que o controle, especialmente dos carros, é um bocado estranho. Por vezes parece que estamos com pneus com espinhos agarrados ao terrenos mas de repente podemos ir para o lado a derrapar como se estivéssemos a passar em cima de gelo. Esta condução estranha causou com que ás vezes tivesse que repetir certas situações causando algumas frustrações.

A nível visual o jogo contam com o habitual ambiente desolador no entanto vemos o esforço em dar alguma “vida” e diferença aos demais ao atribuir a quase tudo uma espécie de grafitti muito néon, na minha opinião um pouco exagerado. Tudo bem, compreendo o que queriam fazer no entanto na minha honesta opinião acaba por dar um tom de exagero e de irrealidade. Sendo um mundo aberto, e apesar do combate ser muito bom, fora destes encontros não há sinceramente muito incentivo em ir explorar o mundo. A nível sonoro é o esperado e cumpre tanto a nível de músicas com batidas fortes no combate, como o trabalho de efeitos sonoros e qualidade de atores de voz. De lamentar certos personagens não terem mais “tempo de antena” durante o jogo, o que poderia tornar a história mais interessante.

Opinião Final:

Rage 2 acaba por ser uma boa sequela com uma evolução natural sobre o primeiro jogo. O combate entre veículos e pessoal é bastante visceral, brutal, cheio de ação e adrenalina e bastante satisfatório. A história é algo cliché apesar de nunca se perder e manter algum interesse até ao fim. A infelicidade é que parece ter também herdado um pouco as falhas do primeiro jogo com missões repetitivas fora do combate interessante e um mundo aberto vazio com pouca coisa para se fazer com missões secundárias desinteressantes e repetitivas que em pouco ou nada ajudam a manter o interesse do jogador. Veremos se as prometidas atualizações futuras o conseguem manter à tona.

Do que gostamos:

  • Qualidade visual inegável;
  • Combate extremamente satisfatório, pessoal ou com veículos;
  • História consegue manter interesse até ao fim;
  • Bastante divertido… em doses curtas.

Do que não gostamos: 

  • Demasiado néon, faz parecer um mundo um pouco “forçado”;
  • Fora a história principal o jogo pouco tem para oferecer;
  • Missões secundárias repetitivas demais e com pouco incentivo para as cumprir;
  • Após algumas horas de jogo parece tornar-se um jogo algo genérico.

Nota: 7/10