Relíquias Japonesas – Séries que nos marcaram #5

Final Fantasy

Queremos desde já nos desculpar por no Domingo passado não termos realizado esta versão da nossa rúbrica, que é suposto ser bissemanal, no entanto, não nos foi possível realizá-la, devido a termos publicado outro artigo na altura.

Esta semana retomamos então a mesma, e, desta vez, o artigo será dedicado à maior série de RPG japonesa. Sim, estamos a falar de Final Fantasy, uma das séries de que eu, Gil Vasco, guardo mais memórias e pela qual tenho muita estima, sendo o meu mundo de fantasia favorito, a par de Kingdom HeartsFinal Fantasy é uma franquia japonesa pertencente à Square Enix, embora os jogos originais tenham sido na altura publicados pela SquareSoft (que se viria a juntar outra empresa grande no ramo, a Enix, formando a marca que hoje conhecemos). Foi no ano de 1980 que o pai da série, Hironobu Sakaguchi, decidiu criar Final Fantasy,  inspirando-se em títulos já muito famosos na altura, como The Legend of ZeldaDragon QuestUltima. Na altura esta foi a sua derradeira aposta como produtor de jogos e o nome original do projeto era Fighting Fantasy, no entanto, como já existiam patentes com este nome, este teve de ser alterado, e, como Final era uma palavra amplamente utilizada no Japão na época, Sakaguchi decidiu coloca-la no título, nascendo assim  Final Fantasy, que se tornou num sucesso comercial astronómico, passando rapidamente a ser a série principal da Squaresoft e, mais tarde, até mesmo da Square Enix.

O primeiro jogo da série foi lançado no Japão em 1987 e 3 anos depois no resto do mundo, revolucionando o género RPG. Nele era permitido, pela primeira vez, escolher entre várias classes para o nosso personagem (fighter, black belt, thief, white mage, black mage red mage), este personagem, juntamente com vários outros que iam sendo revelados à medida que se avançava no jogo, tinham de lutar, no final, contra Garland, um dos melhores cavaleiros do mundo de jogo, mas que tinha sido corrompido por ações maléficas. Tratando-se de um jogo para a Nintendo Entertainment System, consola que marcou o início da indústria dos videojogos como a conhecemos hoje, seria de se esperar que hoje em dia já não lhe seria reconhecido o seu valor, como na altura, devido ao poder limitado da NES. No entanto, ao longo dos anos, a magia não se perdeu e o título original da série Final Fantasy foi refeito para várias plataformas que surgiram com o avançar dos anos, como a MSX2Wonderswan Color, PlayStation, Gameboy Advance, PlayStation Portable e até para os atuais smartphones, sendo que cada uma melhorou, à sua maneira, esta obra.

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Final Fantasy revolucionou o género RPG apostando apenas numa história de fantasia, personagens únicos e mecânicas simples.

As mascotes carismáticas de Final Fantasy, Moogle e Chocobo

As mascotes carismáticas de Final Fantasy: Moogle e Chocobo.

Sakagushi, no entanto, não pretendia continuar Final Fantasy, o que levou à constante mudança de personagens, história e mundos que encontramos entre os vários lançamentos da série e que foram lançados posteriormente. Cada jogo é, portanto, único em todos os pormenores, tendo  algumas personagens permanentes e um sistema de combate característico, por turnos, (alterado em alguns dos últimos lançamentos). Um dos exemplos são as mascotes que aparecem em todos os jogos (à exceção de Final Fantasy I) – os Moogles e os seus famosos “Kupo“.

A famosa mount da série, conhecida por Chocobo, é outro dos exemplos de personagens permanentes, sendo os Chocobos os «protagonistas» habituais dos minijogos espalhados pelos mundos dos diversos Final Fantasy. É também nas suas costas que podemos explorar o mundo dos vários jogos, podendo, durante essas expedições, encontrar vários objetos e até mapas e zonas secundários. Por fim, mas não menos importante, praticamente todos os jogos da série contam com uma personagem secundária chamada Cid, que, em alguns jogos, é até um dos vilões, como no caso de Final Fantasy XIII. Cid e os Moogles também estão presentes em vários cross-overs de Final Fantasy e noutros mundos dos videojogos, como em Kingdom Hearts, que conta com vários personagens dos jogos Final Fantasy VII, VIIIIX e X, criando uma magia familiar para quem os jogou.

Obviamente que, com a evolução presente em todos os Final Fantasy no que toca a mecânicas, gráficos, personagens, enredo, etc. quando estes são lançados, sendo todos muito distintos uns dos outros, também estes personagens evoluíram por si, adequando-se à atmosfera e ao tema dos Final Fantasy em que foram figurando, criando um charme único para cada um e formando uma atmosfera adequada à série. Afinal de contas, quem poderá alguma vez esquecer do famoso “Kupo!!” dos Moogles ou do “Kweh!!” dos Chocobos? Portanto, mesmo que já tenham, por exemplo, andado várias vezes de Chocobo, irão sempre ter encontros únicos com a mascote, uma vez que esta estará, sem dúvida, diferente no próximo Final Fantasy, adaptando-se ao novo ambiente.

Os jogos que se seguiram, Final Fantasy II, IIIIV evoluíram e continuaram o esquema do primeiro jogo, modificando as personagens, o enredo e melhorando alguns pormenores. No II foram acrescentados vários tipos de armas, ataques especiais, para além da inserção de itens com efeitos, tal como veneno. Foi em Final Fantasy III que foi inserida uma das mecânica de combate mais flexíveis de Final Fantasy, os conhecidos summon de monstros e deuses para ajudar a derrotar os oponentes, tal como ShivaIfritBahamut, entre outros, que foram sendo introduzidos mais tarde. Todos estes summon foram implementados de forma diferente, podendo variar de acordo com a raça que os invoca, da crença de que estes são os salvadores de um mal maior, etc..

Foi, no entanto, já com o sétimo jogo da série que tive uma das melhores experiências com Final Fantasy, sendo um dos meus favoritos, ficando apenas atrás de Final Fantasy IX. Contrariamente a todos os anteriores, FF VII desenrola-se num mundo futurista, onde uma empresa, a Shinra, domina praticamente tudo. Final Fantasy VII é um dos jogos da série que nos proporciona uma história totalmente imersiva e misteriosa, sendo difícil, por vezes, acompanhar a situação, visto que se trata de um enredo complexo. Sephiroth Cloud são os personagens principais, sendo Sephiroth o antagonista do jogo e um dos vilões mais famosos da indústria dos jogos e com razão, uma vez que sempre que aparece transmite um ar clássico e “bad ass“, com a sua katana gigantesca aliada à soundtrack de cortar a respiração. No entanto este jogo passa-se depois de Crisis Core, este último lançado apenas anos mais tarde para a PlayStation Portable, literalmente metendo os “pontos nos is” e esclarecendo o motivo de Cloud ser tão frio e distante, bem como o que realmente aconteceu a Sephiroth. Foi também neste jogo que Final Fantasy utilizou pela primeira vez um active time combat, semelhante ao sistema de luta de Kingdom Hearts, em que se utiliza a tecla “X” para navegar no menu de opções e escolher o que queremos fazer. No entanto, os inimigos e os personagens não param, trazendo o jogo, por isso, uma dinâmica muito maior do que a presente nos jogos anteriores.

Cloud e Sephiroth, rivais eternos de Final Fantasy VII

Cloud e Sephiroth, rivais eternos de Final Fantasy VII.

Depois do grande sucesso e fama de Final Fantasy VII, que ficou marcado como um dos melhores jogos da geração (se não mesmo o melhor), Final Fantasy VIII foi lançado. No entanto, como as expectativas estavam ao rubro, devido ao sucesso do seu antecessor, o jogo acabou por deixar a desejar, especialmente devido a alguns eventos que acontecem no jogo e que não ficaram bem explicados, para além da remoção do modo de níveis, fazendo com que fãs como eu torcessem o nariz, pois não se percebe o destino final de alguns personagens do jogo. Em suma, fica tudo muito em aberto. No entanto, tal como no VII, as personagens foram muito bem elaboradas e pensadas, tendo Squall, o protagonista do jogo, um temperamento idêntico ao de Cloud. A única personagem deste que fica aquém do resto é mesmo Ultimecia, a vilã do jogo, que não tem qualquer tipo de desenvolvimento.

Após o VIII, eis que chegou o último Final Fantasy da PlayStation original, Final Fantasy IX. Este que voltou às raízes da série em termos de locais e personagens, focando-se de novo a história se foca de novo numa família da realeza que está a ser alvo de atos cruéis de Kuja, o vilão principal de Final Fantasy IX. Será Zidane, um simples bandido, que irá juntar os aliados necessários para ajudar a princesa a salvar o seu reino numa aventura cheia de surpresas e muitas emoções.

Para mim, Final Fantasy IX foi o melhor até ao momento, contando com personagens muito bem detalhadas, cada uma com os seus problemas, charme, história, feitio e habilidades únicos. O modo de combate deste jogo é o primeiro da série que introduz um sistema turn based sem pausas, ou seja, os inimigos não ficam à espera dos nossos ataques, nem sequer os nossos personagens, a batalha não se desenvolve apenas de acordo com as nossas instruções. A banda sonora de Final Fantasy IX, tal como em todos os lançamentos da série, é de cortar a respiração, inserida com pormenor para nos transmitir as emoções que os diversos personagens estão a sentir no momento, quer seja tristeza, felicidade, confusão ou raiva.

A isto tudo acrescenta-se uma história soberba que é, para mim, a mais bem executada na história dos videojogos. É também aqui que é introduzido o tão conhecido modo “awakening“, que se utiliza ainda hoje em dia em vários jogos, onde cada personagem se transforma e fica muito mais forte, permitindo mais eficiência contra os inimigos e skills completamente diferentes em alguns casos. Como se isto não bastasse, magia neste jogo há com fartura, sendo que o black mage do jogo (Vivi) conta com skills ofensivas e de grande dano, que utilizam os elementos da natureza a seu favor, pelo que é até possível formar combos com os seus parceiros. Pessoalmente ,Vivi é a minha personagem favorita de Final Fantasy IX  e, como seria de esperar, existe também um white mage, que utiliza buffs, cura e summons, sendo esta a princesa que é a chave para a história se desenvolver.

Para além destes pormenores, o mundo de jogo de Final Fantasy IX é enorme, fazendo jus à série, contando com vários mini jogos, como leilões, missões secundárias (muitas delas secretas) e até bosses secretos. Juntando tudo, torna-se numa das melhores experiências que se pode obter de um videojogo e que deixa (muitas) saudades.

O sistema de combate de Final Fantasy está perfeito neste jogo

O sistema de combate de Final Fantasy está perfeito neste jogo.

Falando agora da evolução de Final Fantasy, à medida que consolas cada vez mais poderosas foram sendo lançadas no mercado, também a série foi evoluindo e tentando usufruir ao máximo do poder das mesmas, sendo que um dos grandes saltos foi quando a PlayStation 2 chegou, com o lançamento de Final Fantasy X, aclamado por muitos como o melhor Final Fantasy de sempre.

Final Fantasy X não foge à regra e apenas melhora o sistema de combate do IX, introduzindo novas opções para os summon. Visto que estes são espíritos que ajudam os personagens, neste jogo podemos controlar cada um enquanto lutamos, ao contrário do que sucedia nos jogos anteriores. Cada summon poderá ser chamado apenas por Yuna, a “white mage” do jogo, e será possível modificar as suas habilidades, estatísticas de combate, itens, para além de os controlar nos combates, passando assim a estar esta mecânica num nível muito superior em relação aos que eram na altura os últimos Final Fantasy. Para além dos summon, o sistema de batalha está muito mais realístico, apresentando pormenores como a destruição de locais ou a movimentação de inimigos/aliados, tornando assim a batalha mais imersiva e empolgante, pelo que, caso queiramos vingar, teremos de ser táticos. Com estas adições também podemos explorar as fraquezas dos inimigos no que toca ao local (numa nave, por exemplo, o inimigo pode estar longe e temos de utilizar um canhão), sendo que existem agora dois tipos de ataques para além daqueles a que já estávamos acostumados, long range low range, tornando as lutas muito mais estratégicas.

Final Fantasy X também nos trouxe BlitzBall, um mini jogo original baseado em volleyball, onde as equipas estão num tanque cheio de água e tentam marcar golos contra a equipa adversária nadando e atirando a bola de um lado para o outro com movimentos incríveis. BlitzBall foi um dos mini jogos com mais sucesso da série Final Fantasy, marcando definitivamente o 10º lançamento da série principal.

Tudo isto, juntamente com os gráficos a um nível completamente diferente, proporcionado pelo sistema PlayStation 2, deixava-me completamente vidrado de espanto, sendo os cenários do melhor que já tinha visto na altura. A história do jogo foi, para mim, o único ponto fraco, devido a ser altamente confusa, já que mexe com a linha do tempo e espaço, sendo o protagonista e os vilões de um passado longínquo.

Final Fantasy foi alvo de uma melhoria estrondosa no que toca a gráficos com o décimo jogo

Final Fantasy foi alvo de uma melhoria estrondosa no que toca a gráficos neste décimo jogo.

Square Enix, depois de Final Fantasy X, decidiu apostar num MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game), que ficou conhecido como Final Fantasy XI, no entanto, não fazia jus à série, tal como Final Fantasy XIV alguns anos mais tarde. Pessoalmente detestei esta iniciativa da Square Enix em transformar o décimo primeiro e décimo quarto títulos da série em MMORPGs.

Para Final Fantasy XII, a Square Enix decidiu apostar num tema muito comum da astrologia, os signos do Zodíaco, onde o reino de Dalmasca entra em guerra com outras nações e a princesa Ashe, uma das personagens principais, cria um grupo de revolucionários e conhece o protagonista do jogo, Vaan.

Final Fantasy XII é dos títulos que mais aposta em inovações na série, tendo o sistema de combate passado a ser totalmente diferente, oferecendo um grande grau de liberdade ao jogador, podendo este movimentar a personagem enquanto escolhe as ações e os alvos a eliminar. O que nos permite controlar a câmara do jogo e as ações, habilidades e equipamentos de todos os personagens.

O modo de combate de Final Fantasy XII é dos que proporciona mais liberdade ao jogador

O modo de combate de Final Fantasy XII é dos que proporciona mais liberdade ao jogador.

Vários anos depois, já tendo sido lançada a PlayStation 3 e a Xbox 360, eis que surge Final Fantasy XIII, que tenta imitar o título mais famoso da série, Final Fantasy VII, indo mesmo a extremos como copiar a personalidade, cor de cabelo e até o elemento do protagonista para Lightning, a protagonista deste jogo. Final Fantasy XIII foi com certeza dos lançamentos que sofreu mais com as comparações dos fãs e até dos produtores da série, visto que tentaram recriar um jogo que fosse tão famoso como Final Fantasy VII, que se passa em uma localidade futurística. Enfim, tudo igual a Final Fantasy VII.

Mesmo depois do fracasso de Final Fantasy XIII, a Square Enix continuou a apostar no mesmo, desenvolvendo Final Fantasy XIII-2  Final Fantasy Lightning Returns, baseando-se em outros títulos como Final Fantasy XXII para complementar os sistemas de combate destes e os personagens, atingido o cúmulo e a “idade negra” da série. As críticas, na altura, não paravam de crescer e as vendas, em sentido inverso, a diminuir, pelo que a companhia teve de analisar muito bem qual o rumo que queria dar à série.

No entanto, com a chegada da PlayStation 4, eis que renasceu um projeto há muito esquecido, apresentado em 2006 como um título PlayStation 3 e de nome Final Fantasy Versus XIII, tendo visto, «recentemente», o seu nome alterado  para Final Fantasy XV, que tem dado esperança aos fãs de que a série volte a apresentar uma aventura fantástica, com gráficos ao nível das plataformas atuais e um modo de jogabilidade parecido ao de Crisis Core. Neste, o personagem principal, Noctis, fugiu do seu reino natal depois de um certo incidente, vagueando agora com 3 amigos por ambientes vastíssimos e esplendorosos. As expectativas estão de novo em alta com Final Fantasy XV. Será que estamos perante um novo rival de Final Fantasy VII, como foi o IX e o X? Só se saberá em novembro.

Estaremos prestes a receber outra aventura ao nível de Final Fantasy VII,IX e X?

Estaremos prestes a receber outra aventura ao nível de Final Fantasy VII, IX e X?

Em suma, a série Final Fantasy é das mais aclamadas na indústria dos videojogos, considerada até por muitos como a melhor série de videojogos do género JRPG, apresentando aventuras em mundos de fantasia únicos e todos com os seus personagens carismáticos e segredos, com bandas sonoras que nos deixam a cantarolar durante meses e que nos fazem parar o jogo apenas para as ficarmos a ouvir durante bastante tempo. Final Fantasy teve vários spin-off, tal como Final Fantasy Dissidia, Threatrhythm, World Of Final Fantasy, Crisis Core VII, entre vários outros, que exploraram de formas completamente únicas esta série, mas sobre os quais deixarei a discussão para a zona de comentários. Final Fantasy será sempre um “cofre” cheio de memórias e bons momentos que passei com vários amigos ao desvendar aventuras verdadeiramente épicas.

Da minha parte é tudo, daqui a duas semanas a Carla irá partilhar connosco mais uma experiência única que ela viveu com séries japonesas, não percam!!

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Até à próxima!