Rematch – Análise

Rematch é a mais recente aposta da Sloclap, estúdio responsável por títulos como Sifu e Absolver, que desta vez se aventura por um campo completamente diferente: o futebol. Mas não se trata de um simulador tradicional com regras rígidas e estatísticas realistas. Pelo contrário, Rematch reinventa o conceito de futebol com uma abordagem puramente arcade, sem regras, sem árbitros e com um foco absoluto na habilidade individual e na cooperação entre jogadores.

Desenvolvido com uma filosofia de simplicidade mecânica e profundidade tática, Rematch apresenta-se como um jogo 5 contra 5, onde cada jogador assume o controlo de apenas um atleta. Esta limitação é, na verdade, a chave da experiência: não há trocas automáticas entre jogadores, nem IA para corrigir más decisões. Cada lance depende única e exclusivamente do teu posicionamento, da tua leitura de jogo e da capacidade de colaborar em tempo real com a tua equipa. A ausência de regras como fora de jogo, faltas ou interrupções torna o jogo fluído e imprevisível, com um ritmo intenso que raramente abranda.

A jogabilidade é direta: correr, passar, rematar, desarmar e driblar. Mas a verdadeira nuance está na forma como estas ações se combinam em contexto. Os mapas, arenas urbanas estilizadas com um ambiente quase ciberpunk, são fechados e criam situações de constante pressão e contacto. Isto reforça o aspeto físico do jogo, que por vezes se assemelha mais a um jogo de luta do que a um desporto de equipa convencional. A comparação com títulos como Rocket League é inevitável, não apenas pela câmara na terceira pessoa e pelo foco em partidas curtas de alta intensidade, mas também pelo modo como recompensa sinergia e timing entre colegas de equipa.

Graficamente, Rematch não tenta competir com os grandes simuladores no que toca a realismo, mas aposta antes numa direção artística marcante, com personagens estilizados, efeitos visuais limpos e uma paleta vibrante. As animações são suaves e responsivas, resultado da experiência prévia da Sloclap em jogos de ação corpo a corpo. O design sonoro é funcional, ainda que discreto, e acompanha bem a adrenalina crescente de cada jogo. Em termos de performance, o título corre de forma estável na PS5, embora a ausência de suporte para 120Hz no lançamento possa dececionar alguns jogadores mais competitivos.

O jogo conta com múltiplos modos: partidas rápidas 3v3, 4v4 e o modo principal 5v5, com matchmaking ranqueado. Cada partida dura cerca de seis minutos, o que favorece uma abordagem “só mais uma” e permite sessões de jogo curtas mas intensas. As temporadas planeadas prometem adicionar conteúdos cosméticos, modos de jogo temporários e melhorias gerais, embora no lançamento ainda não exista suporte para crossplay, algo já confirmado para atualizações futuras.

A ausência de bots ou companheiros controlados por IA pode ser um entrave para jogadores que prefiram jogar sozinhos, embora a Sloclap já tenha sinalizado que está a trabalhar numa solução nesse sentido. Para já, Rematch é um jogo puramente social e cooperativo, que brilha quando jogado com amigos ou quando se encontra uma equipa com boa comunicação. O sistema de penalizações também se mostra eficaz em lidar com comportamentos tóxicos, promovendo uma comunidade mais saudável e competitiva.

Um dos aspetos mais interessantes do jogo é a sua acessibilidade. Os controlos são intuitivos e fáceis de dominar, o que permite a qualquer jogador entrar rapidamente no espírito da coisa. Contudo, a profundidade estratégica e a velocidade de execução necessárias para vencer consistentemente tornam Rematch um jogo desafiante e altamente técnico. O matchmaking tende a ser justo, embora existam algumas queixas de equilíbrio em faixas mais elevadas de habilidade.

A implementação do DualSense é funcional, com feedback tátil nos momentos de contacto físico, nos passes e remates. No entanto, existe margem para maior exploração dos gatilhos adaptativos e da vibração avançada. Seria interessante, por exemplo, sentir mais resistência ao sprint ou impactos diferenciados consoante a intensidade da jogada. A nível técnico, a latência é mínima e o input lag praticamente inexistente, o que é crucial num jogo que exige reações rápidas e precisão milimétrica.

Opinião Final:

Rematch é, acima de tudo, um jogo de expressão individual dentro de um coletivo. Cada jogador tem de aprender a ocupar espaço, a compensar colegas, a explorar falhas no adversário e a executar rapidamente. O resultado é um jogo que, embora simples à superfície, oferece uma profundidade mecânica digna de jogos de combate competitivos. A ausência de elementos como estatísticas de jogador ou perks garante uma experiência justa, onde tudo depende da tua habilidade.

Do que gostamos:

  • Ritmo rápido e jogabilidade fluída;
  • Simplicidade mecânica com profundidade real;
  • Foco absoluto na cooperação entre jogadores;
  • Direção artística distinta e performance sólida;
  • Modos variados e promessas de conteúdos sazonais.

Do que não gostamos:

  • Ausência de crossplay no lançamento;
  • Alguns problemas relacionados com o netcode.

Nota: 9,5/10

Análise efetuada com um código PlayStation 5 cedido gentilmente pela distribuidora.