
Sejamos honestos: o calcanhar de Aquiles de quase todas as televisões ultra-finas, mesmo as excelentes como a Bravia 5, é o áudio. A física é implacável; não há espaço para altifalantes grandes. É por isso que o Bravia Theatre System 6 existe. No entanto, chamá-lo de “barra de som” é um insulto. Este não é um mero acessório para “melhorar o som da TV”; é o componente em falta, a outra metade da alma do ecossistema de entretenimento da Sony. Testado em conjunto com a Bravia 5, este sistema não se limita a complementar a imagem; ele eleva-a, envolve-a e cria uma experiência tão coesa que é difícil perceber onde a televisão acaba e o som começa.
A primeira impressão do Bravia Theatre System 6 é a sua elegância discreta. É composto por uma barra de som central esguia e um subwoofer sem fios. O design é minimalista, com materiais de qualidade que se integram perfeitamente na sala de estar sem gritar “olhem para mim, sou uma peça de tecnologia!”. Mas a verdadeira beleza deste sistema é a configuração. Para quem, como eu, ainda tem memórias traumáticas de passar uma tarde inteira a descarnar fios de altifalante, a tentar perceber o que era “Front-Left” e a lidar com um recetor AV que parecia um painel de controlo da NASA, a configuração do Sistema 6 é um milagre. Basicamente, ligamo-lo à Bravia 5 (idealmente via eARC) e… é isso. A televisão reconhece-o instantaneamente. Não há menus complexos, não há calibrações manuais frustrantes. Simplesmente funciona.
O que acontece a seguir é onde a magia começa. O Bravia Theatre System 6 está equipado com a tecnologia 360 Spatial Sound Mapping da Sony. Isto não é apenas um som surround virtual que atira sons aleatórios para as paredes. Esta tecnologia usa microfones integrados para mapear a sua sala e cria “altifalantes fantasma”. Na prática, isto significa que o sistema cria uma bolha de som tridimensional que o coloca no centro da ação.
Ao ver um filme em Dolby Atmos, o efeito é desconcertante da melhor maneira possível. Quando chove no ecrã, o som da chuva não vem da barra de som; vem de cima de si. Num filme de ação, o helicóptero não passa apenas da esquerda para a direita; ele voa por cima da sua cabeça e move-se para trás de si. O subwoofer sem fios é o herói anónimo. Não é um daqueles subs que apenas produz um “boom” indistinto. É rápido, é preciso e é musical. Ele entrega o impacto visceral de uma explosão (o tipo de grave que faz o seu peito vibrar e o seu cão levantar a cabeça confuso), mas é ágil o suficiente para lidar com as notas graves de um contrabaixo numa cena de jazz.
No entanto, a joia da coroa, a funcionalidade que torna esta combinação com a Bravia 5 tão perfeita, é o Acoustic Center Sync. Esta é a tecnologia que resolve o maior problema das barras de som: o efeito de ventriloquismo. Em sistemas normais, a imagem está no ecrã, mas as vozes vêm de baixo, da barra. O Acoustic Center Sync transforma a Bravia 5 no canal central do sistema de som. Os altifalantes da televisão (que elogiámos por serem bons) juntam-se à festa. O resultado é transformador. Os diálogos saem literalmente da boca dos atores no ecrã. A clareza vocal é absoluta, mesmo em cenas caóticas com música alta e explosões. Acabaram-se os dias de ligar as legendas só para perceber o que o protagonista está a sussurrar. Esta sinergia ancora o som à imagem de uma forma que é tão natural que, após dez minutos, já nem se lembra de como era antes.
Para o gaming, esta configuração é quase injusta. A Bravia 5 já nos dá a vantagem visual com o 4K a 120Hz e o VRR. O Bravia Theatre System 6 dá-nos a vantagem auditiva. Em jogos competitivos, o áudio posicional é assustadoramente preciso. É possível ouvir os passos de um adversário no andar de cima, à direita, com uma clareza que nos permite reagir antes mesmo de o vermos. Não é som surround, é um mapa tático auditivo. Em jogos de mundo aberto, a imersão é total. Galopar por uma floresta em Ghost of Tsushima com o vento a assobiar nos altifalantes traseiros e a música a preencher a sala é uma experiência que uma televisão sozinha, por muito boa que seja, nunca poderia proporcionar. É o tipo de imersão que nos faz saltar da cadeira quando um inimigo nos ataca de surpresa por trás, porque o nosso cérebro foi convencido de que o som era real.
A versatilidade do sistema não se fica pelos filmes e jogos. Como sistema de música para a sala de estar, é excecional. A ligação Bluetooth ou Wi-Fi é estável, e o sistema faz um trabalho notável na criação de um palco sonoro amplo e detalhado para faixas de música, preenchendo a sala sem esforço.
Opinião Final:
O Bravia Theatre System 6 é a resposta definitiva para quem compra uma televisão de topo e se pergunta “E agora?”. A sua maior força é a forma como se torna invisível, fundindo-se com a Bravia 5 através do Acoustic Center Sync para criar uma experiência áudio-visual singular. O som não vem de uma caixa; vem da própria cena que estamos a ver. Ao resolver o problema da clareza do diálogo e ao mesmo tempo entregar uma bolha de som 3D imersiva e potente, a Sony não vendeu apenas uma barra de som; vendeu a outra metade da experiência de cinema em casa.
Do que gostamos:
- A sinergia do Acoustic Center Sync;
- A imersão do 360 Spatial Sound Mapping;
- A configuração ridiculamente simples, que reconhece a TV e elimina a confusão de menus;
- O subwoofer que é potente e rápido, dando impacto sem se tornar num “boom” lamacento;
- A clareza de diálogo, mesmo em cenas de ação caóticas;
- O áudio posicional em gaming.
Do que não gostamos:
- O facto de nos estragar a experiência em qualquer outra sala que não tenha este sistema;
- O preço é um investimento, embora justificado pela tecnologia que elimina a necessidade de um sistema AV complexo.
Nota: 9,5/10
Análise efetuada com uma Sony Bravia Theatre System 6 cedido gentilmente pela Sony para teste.