Super Smash Bros. Ultimate – Análise

É difícil falar nas franquias pertencentes à Nintendo sem falar na franquia de jogos de luta que conheceu a luz do dia na Nintendo 64 e que tem vindo a ter presença assídua na cena competitiva dos e-sports até aos dias de hoje.

Falamos de Super Smash Bros., um série que consiste num crossover cujo conceito era ter todas as personagens das franquias da Nintendo metidas à pancada umas contra as outras – Mario, Link, Zelda, Samus Aran, Kirby, Captain Falcon e companhia –, os bonecos mais adorados da big N (e não só), a encontrarem-se todos num jogo frenético de luta, numa criação que ganha forma através da interpretação absolutamente incrível de o que é um fighting game por parte da Nintendo.

Desde o Smash Bros. original, passando por Melee na GameCube, Brawl na Wii, e Super Smash Bros Wii U & 3DS Edition, este peculiar jogo de luta chega à Nintendo Switch com um novo título que, a nosso ver, explica da melhor forma possível a filosofia por detrás do seu design: Super Smash Bros. Ultimate.

A ideia que premiou a criação da edição mais recente de SSMB Ultimate foi – nas palavras de Masahiro Sakurai , o pai da série – a de ter tudo (ou praticamente tudo, como iremos ver) incluído na melhor edição da série.

Comecemos pelas personagens, SSB Ultimate possui o maior roster alguma vez incluído num SSB, sendo marcado pelo regresso de algumas personagens, como Solid Snake, Venusaur ou mesmo Squirtle de SSB Brawl, Ice Climbers de Melee e Brawl, ou Pichu de Melee – ou seja, todas as personagens que alguma vez tenham marcado presença num SSB aparecerão neste jogo plenamente jogáveis. Estas, juntamente com personagens novas como Chrom de Fire Emblem, Simon e Richter Belmont de Castlevania, Incineroar de Pokémon, os Inklings de Splatoon, Isabelle de Animal Crossing, a hilariante Planta Piranha de Super Mario Bros., entre tantas outras, elevam o número de personagens jogáveis até 76. Procurou-se ainda oferecer o mesmo tratamento aos cenários, contando Super Smash Bros. Ultimate com um total de 108 localizações, entre velhos favoritos de jogos anteriores, novos cenários específicos de cada personagem e arenas especiais, que aparecem na sua forma regular, Ω form e battlefield form.

O menu principal sofreu diversas alterações, agora com um menu lateral que nos permite aceder rapidamente aos diferentes modos

No que se reporta aos modos disponíveis, Ultimate faz algumas escolhas interessantes que, a nosso ver, são justificadas pela necessidade de se tentar evoluir a fórmula existente. Para além do modo Smash, que será imediatamente reconhecível pelos fãs da série; sem descurar do modo Custom Smash, altamente customizável; temos o modo Smashdown em que podemos lutar contra o roster ou uma equipa de Miis; assim como Squad Strike, que permite escolher equipas de personagens e ir lutando até que um dos jogadores fique sem lutadores e que é também um modo bastante divertido pela dinâmica que traz aos combates; o jogo possui ainda um renovado, recuperado diríamos até, Modo Classic. Na melhor iteração de toda a sua existência, cada personagem possui um caminho específico, com uma dificuldade ajustável baseada numa pintura deslocável que nos permite ver mais à medida que vamos lutando em dificuldades superiores, e que nos recompensará por vezes com bosses especiais dedicados a cada personagem (Link luta contra um Ganon ao estilo de Ocarina of Time; Mario contra GigaBowser; Kirby contra Marx; Marth contra um Rathalos, etc.).

E depois temos o Adventure Mode, também conhecido por “World of Light”, que, honestamente, valores de produção cinematográfica e excelente tema musical à parte, acabou por se tornar na parte mais fraca do jogo. Para sermos verdadeiramente honestos, foi um pouco difícil gerir a expectativa, a apresentação do modo – que serve de trailer do modo história – era mesmo muito boa. A ideia de todas as personagens morrerem/serem capturadas pela luz/transformarem-se em espíritos, sobrando apenas Kirby (*wink* *wink* Sakurai) que deve libertar os seus companheiros numa luta de várias horas (mesmo muitas) contra o senhor da luz Galeem parecia demasiado épica para ser verdade. Infelizmente, o produto com que ficamos assemelha-se mais a um enorme timesink que nos introduz à mecânica dos Spirits – os sucessores dos troféus dos jogos anteriores (que não se confundem com os troféus de suporte).

Simplesmente, para o que nos foi apresentado, o modo, embora faça coisas incríveis com a variedade nas combinações lutador/spirit que nos é apresentada (incluindo as dungeons tematicamente baseadas nas várias franquias representadas no jogo), é extremamente superficial nos elementos da narrativa que se está a desenrolar, pelo que para alguns jogadores – nós incluídos – se poderá tornar entediante. Existe uma skilltree cheia de habilidades para desbloquear, mas esta não alivia o que consideramos ser um dos maiores grinds que alguma vez vimos num jogo, JRPGs incluídos.

Foi incluído um slow-down na animação de smash sempre que o nosso ataque consegue “potencialmente” mandar os adversários para fora do ecrã! É dramático e gostamos bastante!

Os Spirits são a nova mecânica relevante neste modo, assim como no Spirit Board. Falamos aqui de autocolantes colecionáveis de várias personagens relevantes nas diversas franquias incluídas em SSB Ultimate, e que nos oferecem vários efeitos/items. Com a possibilidade de equipar Spirits que melhoram os stats da nossa personagem, os primários, e de Spirits que nos atribuem algumas habilidades ou items, os de suporte, cria-se aqui um meta-jogo de saber qual a melhor combinação de Spirits a utilizar para fazer face a uma determinada personagem e ao Spirit que esta tem equipada. Os Spirts podem fazer level up, quer após um combate, quer através da utilização de itens – comida ou cores. Do mesmo modo, em Spirit Board, é nos apresentado um modo em que devemos lutar contra jogadores/spirits contidos em cartas que vão aparecendo aleatoriamente e que, após derrotados, podemos “libertar” de modo a obter o Spirit para a nossa coleção. É um colecionável com bastante utilidade em SSB Ultimate portanto, mas a sua inclusão implica que os Troféus, as figuras também colecionáveis com aquelas descrições divertidas e que inspiraram os amiibo, foram excluídos desta versão de SSB. Infelizmente, nem as descrições divertidas sobreviveram: existe um modo em que podemos ver a nossa coleção de “cromos”, mas é praticamente tudo o que temos a nível colecionável. Uma pena.

No que se relaciona aos colecionáveis, é possível ir desbloqueando, à medida que se joga, uma série de imagens divertidas, ligadas a várias personagens incluídas no jogo. É bastante agradável ver que após algum tempo, lá vamos desbloqueando mais uma imagem – o que significa que cumprimos mais um objetivo.
O conceito de troféus foi aproveitado para uma categoria de itens chamado troféus de suporte que, quando utilizados, chamam uma personagem secundária de qualquer franquia – Shadow, the Hedgehog ou Waluigi, por exemplo – para nos ajudar no combate. É bastante satisfatório ver que outro lutador se junta a nós, mas, a nosso ver, não compensa nem o desaparecimento dos troféus, nem a falta de inclusão de algumas personagens que foram relegadas ao estatuto de personagens de segunda.

Os Spirits são uma boa e útil inclusão, mas infelizmente não possuem o mesmo charme que os Troféus tinham nas edições anteriores.

 

O modo online por sua vez também recebeu imensa atenção por parte da SORA, Inc., que nos oferece Battle Arenas para jogarmos contra os nossos amigos e Public Arenas para jogar contra desconhecidos na Internet, sendo que ambas as arenas permitem customização das regras através das quais se vão desenvolver os combates. Já Quickplay permite entrar diretamente num combate contra um desconhecido online, podendo um amigo juntar-se a nós para combates de 2vs2. O serviço Nintendo Switch Online é um requisito necessário para se poder jogar online.

Os amiibo são mais uma vez suportados, podendo transformar-se em FP – personagens autónomas que deverão ser treinadas e alimentadas de modo a tornarem-se no melhor jogador, podendo depois lutar sozinhas ou connosco contra outras personagens, ou mesmo contra nós próprios. Amiibos treinados em SSB Wii U & 3DS são suportados, mas irão começar a partir do nível 12.

SSB Ultimate é um jogo incrível, e as opções a nível de jogabilidade comprovam-no: é possível jogar este jogo quer com os Joy-Con no Joy-Con Grip, Joy-Con R ou L individualmente, Pro Controller, e, aquilo de que toda a gente estava à espera, o comando da Gamecube através do adaptador para o mesmo – a verdadeira maneira de jogar qualquer Smash (à exceção do SSB da N64 e a versão da 3DS). É possível ter até 8 personagens por cenário, o que poderá tornar os combates um bocado caóticos, mas cuja diversão é definitivamente assegurada.

Adoramos ser recebidos por um Ganon a la “Nintendo 64 – The Legend of Zelda Ocarina of Time” como boss final do Classic Mode do Link!

O cuidado com a apresentação é bastante notório, sendo este um dos jogos mais bonitos na Switch, consistentemente a correr a um framerate de 60fps, trazendo à vida os cenários de cada uma das personagens – com inclusões maravilhosas como o Castelo de Dracula de Castlevania, Torre do Great Plateau de The Legend of Zelda Breath of the Wild, New Donk City Hall de Super Mario Odyssey, Moray Towers de Splatoon, um novo Final Destination e versões exclusivas do Battlefield e Big Battlefield.

A nível da música, é-nos oferecida uma banda sonora massiva – mais de 800 faixas, incluindo remixes de jogos passados e novos remixes exclusivos de Ultimate. É bem possível passar horas e horas a ouvir a banda sonora com faixas das várias franquias incluídas em SSB Ultimate, e Sakurai sabe isso tão bem quanto nós – o que comprova a inclusão de um “modo player”, permitindo transformar a Switch num leitor de musica (ecrã desligado e os auscultadores inseridos) sendo possível levar a mesma (e a banda sonora) para qualquer lado.

Follow meeee! Set me freeeee! Trust me and we will escape from the cityyyy!!!! Perdemo-nos completamente no modo áudio!

O jogo possui um passe de personagens que pode ser adquirido e que adicionará posteriormente novas personagens ao roster sob a forma de DLC, tais como Joker de Persona 5.

Opinião Final:

Super Smash Bros. Ultimate apresenta no seu próprio título uma missão tão simples quanto o nome que ostenta: ser a melhor versão do jogo de luta da Nintendo, e consegue cumpri-la com sucesso devido a inúmeros factores afinados até à perfeição por Sakurai e companhia. São feitas algumas concessões no que toca a elementos clássicos da série, como os troféus, mas os elementos que os vêm substituir não subtraem de forma nenhuma da experiência. Smash é um daqueles jogos que é necessário jogar para compreender a razão de toda a loucura por detrás deu uma das franquias da Nintendo que, embora não tendo a sua origem nas consolas clássicas da Big N, já conta com mais de 20 anos. O único elemento que destoa num pacote perfeito é o Adventure Mode, sendo tudo o resto perfeição videojogável. É obrigatório para quem tem uma Nintendo Switch.

Do que gostamos:

  • A melhor versão de SSB até agora, 76 personagens, 108 cenários;
  • A mais completa banda sonora num SSB, com mais de 800 faixas;
  • Modos de jogo clássicos e novos criam um excelente equilíbro na loucura que é SSB;
  • Apresentação soberba!

Do que não gostamos: 

  • O Adventure Mode desiludiu-nos um pouco, sendo muito superficial em elementos da narrativa e consegue tornar-se rapidamente repetitivo.

Nota: 9,5/10