Tennis World Tour – Análise

Bons eram os tempos em que me reunia em casa com os meus amigos e primos para partilhar a magia que as consolas nos podiam proporcionar. Jogamos variadíssimos videojogos e todos nós com um enorme afinco para descobrir o que era pretendido e prosseguir assim em diante. Histórias como estas, que imagino que muitos de vocês também terão tido, ficam na nossa memória à medida que o tempo vai passando, lá no distante início do século XXI no meu caso.

Nesses tempos, os jogos de desporto eram um dos géneros mais cobiçados pela mocidade e comigo não havia de ser diferente. Lembro-me perfeitamente de perder horas e horas a jogar Virtua Tennis (SEGA) ou Top Spin (2K), onde de tudo fazíamos para ganhar os encontros aos nossos amigos, o que quando não acontecia levava a que não nos sentíssemos à altura enquanto a desforra não fosse feita. Havia muita honra em cima da mesa! No fundo, éramos todos pequenos samurais e queríamos demonstrar que as nossas habilidades estavam um tanto acima da dos nossos amigos, que rapidamente passavam a rivais. Eram títulos que tinham os seus problemas, mas onde as produtoras conseguiram transitar um desporto do real para o virtual de uma forma bastante conseguida, divertindo-nos a todos.

Já não tinha oportunidade de jogar um jogo de ténis há demasiado tempo. Talvez pela falta de mercado, as grandes empresas têm decidido parar com a produção e desenvolvimento de grandes títulos associados a este honroso desporto, e quando soube que Tennis World Tour estava a ser fermentado com o objetivo de trazer o ténis de volta, fiquei naturalmente entusiasmado e com uma enorme vontade de o jogar. Mas infelizmente não foi isso que aconteceu, muito pelo contrário.

Tennis World Tour tem três modos de jogo distintos dos quais pudemos usufruir: o jogo amigável, que pode ser jogado contra o CPU ou com um amigo; o modo carreira, em que é simulada de forma muito incompleta a carreira rumo ao estrelato de um jogador criado por nós (bem ao estilo do que acontece em quase todos os jogos de desporto atualmente); e o modo de academia, onde pudemos treinar as nossas habilidades, no fundo um modo practice. Para um preço tão elevado de lançamento, fixado nos 69.99€, este é um jogo que oferece muito pouco, comparando com aquilo que temos de dar por ele. Além disso, temos apenas como referências internacionais Roger FedererWawrinka disponíveis no jogo, havendo outros com algum renome, mas nada comparado a NadalSerena Williams ou Djokovic, por exemplo. O número de atletas não é mau, mas peca no licenciamento pois nem metade do top 10 mundial no jogo corresponde à realidade.

Graficamente o jogo está muito mau. No que toca ao rosto dos jogadores, é gritante a falta de qualidade e empenho que o estúdio entregou a Tennis World Tour. Federer é a rara exceção, de longe o jogador que aparenta melhores características e um melhor polimento. Talvez o tempo perdido pela equipa de character design para a sua elaboração tenha sido muito superior ao gasto nos restantes. Para contrariar a falta de definição dos atletas, em TWT temos vários estádios disponíveis. Talvez este seja um dos pontos que mais favorece a nova IP da BigBen Interactive. Contudo, a atmosfera dos estádios está muito fraca e artificial, as animações do público são duplicadas e remetem-nos para os tempos primordiais da antiga geração de consolas (PlayStation 3, Xbox 360 e Nintendo Wii).

Quanto à jogabilidade, embora tenhamos três opções de atacar a bola, todas elas apresentam problemas na hora da sua execução. TWT faz-nos lembrar um pouco Top Spin 4 pelas sua mecânicas bastantes idênticas, sendo que o serviço é praticamente igual. Por vezes vezes o nosso jogador desiste da bola de forma inesperada como se um bug tivesse ocorrido e compromete em muito o nosso desempenho na partida. Além deste erro crasso de desenvolvimento, o jogo obriga-nos a praticar um ténis monótono e, se quisermos arriscar um serviço mais ousado ou um ataque mais selvagem, o mais provável é não termos sucesso, dada a sua uniformidade e invariabilidade de animações que fazem o jogo ficar extremamente repetitivo.

Talvez a única inovação em TWT sejam as cartas de habilidade que cada jogador pode usar durante o jogo, mesmo que estas não nos sirvam de grande coisa, infelizmente. Seguindo o raciocínio, tenho de frisar que a inteligência artificial é estranhamente desequilibrada. Ao jogar TWT, constatei que mesmo no nível mais alto de dificuldade há jogos de extrema dificuldade, em que a movimentação datada do nosso jogador não nos permite sequer pensar em ganhar. Mas talvez no jogo a seguir um jogador bem à acima do anterior no ranking faça uma partida calejada em que o derrotamos facilmente. O que é de facto insólito.

Outro dos problemas em TWT é o som. Praticamente não ouvimos som no decorrer das partidas, o chiar das sapatilhas do soalho envernizado não existe, o público reage timidamente perante um matchpoint, tudo passa despercebido menos, claro, a sua falta de personalidade. O modo online também é uma das funções não disponíveis ainda, sendo que foi dito previamente pela BigBen Interactive que este chegaria mais tarde. Posto isto, se quiserem fazer a compra do jogo com o intuito de disputar partidas no modo multiplayer, terão de aguardar.

Opinião Final:

Tennis World Tour pode até ter os seus pontos positivos, e quando jogado com um amigo até se torna suportável, no entanto este título tem problemas atrás de problemas, e muitos deles nucleares. Quando não obtemos um bom gameplay num jogo que se passa sempre dentro de um corte de ténis, não é possível que a experiência seja enriquecedora. Talvez seja um passo para que a BigBen Interactive perceba e consiga no futuro dar-nos a experiência que qualquer fã de desporto merece.

Do que gostamos:

  • Cartas de Habilidade;
  • Variedade de recintos.

Do que não gostamos: 

  • Animações dececionantes;
  • Mau gameplay;
  • Péssimo grafismo;
  • Preço;
  • Ausência de multiplayer no lançamento.

Nota: 4/10