Embarcando na formidável tarefa de justificar a sua existência, The Last of Us Part 2 Remastered enfrenta o ceticismo de frente, com o objetivo não só de satisfazer as expectativas, mas também de as transcender. A Naughty Dog, uma presença venerável na indústria dos videojogos, está à altura do desafio, oferecendo uma experiência que não só se baseia no seu antecessor, como também é um testemunho da evolução dos jogos orientados para a narrativa.
Como fã fervoroso do original, a minha expetativa para a remasterização já era grande. A sequela mergulha em temas profundos, entrelaçando intrinsecamente o trauma com emoções como o amor, o ódio e o arrependimento. Apesar de não ter o efeito de “diário pessoal” do estilo indie, o jogo ressoa profundamente. O seu alinhamento com eventos do mundo real, como o conflito entre Israel e o Hamas, acrescenta camadas de complexidade à narrativa, oferecendo uma exploração estimulante de uma perspetiva controversa, mas profundamente humana.
Embora a narrativa não seja perfeita e, ocasionalmente, pareça exagerada na transmissão dos seus temas, especialmente o motivo recorrente “olho por olho”, consegue cativar os jogadores. A introdução da personagem Abby, que tenta evocar simpatia num curto espaço de tempo, é um feito louvável mas desafiante, tendo em conta o seu retrato inicial.
Visualmente, a remasterização introduz dois modos – Fidelidade e Desempenho – oferecendo aos jogadores uma escolha entre detalhes impressionantes a 30 FPS ou uma jogabilidade mais suave a 60 FPS com visuais ligeiramente reduzidos. O modo Fidelidade, com a sua apresentação quase fotorrealista, destaca-se como um testemunho da proeza técnica dos criadores.
O áudio continua a desempenhar um papel fundamental, com as contribuições de Gustavo Santaolalla a elevar os momentos emocionais. A jogabilidade, fiel ao original, oferece cenários de combate intensos num mundo pós-apocalítico. A flexibilidade das definições de dificuldade serve tanto os jogadores que se concentram na ação como os que se concentram na história, melhorando a acessibilidade e o valor de repetição do jogo.
A adição do modo roguelike No Return injeta dinamismo, proporcionando uma experiência nova e emocionante. Este modo não só diversifica a jogabilidade, como também acrescenta uma capacidade de reprodução significativa, demonstrando o empenho da Naughty Dog em manter a experiência cativante para os seus jogadores.
A remasterização não se limita às melhorias técnicas; inclui funcionalidades de bónus como os comentários do realizador, convidando os jogadores a aprofundar o mundo e a visão artística do jogo. Esta adição enriquece a compreensão do jogador sobre o processo criativo e as decisões narrativas tomadas pelos criadores.
Para os aficionados do original, a remasterização enriquece a experiência com conteúdo adicional, incluindo três níveis perdidos que fornecem uma visão inestimável do desenvolvimento do jogo. Apesar de não ser revolucionário em termos de melhorias técnicas, a atenção meticulosa aos pormenores e a paixão pela arte tornam a remasterização num pacote atraente e abrangente.
Opinião Final:
Em conclusão, The Last of Us Part 2 Remastered não é apenas uma atualização visual, mas uma exploração aprofundada da narrativa nos jogos. A sua complexidade narrativa, as melhorias técnicas e o conteúdo adicional fazem dele um investimento que vale a pena para os fãs, demonstrando a dedicação da Naughty Dog em ultrapassar os limites das experiências cinematográficas de ação e aventura na terceira pessoa. Para os recém-chegados, representa um pináculo na evolução da narrativa interactiva, convidando-os a mergulhar num mundo onde a ressonância emocional e a complexidade da jogabilidade convergem.
Do que gostamos:
- Profundidade temática;
- Desenvolvimento de personagens;
- Melhorias visuais;
- Modos de jogo adicionais.
Do que não gostamos:
- Nada a apontar.
Nota: 9/10
Análise efetuada com um código PlayStation 5 cedido gentilmente pela distribuidora.