The Stretchers – Análise

The Stretchers foi lançado de surpresa na Nintendo Switch, chegando a todo o mundo em simultâneo pelas mãos da Tarsier Studios (Little Nightmares).

Mas o que é The Stretchers? Assim muito resumidamente, bem ao estilo de Overcooked, The Stretchers é um jogo que pode e deve ser jogado em modo cooperativo, onde os jogadores controlam dois paramédicos que estão extremamente ocupados a tentar ajudar os cidadãos que, subitamente, ficaram a sofrer de Dizzies. A doença não apareceu do nada, sendo que o Captain Brain (original, hein?) anda a querer uma espécie de vingança contra os nossos paramédicos, espalhando o caos pela Ilha Greenhorn.

Usando e abusando o máximo possível de mecânicas ragdoll, The Stretchers brilha quando os jogadores se juntam e tentam (e falham) controlar as personagens de modo a conseguirem levar as mais variadas missões a bom porto. Aquilo que aparenta ser simples, consegue na verdade ser complicado, e as missões geralmente apresentam alguns puzzles que devem ser solucionados, de modo a conseguirem aceder a todos os pacientes.

Para além das missões principais, terão ainda acesso a missões secundárias, que utilizam exactamente as mesmas mecânicas para outros fins, tais como serrar lenha. Os controlos são extremamente fáceis e intuitivos e o jogo deixa que a dificuldade recaia nos puzzles e na coordenação dos jogadores, ao invés de um qualquer esquema complexo de controlos. Essencialmente, apenas usam o analógico para controlar a vossa personagem, usando o botão L ou R para segurar a maca (que vai sempre às costas das personagens) ou qualquer outro objeto que esteja identificado com duas esferas da cor da vossa personagem. Para conseguirem recolher um paciente, basta abaixarem-se carregando nos analógicos e direcionarem a maca de modo a que o paciente rebole para cima dela. Podem pegar em tudo e mais alguma coisa, abrir portas, empurrar barris, entre outros. Mas a coordenação (ou a muita falta dela) irá ser a chave do vosso sucesso.

A vossa maca é a vossa arma secreta.

Os níveis conseguem ser a total loucura. Desde trampolins a mangueiras, passando por serras elétricas, tudo pode ser um obstáculo e fazer com que deixem cair os vossos pacientes. Em cada missão, têm um determinado número de pacientes que devem recolher na vossa ambulância – preferencialmente dentro do tempo limite, para ganharem um bónus – tendo depois de os levar para serem curados. A condução da vossa ambulância é também bastante simples, usando apenas o analógico e o botão A para avançar e o B para retroceder. Mas a simplicidade é enganosa. Para que possam chegar ao vosso objetivo o mais depressa possível, esqueçam as estradas. Podem levar cercas, postes, árvores e tudo o mais atrás da vossa ambulância, aterrorizando os transeuntes que andam descansados na sua vidinha. E no final de cada missão, irão ver que a destruição compensa – uma vez que acumulam pontos não só pelo caos, mas também pelos atalhos que tomam.

Todos os vossos feitos e loucuras vão sendo registados num Sticker Book, que serve como uma espécie de catálogo de troféus, onde podem não só ver os objetivos de cada missão – de modo a maximizarem os vossos pontos – como também as maluquices que já fizeram na ilha, ou que vos faltam fazer (como empilhar pacientes numa só maca).

Apesar de o foco ser claramente na experiência cooperativa, logo ao início The Stretchers permite que escolham se querem um ou dois jogadores – e é aqui que o jogo se perde. Uma experiência divertida e que vive muito do trabalho de equipa no sofá, acaba por ser tornar num exercício de frustração. Cada um dos Joy-Con controla um dos paramédicos e é mais do que comum perdermos o norte de qual mão está a controlar o quê. Apesar dos “troféus” e de ser possível desbloquear elementos para personalizar as personagens (tais como chapéus), The Stretchers não tem conteúdo suficiente para motivar uma experiência unicamente a solo e a dificuldade acrescida acaba por desmotivar ao invés de divertir.

Para onde vamos, não precisamos de estradas.

Visualmente, The Stretchers adoptou um estilo bem colorido e apropriado ao seu conceito, mas admito que não sou de todo fã do design das personagens. Entendo que a ideia é passar um conceito de slapstick humor, mas o design é francamente pouco atrativo, apesar de rapidamente acabar por passar despercebido durante a experiência de jogo. São coisas de picuinhas, mas que não acabam por lesar a experiência de jogo final. Quanto à escrita, temos também um foco 100% no humor, com trocadilhos para dar e vender. Algumas das piadas acabam por cair em saco roto, mas o foco da diversão é mesmo na experiência como um todo, particularmente na componente de cooperação entre jogadores. No que toca à performance, The Stretchers foi absolutamente irrepreensível, sem qualquer problema técnico ou slowdowns que lesassem a experiência – quem em modo portátil ou docked.

The Stretchers é uma boa surpresa para aqueles que procuram mais experiências de couch co-op na Switch. O conceito é bastante engraçado e bem divertido, mas é uma pena não o ver explorado mais a fundo para os jogadores a solo. Apesar do humor e diversão que advém principalmente da (des)coordenação dos jogadores em equipa, existe aqui uma componente de puzzles que poderia ter sido aprofundada. Ainda assim, é um esforço bastante competente e que me deixa curiosa em saber o que mais a Tarsier Studios nos poderá trazer para a Switch.

Opinião Final:

The Stretchers surgiu de surpresa na Nintendo Switch e traz-nos uma experiência cooperativa bem ao estilo de Overcooked. Bem divertido e hilariante, a experiência acaba por sofrer quando optamos por jogar sozinhos, não oferecendo muito para quem quer algo fora do modo cooperativo. Ainda assim, a Tarsier Studios conseguiu criar um jogo ideal para quem quer uma boa experiência cooperativa de sofá, garantindo montes de gargalhadas.

Do que gostamos:

  • Experiência ideal para couch co-op;
  • Controlos simples;
  • Missões variadas e que mantêm o interesse, apesar das mecânicas simples.

Do que não gostamos:

  • Escolha de design das personagens pouco atraente;
  • Experiência a solo pobre face ao modo cooperativo.

Nota: 7,5/10