The Witcher 3: Wild Hunt Complete Edition (Switch) – Análise

Lançado em 2015, The Witcher 3: Wild Hunt dispensa apresentações. Tendo-se coroado fácil e rapidamente como jogo do ano na altura, tem gozado desde então de grande apreço por uma comunidade de fãs cada vez maior, recentemente renovada pela série da Netflix, cuja segunda temporada chegou há pouco ao serviço de streaming. A terceira aventura videojogável de Geralt de Rivia alcançou um sucesso tal que desde então o estúdio responsável pela mesma, CD Projekt RED, tem estado nas luzes da ribalta, criando grandes expectativas para o seu mais recente título, Cyberpunk 2077.

Assim sendo, aqui não vamos destacar mais uma vez todas as qualidades deste que é, argumentavelmente, o melhor Western RPG dos últimos largos anos. The Witcher 3: Wild Hunt é um jogo obrigatório para qualquer fã de WRPGs, e de fantasia mais adulta no geral. Esta perceção não é aqui contrariada, nem tãopouco nos iremos alongar sobre as suas qualidades, juntando-nos ao mar de vozes de apreciação sobre o mesmo. Cabe-nos, antes, avaliar o trabalho da Saber Interactive na conversão deste jogo para a Nintendo Switch. Nomeadamente, avaliaremos se esta conversão é feliz e, acima de tudo, se a experiência de jogo nesta plataforma é aprazível.

Para começar, temos de mencionar o óbvio. Caso tenham a possibilidade de jogar este jogo numa consola Xbox ou PlayStation da passada ou atual gerações, ou num computador com especificações decentes, recomendamos que optem por essas versões, caso tenham a intenção de jogar este jogo num grande ecrã e num espaço fixo. Apesar de o modo TV trazer algumas vantagens nesta versão Switch face ao modo portátil, é este último que justifica a opção por esta versão de The Witcher 3: Wild Hunt face às outras disponíveis.

A experiência The Witcher completa, na palma das vossas mãos.

A grande vantagem da versão Switch é precisamente a portabilidade do sistema da Nintendo, dando-nos a possibilidade de levar um jogo como este para todo o lado, algo que antes de vermos ser feito, juraríamos ser impossível. É, assim, na experiência de jogo em modo portátil que aqui nos focamos. E aqui há que frizar o quão impressionante é o trabalho da CDPR e Saber Interactive. Antes de ser formalmente anunciado em 2019, existiam rumores de que The Witcher 3: Wild Hunt estaria a caminho da Nintendo Switch. Na altura, estes eram tratados quase que como sonhos desvairados de fãs da Nintendo que se recusavam a aceitar a grande diferença de poder que existia entre a consola da Nintendo e as plataformas para as quais The Wicher 3: Wild Hunt estava então disponível: PC, PlayStation 4 e Xbox One. Afirmar que a Saber Interactive provou a muitos outros estúdios que a Switch é uma plataforma viável para alguns dos títulos mais recentes e pesados do mercado não é um exagero, e o lançamento desta versão talvez tenha sido a forma como tal ficou mais claro. Ainda hoje, passados mais de 2 anos, este continua a ser um dos primeiros títulos a ser mencionados de forma a contrastar com outros ports de jogos exigentes para o sistema, de forma a se avaliar quão bem os mesmos se saíram. Para muitos, este continua a ser o gold standard pelo qual se deve avaliar a qualidade de um port de um jogo PS4/Xbox One para a consola híbrida da Nintendo.

Como deverão calcular pela forma como me referi a esta versão no parágrafo anterior, esta é uma conversão bastante feliz, e porventura talvez ainda a mais espantosa até à data de um jogo exigente para a Nintendo Switch. Em modo portátil, The Witcher 3: Wild Hunt corre a uma resolução dinâmica conseguindo manter-se frequentemente nos 540p. Em termos de performance, o jogo tem como alvo os 30fps, tal como as versões originais para PS4 e Xbox One, embora sofra quedas para entre os 20 e 30fps em certos momentos mais intensos e em áreas mais densas. Nas cinemáticas, esta queda torna-se mais acentuada e em alguns momentos observamos quedas para valores perto dos 10fps. Em termos de qualidade de imagem, face às outras versões, tanto em modo portátil como em modo TV, a Switch apresenta muito menos efeitos a nível da folhagem, com sombras e texturas de menor qualidade, pop-in significativo, entre outras limitações. No entanto, a Saber Interactive foi capaz de manter os efeitos de água como nas versões base, assim como o número de NPCs, mesmo nos locais mais movimentados. Embora possa parecer pouco, tal é impressionante assim que consideramos a escala e detalhes deste jogo, ou comparamos com outros títulos disponíveis na plataforma, mesmo entre os mais recentes.

Tendo visto, então, a parte mais técnica desta conversão, resta-nos focar na experiência de jogo em si. Como é jogar The Witcher 3: Wild Hunt na Nintendo Switch em modo portátil? A Saber Interactive fez, como vimos, um trabalho milagroso ao trazer este jogo para a consola da Nintendo, mas será que para alcançar este feito, os cortes tiveram que ser tantos que a experiência acaba por sair demasiado limitada? Continuará a ser divertido, apesar das óbvias limitações desta versão, percorrer o mundo de The Witcher com Geralt de Rivia e Roach?

Um port impressionante, mas frequentemente pouco nítido.

Aqui a resposta dependerá muito de quão dispostos  estão a tolerar as referidas limitações. Caso consigam ter em mente as limitações do hardware em questão, e ficar imersos num mundo de jogo, mesmo que este se apresente muitas vezes pouco nítido, então esta poderá ser uma experiência aprazível para vós. Caso, pelo contrário, estejam demasiado habituados a uma experiência mais fidedigna e sem os vários compromissos que esta versão traz consigo, talvez seja melhor optarem por uma das outras versões disponíveis do jogo, ou até mesmo considerar por exemplo outras propostas no mercado portátil, como a Steam Deck que está aí ao virar da esquina.

Particularmente importante neste ponto tem sido o suporte que a versão Switch the The Witcher 3: Wild Hunt tem recebido após o lançamento. A CD Projekt RED e a Saber Interactive têm feito um esforço louvável não só em apresentar um trabalho de grande qualidade com esta versão, mas também em o melhorar após o lançamento, dando aos jogadores controlo sobre várias opções gráficas, assim como a possibilidade de transferir dados de jogo entre as versões Switch e PC, possibilitando a que se passe facilmente da versão portátil, mas mais limitada, para a versão derradeira deste jogo. Com estas opções é possível tornar a experiência mais nítida desligando o Anti-Aliasing ou aumentando o nível de Sharpening, ambos sem custos em termos de performance, mas com ligeiras contrapartidas ao nível da precisão de renderização dos gráficos.

É impossível não nos perdermos neste mundo.

Opinião final:

Especialmente após o acrescento destas opções gráficas, apesar de The Witcher 3: Wild Hunt na Switch continuar a ser uma versão mais limitada e visualmente muito menos apelativa do que as restantes versões disponíveis, é uma versão perfeitamente competente e que merece destaque sobretudo  pela sua portabilidade. Mesmo que tal seja sempre, no fundo, subjetivo, parece-nos que tendo em atenção as limitações do hardware da consola híbrida da Nintendo e após talvez algum desconforto inicial, é perfeitamente possível ter uma ótima experiência com esta versão do jogo em modo portátil, não sendo as limitações suficientes para impedir a imersão no mundo de The Witcher, com tudo o que de espetacular tem a oferecer.

Do que gostamos:

  • Um dos melhores jogos da geração passada, em modo portátil;
  • Versão Switch traz as duas expansões incluídas;
  • Suporte pós-lançamento trouxe cross-saves, opções de controlo por toque e maior versatibilidade em termos de opções gráficas;
  • Efeitos de água e outros elementos mantêm-se desde as versões base, sem grandes cortes.

Do que não gostamos:

  • Dadas as limitações do hardware, poderão ter dificuldade em ignorar a falta de detalhe nesta versão.

 

Nota: 9,5/10

Análise efetuada através da versão Nintendo Switch, com um código cedido gentilmente pela distribuidora.