TT Isle of Man: Ride on the Edge 2 – Análise

Para os fãs do motociclismo, uma das provas mais conhecidas do mundo é a Isle of Man Tourist Trophy ou só Isle of Man TT. Com efeito, sendo uma das provas mais perigosas da modalidade, a prova leva-nos à Ilha de Man, a dependência da coroa britânica situada numa ilha entre a Irlanda e a Grã-Bretanha no Reino Unido.

Uma prova que sempre atraiu a atenção do mundo dos videojogos (quem se lembra do Tourist Trophy da Polyphony – a criadora de Gran Turismo?) mas nem sempre foi implementada com sucesso no meio. Só em 2018 é que TT Isle of Man consegue recriar a etapa montanhosa de Snaefell de 60 quilómetros, para surpresa dos aficionados da modalidade, embora fosse um jogo com muito a desejar.

Com TT Isle of Man 2, a KT Racing Studios oferece-nos uma versão refinada daquilo que será provavelmente o melhor simulador de corridas de motos. Tal facto é aparente no momento em que colocamos o capacete para fazer a nossa primeira corrida (o tutorial é altamente recomendado) e aprendemos a lidar com as várias curvas nos percursos rurais na Ilha de Man, na Irlanda e na Grã-Bretanha.

A experiência de velocidade que TT Isle of Man 2 traz consigo é simplesmente inacreditável!

Fãs das experiências mais acessíveis, vulgo arcade, ficam desde já avisados, TT Isle of Man 2 não é o jogo para vocês! Embora sejam oferecidas várias opções de acessibilidade para os jogadores mais inexperientes, nomeadamente a possibilidade de customizar estilos de condução, ABS, controlo de tração de ambas as rodas, tal como dos travões individuais, o jogo empurra-nos sempre para uma experiência mais realista. Uma experiência que não perdoa! O mínimo encosto ou condução em superfície que não seja o asfalto da estrada resultará imediatamente num despiste espetacular. A jogabilidade assenta numa ideia de ação em extrema velocidade em que pagaremos caro por qualquer erro, e, quando o jogador aprende a pilotar, tem uma sensação muito recompensadora. Todavia, quando não corre bem, torna-se altamente frustrante por várias razões que apontaremos mais em baixo.

TT Isle of Man 2 apresenta um modo carreira extremamente completo, que é o grande atrativo do título, com vários elementos que seriam de esperar deste tipo de jogo. Na luta pelo título do Tourist Trophy, o jogador irá negociar com equipas (patrocinadores), realizando várias seasons e acumulando os troféus das mesmas. Só assim a qualificação para a grande prova fica assegurada. As equipas apresentam vários objetivos aos jogador, que, conseguindo cumprir os mesmos, ganhará vários upgrades para as motas.

E que seleção de motas! Entre os vários estilos (Classic, Superbike e SuperSport) o jogador terá acesso a um conjunto de vários fabricantes – ao todo são 18 as motos – todas elas com possibilidades de serem melhoradas para melhor se debaterem no asfalto. Aliás, o foco no realismo é de tal forma impressionante, que o jogador terá de lidar com o aquecimento das peças principais durante a corrida, nomeadamente dos travões, pneus, e motor.

É sempre possível equipar perks antes das corridas, um elemento de diversos tipos (Mecânica, Engenharia, Influência e Seguros) que vamos ganhando depois de cada etapa, os quais nos permitem possuir efeitos que nos ajudarão durante a corrida. Isto é, fazer com que os pneus não aqueçam tanto, ou então reduzir o impacto de começar com os mesmos a frio, esse tipo de coisas.

O jogo oferece outros modos, mas são maioritariamente negligenciáveis – modo quick race e time-attack ou então o multiplayer online ou offline em splitscreen até 8 jogadores – sim, 8 jogadores! A única exceção a esta afirmação é o modo free-roaming que se inspira imenso nos títulos Forza Horizon, deixando-nos vaguear pelo mapa e realizar vários desafios. O modo principal, todavia, será sempre o modo carreira, o qual nos levará de competição em competição até ao topo da modalidade.

É possível vaguear livremente no mapa, uma clara influência de Forza Horizon!

No entanto, nem tudo é assim tão impressionante, isto é, embora compreendamos que estamos perante um simulador a sério – e um bom simulador – o jogo peca por não ter um modo arcade, ou algo que conseguisse chamar os jogadores casuais e que depois os incentivasse a explorar o formato mais sério. Do mesmo modo, não compreendemos porque é que no modo carreira, durante uma corrida, se desejarmos recomeçar a mesma desde o início, somos penalizados com uma perda de ganhos de 30%. Porquê? A corrida vai recomeçar desde o início, quer dizer, reconhecemos a seriedade do modo e da necessidade de simulação – mas os adversários também vão recomeçar a corrida deles. É um modo offline em que o jogador não prejudica ninguém ao estar a recomeçar. Não compreendemos esta escolha. Já que se vai prejudicar os ganhos do jogador, podia ser implementado um modo de rewind ou voltar atrás. Em vez disso existe apenas um modo de respawn que é largamente inútil, pois só funciona abaixo dos 104 Km/h, não para o relógio e não pode ser utilizado depois de acidentes – porque o próprio jogo obriga-nos a fazer respawn.

TT Isle of Man 2 é um jogo muito, muito bonito.

Graficamente, estamos perante um jogo muito bonito e extremamente detalhado. Sabemos que a KT Racing Studios analisou cada detalhe da conhecida etapa montanhosa de Snaefell, de modo a que esta seja uma reprodução 1:1. Os efeitos enquanto estamos a pilotar fazem-nos pensar que não existe nada assim no mundo dos videojogos. É mesmo muito bonito de se ver – mas não se distraiam muito sob pena de no segundo seguinte verem a vossa personagem a voar, tendo acabado de ir contra um arbusto ou uma parede.

A nível sonoro, o jogo é bastante competente, apresentando gravações dos motores de cada veículo nos vários momentos de atividade – aceleração, travagem, reduções e aumentos das velocidades. A música é largamente um assunto para esquecer, já que não consegue ser minimamente memorável.

Opinião Final:

TT Isle of Man 2 é um jogo para fãs sérios da modalidade dos motociclos. Não é apenas para quem gosta de motas e quer dar umas voltas, é necessário querer aprender como conduzir mesmo a sério um daqueles monstros. Traz consigo incríveis sensações de velocidade, mas consegue ser imensamente frustrante para jogadores mais casuais à procura de um divertido jogo de motas.

Do que gostamos:

  • Incríveis sensações de alta velocidade, muito arriscadas, mas altamente recompensadoras;
  • Para quem procura simulação, não precisa de procurar mais, é o melhor simulador que existe!
  • Modo de carreira muito competente, embora com algumas falhas.

Do que não gostamos:

  • Não tem modo arcade;
  • Implementa algumas mecânicas que não fazem sentido, tais como penalizações por recomeçar a corrida, ou a função de respawn.

Nota: 8/10