Untitled Goose Game (Switch) – Análise

Untitled Goose Game já nos chegou às mãos há mais de um ano, por cortesia da House House. O jogo foi um fenómeno, permitindo aos jogadores realizarem sonhos que nem sabiam ter, nomeadamente de encarnarem um ganso que só faz asneiras, numa pequena região campestre inglesa.

O ambiente remonta a cenários da ruralidade britânica, lembrando séries e filmes que retratam esta realidade. Cenários idílicos, pacíficos, casas rodeadas por campo e um ribeiro, toda uma paz que é subitamente quebrada por um “honk”. E, do nada, os habitantes começam a descobrir que lhes faltam pertences e que, provavelmente, estes estarão a boiar no ribeiro.

Sim, é um ganso a fazer bullying a um miúdo.

A jogabilidade é simples. Utilizamos o analógico para controlar o ganso, o botão A para agarrar objetos e o Y para fazer “honk” e assustar algumas pessoas. Podemos correr pelo cenário e também abaixar-nos, para nos podermos esconder e assim conseguir melhores oportunidade de fazer asneiras na vila e maldades aos seus habitantes. Os controlos são logo bem explicados na sequência inicial e é muito fácil de pegar no jogo de imediato e começar logo a explorar o cenário.

Quando chegamos a uma determinada área, temos acesso a uma lista de objetivos com coisas tão variadas como obrigar alguém a comprar o seu próprio objeto pessoal, pôr a lavar roupa, encurralar um miúdo numa cabine telefónica – ou seja, tudo boas ações por parte do nosso belo ganso. Como seria de esperar, os habitantes da vila não ficam muito satisfeitos por ver o nosso ganso e tentam não só enxotá-lo, mas também recuperar os seus pertences, dificultando-nos assim as nossas tarefas. Esta reação obriga-nos assim a não só optarmos por uma abordagem furtiva, mas também estratégica. Untitled Goose Game deixa-nos a pensar como abordar determinados objetivos da melhor maneira, mas nunca chega ao ponto de ser tão difícil que se torne frustrante. Aliás, é a tentativa e erro que tornam a experiência ainda mais divertida, à medida que tentamos levar avante as nossas asneiras e por vezes nos vemos obrigados a fugir de asas no ar.

Este jogo é mais violento do que esperava…

À medida que vamos completando os objetivos de determinada área, eventualmente conseguimos desbloquear uma passagem para a área seguinte, onde teremos uma nova lista de objetivos. Estas áreas estão interligadas, não só pelas passagens desbloqueadas, mas também por outros caminhos ligados por portões que vamos podendo abrir. Ou seja, podemos sempre voltar a áreas anteriores e o jogo consegue transmitir a sensação de que estamos mesmo numa pequena vila rural.

Para mim, o único ponto fraco de Untitled Goose Game é efetivamente a sua duração. O preço de um jogo não deve de todo ser proporcional à duração da sua experiência – o que mais tempos são títulos cheios de palha para dar a ilusão de muito conteúdo – mas Untitled Goose Game é particularmente curto. Conseguem acabá-lo em poucas horas (três a quatro) e depois de saberem como resolver os puzzles para atingirem todos os objetivos, é difícil ter muita motivação para voltar a jogar tudo de imediato. É certo que os objetivos extra e o desafio de completar cada cenário em 6 minutos prolonga um pouco a experiência, mas gostaria muito de ver mais cenários e mais oportunidades de o ganso pôr a sua capacidade de asneira à prova.

Fazer porcaria é sempre muito mais giro a dois.

A diversão que advém da experiência de jogar Untitled Goose Game não provem só do jogo em si e das suas mecânicas, mas também da abordagem do próprio jogador. E isso é ainda mais notório no novo modo para dois jogadores, incluído num update gratuito que a House House lançou recentemente e que motivou a nossa análise. O modo cooperativo é local e coloca dois jogadores a controlarem cada um o seu ganso – distinguíveis através do formato e cor do seu bico e do som do seu “honk” respectivo.

Ambos os gansos partilham o mesmo ecrã, não existe aqui split screen e assim não é possível os gansos afastarem-se muito um do outro, uma vez que ambos têm obrigatoriamente de aparecer em simultâneo no cenário. Isto faz com que os jogadores sejam obrigados efetivamente a trabalhar em equipa. Pode trazer algumas dificuldades caso comecem a pensar em estratégias mirabolantes (como um distrair o agricultor e o outro levar as coisas para a manta de piquenique), mas ajuda a dar algum rumo quando temos jogadores que preferem ignorar os objetivos e começam a causar o caos à primeira oportunidade. Uma asneirada controlada, podemos dizer.

Se Untitled Goose Game já era divertido a solo, agora ainda é muito melhor. É um jogo que se presta na perfeição a um modo cooperativo local e que garante muitas gargalhadas. Este novo modo também ajuda a prolongar um pouco a longevidade de um jogo cuja experiência original é, apesar de muito divertida, um pouco curta de mais.

Opinião Final:

Untitled Goose Game é um jogo que prova que, por vezes, um jogo simples e curto consegue ser uma experiência mais memorável para os jogadores do que outros títulos mais elaborados. Com este update, que adiciona um modo cooperativo local para dois jogadores, a House House cimentou Untitled Goose Game como um jogo divertidíssimo para todos os jogadores, sozinhos ou com família e amigos. Fazer asneiras numa vila rural nunca foi tão divertido.

Do que gostamos:

  • Controlar um ganso a pregar partidas é a experiência que todos precisamos na vida;
  • Jogo muito fácil de pegar e de jogar;
  • Modo cooperativo local é gratuito e eleva a experiência de jogo;
  • Fazer porcaria numa vila é bem mais divertido a dois!

Do que não gostamos:

  • Infelizmente, o jogo é mais curto do que o que gostaríamos.

Nota: 9/10