WRC 8 – Análise

Na vida, muitas vezes temos de olhar para os melhores para tentar acompanhá-los, seja em que circunstância for. Na escola a jogar futebol enquanto vemos o craque da nossa turma a fazer proezas que achamos impossíveis de acompanhar, os melhores alunos da turma ou até os nossos próprios objetivos. Podemos fazer assim a dramatização do que ocorre entre WRC da Kylotonn e o DiRT da Codemasters, sempre duas, três, quatro curvas à frente, com o seu recente Rally 2.0 a ser capaz de evoluir o próprio conceito de videojogo off-road. Ao longo dos anos, WRC passou por muitas mãos, que assinaram muitos contratos, distorcendo a mensagem com uma conversa perturbada na linha da simulação e arcade. WRC 8 melhora esta imagem, acreditando sempre em um melhor rally, para todos. Contudo, têm faltado alguns ajustes à mecânica de condução, cuja ausência não tem permitido a WRC passar a linha de um bom jogo a um grande jogo.

WRC 8 leva-nos ao terreno do campeonato mundial, com 14 cenários maravilhosos e difíceis, que parecem estar em perfeita harmonia com a realidade. A superfície pela qual o nosso veículo se desloca está bastante aproximada à realidade, sentindo-se a tração, como se a máquina e a gravilha estivessem separadas por uma camada protetora muito fina – uma espécie de conservante -, existindo variações interessantes, como por exemplo nos cenários com neve da Suécia, onde se nota perfeitamente o efeito do aquecimento global.

É precisamente esse sentimento de inércia que é muito tímido aqui, tornando a condução pouco saborosa, mas fisicamente viável, especialmente no manuseio extremamente perigoso dos solavancos e buracos. O terreno não transmite perigo ao jogador, comunicando-se secretamente somente com o carro e levando a incidentes difíceis de ler, prever e digerir. Não é bom para as físicas renovadas, que deveriam ter sido implantadas nesta edição. Contudo, a percepção muda se deixarmos o ABS e o TCS ativos, evitando a condução pura, indo até contra a natureza de alguns entusiastas. A dissonância de superfície/controlo desaparece, o carro tende a deixar o seu comportamento realista e entra no terreno do semi-arcade.

É um modelo de direção tão oxidado e leve, porém mais nervoso do que sinuoso, que consegue induzir sensações agradáveis ​​ao invés de musculares e rigorosas. As etapas únicas e a sensação de estar a disputar um campeonato de rallys ajuda em muito à imersão e à intrusão a longo prazo neste novo WRC. A microgestão da equipa, com funções específicas que desbloqueiam certas vantagens – como um bom meteorologista capaz de prever as condições da próxima etapa – gestão das nossas finanças, o planeamento de calendário, e a seção fantástica de pesquisa e desenvolvimento na qual se pode gastar pontos para ganhar bónus de dirigibilidade. Aqui, todos os elementos são devidamente apresentados e bem construídos, dando prazer ao jogador de progredir e continuar ligado a esta aventura poeirenta. O campeonato é também desafiante e as provas únicas dão-nos o flavour da transposição para a magia das pistas e das suas façanhas e artimanhas, que quando dominadas nos fazem sentir um verdadeiro Sebastian Loeb.

Visualmente, o jogo é bastante credível, com cores vivas e um ótimo desempenho na recriação dos países que correspondem ao circuito mundial de WRC. Relativamente ao seu desempenho, foi possível constatar que tudo corre com uma fluidez limitada, reduzida para metade em relação ao recomendado num jogo que exige reflexos e uma resposta dinâmica e mais fluido. O jogo corre, portanto, a 30fps, que empurram o WRC 8 ainda mais para a borda da simulação, tornando a visão do volante quase que impraticável. Os 60 frames por segundo devem ser padrão no género, e é precisamente o nível de detalhe na condução que nos coloca em dificuldade quando sentimos que não podemos alcançar determinados objetivos, borrando a pintura e penalizando o título. Do ponto de vista dos cenários, o título brilha em torno de si próprio, com toda uma série de nuances que permitem aprimorar as 100 etapas. Amanhecer, pleno dia, pôr do sol, aguaceiros, chuva, céu nublado, fortes nevões, noite: é sempre maravilhoso estar envolto numa sonoplastia da natureza que promove um som tão crocante como o dos pneus a gravilhar pela estrada fora.

Opinião Final:

WRC 8 apresenta-se ligeiramente melhor do que a sua versão anterior, porém muito longe de corresponder ao necessário para conseguir estar ao nível da concorrência. Há problemas nucleares na condução que não podem ser ignorados, mas sim progressivamente corrigidos, e é isso que todos nós, apreciadores deste nobre desporto, esperamos.

Do que gostamos:

  • Pistas oficiais;
  • Modo carreira;
  • Ambientação.

Do que não gostamos:

  • Condução imprevisível;
  • Performance duvidosa.

Nota: 6,5/10