Yo-Kai Watch 3 (3DS) – Análise

Yo-Kai Watch sempre teve um grande adversário a enfrentar, no que toca à popularidade no Ocidente. O outro franchise com monstros de bolso era inegavelmente mais popular e Yo-Kai Watch sempre correu o risco de cair no esquecimento. Felizmente, parece não ter sido esse o caso e é com prazer que vemos a Level-5 a assumir completamente a localização dos vários títulos de Yo-Kai Watch – nomeadamente o terceiro título da série.

Ao contrário de Yo-Kai Watch 2, não recebemos todas as versões do jogo (Sushi, Tempura e finalmente Sukyaki) – ao invés disso, recebemos algo muito melhor, uma espécie de Sukyiaki+ que acaba por juntar todas as versões de Yo-Kai Watch 3, funcionando assim quase como uma versão Gold das variações originais. Os mais puristas poderão sentir-se incomodados com esta decisão, mas não podemos esquecer que Yo-Kai Watch não tem definitivamente o reconhecimento e a quantidade de fãs que outros jogos similares têm – construídas durante largos anos, com nomes reconhecidos em qualquer lar.

Assim, a Level-5 acabou por tomar uma decisão mais segura, é certo, mas que também nos traz a versão definitiva de Yo-Kai Watch 3, sem obrigar o jogador a comprar várias versões. Em Yo-Kai Watch 3 temos a possibilidade de jogar com duas personagens – Nate ou Hailey Anne – saltando entre as duas narrativas que, inevitavelmente se irão entrelaçar.

Nate muda-se com a sua família para St. Peanutsburg, situado no país BBQ. Sim, adivinharam, Nate mudou-se para uma espécie de Estados Unidos da América, onde toda a gente fala com um sotaque e expressões cerradamente texanas, de modo a dar a sensação de uma verdadeira mudança de ambiente. Nate sente-se um peixe fora de água (Whisper e Jinbanyan não ficam de fora) mas rapidamente isso se resolve quando coisas estranhas começam a acontecer e, claro, começam a acontecer sarilhos com Yo-Kai. Do outro lado do mundo, em Springdale, entra em cena Hailey Anne – uma rapariga facilmente impressionável e que acaba por abrir a sua agência de detetives com Usapyon, após obter também ela um Yo-Kai Watch. A juntar-se à loucura do costume estão dois agentes do FBI… perdão, FBY, a resolverem caso dos Y-Files e que têm uma grande semelhança a dois agentes bem famosos.

Desta vez, podemos não só jogar com Nate mas também com Hailey-Anne.

O jogador pode facilmente trocar entre personagens mas o jogo faz questão de que ninguém perca pitada, avisando quando é hora de trocar e assim seguir o enredo da melhor forma. A troca entre personagens acaba também por servir como um bom reavivador de ritmo do jogador. Cada personagem tem a sua equipa de Yo-Kai, bem como as suas quests e cenários para explorar. É quase como ter dois jogos em um.

Para além destas novidades, Yo-Kai Watch 3 aparenta à primeira vista não ter mudado muito face aos seus antecessores. Mas à medida que vamos avançando, começamos a perceber que existem algumas coisas novas que ajudam a que o jogo seja familiar mas ao mesmo tempo mais completo. O combate alterou, oferecendo agora uma alternativa um pouco mais estratégica. Desta vez, a nossa equipa está distribuída numa espécie de tabuleiro, sendo que o jogador terá de os movimentar estrategicamente, quer para conseguir atacar o adversário pretendido quer para fugir a um determinado ataque.

O posicionamento dos nossos Yo-Kai serve tanto para determinar a direção do ataque, bem como para ajudar a melhorar temporariamente as habilidades da nossa equipa. Certos Yo-Kai junto a outros fazem uma espécie de link, complementando-se e fazendo assim com que ambos ganhem certos buffs – melhorando as suas perspectivas na batalha. Mantêm-se os minijogos para os ataques especiais, mas esta nova componente estratégica ajuda a adicionar uma maior interação na porção do combate, envolvendo mais o jogador e obrigando a uma maior participação.

O combate é agora mais estratégico, obrigando a planearmos bem a nossa equipa.

Yo-Kai Watch 3 não é feito apenas de combate. O minijogo Terror Time está de volta, adicionando uma nova mecânica que irá certamente aumentar o nível de stress do jogador. Para poder fugir da dimensão terrorífica, o jogador terá de obter uma chave especial. Esta chave estará perdida no mapa… ou na posse de algum demónio, o que dificulta consideravelmente a fuga. A juntar-se ao tema aterrorizante, temos agora a Zombie Night. Este minijogo apenas é acessível em St. Peanutsburg e coloca-nos no meio de uma espécie de survival horror, com Nate armado com um martelo e uma horda de zombies, à qual temos de sobreviver.

Blasters não foi de todo esquecido e volta à carga em Yo-Kai Watch 3, com o nome de Blasters T. Para os fãs do primeiro Yo-Kai Watch Blasters, poderão folgar em saber que este modo de jogo funciona quase como uma espécie de demo, dando um vislumbre do que temos em Yo-Kai Watch Blasters 2. Estes são apenas alguns dos minijogos e extras que permeiam o mundo de Yo-Kai Watch 3 e que ajudam a tornar a experiência um pouco mais profunda e variada. Para aqueles que não adoram este tipo de apartes, poderão folgar em saber que não são obrigatórios – excepto em algumas partes da história em que acabam por servir de introdução ao minijogo.

Para os mais desatentos, Yo-Kai Watch 3 pode aparentar ser mais do mais mesmo. No entanto, mostra na perfeição aquilo que a série pode oferecer – principalmente considerando que está para breve o salto para a Nintendo Switch, com toda uma nova perspectiva a acompanhar. Pode não ser tão popular como outras séries similares, mas para mim, Yo-Kai Watch tem um encanto inigualável, misturando criatividade com folclore e criando uma experiência de jogo variada e que pode perfeitamente agradar tanto aos mais novos como aos mais velhos. Yo-Kai Watch não se limita apenas a ficar pelo conceito de acumular amigos ou “monstros”. O terceiro título da série veio mostrar que a Level-5 está bem interessada em explorar as histórias que Springdale tem para oferecer, bem como as potencialidades de jogo que o mundo de Yo-Kai esconde.

Opinião Final:

Yo-Kai Watch 3 pega naquilo que tornou os títulos anteriores tão bons e melhora ainda a experiência, adicionando ainda mais conteúdo e duplicando a diversão com duas personagens com quem jogar. Continua encantador e uma experiência excelente e mal podemos esperar por ver como será a próxima aventura de Yo-Kai Watch na Nintendo Switch. A julgar pelo progresso até então, será simplesmente espectacular.

Do que gostamos:

  • O novo tabuleiro estratégico de combate;
  • A possibilidade de jogar com duas personagens diferentes;
  • A quantidade de coisas para fazer, para além de travar amizade com Yo-Kais.

Do que não gostamos: 

  • As diferenças são significativas mas fica sempre um pouco a sensação de que é apenas mais do mesmo.

Nota: 9,5/10