Yuso – Análise

Com cada vez mais incentivos, como competições e cursos especializados, a produção de videojogos em Portugal tem vindo a crescer, com equipas a proliferar e a criar experiências interativas cada vez mais diversificadas e completas.

Uma dessas equipas é a Vertical Reach,que no passado mês de julho nos trouxe Yuso, um simples e colorido jogo de quebra-cabeças, para o Steam e para a Switch através da Nintendo eShop, passando a ser o segundo jogo português na loja digital da consola híbrida da Nintendo. Sendo um jogo de quebra-cabeças, Yuso não se sente na necessidade de apresentar um enredo complexo. Uns monstrinhos cujo nome dá o título ao jogo infestaram (por razões que descobrimos mais perto do final do jogo, se completarmos tudo por ordem) os planetas do Sistema Solar, cabendo-nos a nós livrar-mo-nos deles e restaurar o equilíbrio nos mesmos. Por isso, partimos numa viagem interplanetária, começando, é claro, pelo pequeno Mercúrio.

Em todos os planetas encontramos uma figura correspondente a cada um (e com o respetivo nome), que são uma versão moderna e diferente de associar entidades antropomórficas aos 8 planetas do Sistema Solar. Estas, ao chegarmos pela primeira vez ao planeta, recebem-nos e pedem a nossa ajuda, e, quando finalmente nos livramos de todos os Yuso que estão a infestar o corpo celeste, congratulam-nos em forma de despedida.

Mas, deverão estar a questionar-se, como se podem exterminar estas criaturas? É aqui que precisamente entram os quebra-cabeças. Cada planeta está dividido em 10 níveis, a cada qual corresponde um puzzle. Nestes, vamos explodindo com os Yuso, alinhando-os em grupos de duas ou três criaturas da mesma cor na vertical ou horizontal. Ao explodirem, dependendo do Yuso que selecionamos como centro da explosão, esta afetará as suas periferias (ou seja, todos os Yuso que estão diretamente na horizontal, na vertical ou nas diagonais do Yuso selecionado), destruindo os da mesma cor, mudando a cor dos Yuso em volta que tenham uma cor diferente, e mais. Elementos vão sendo adicionados sobre esta base, como Yuso a dormir e bombas de certas cores, mas não muito mais. Estes são, no entanto, suficientes para criar uma diversidade adequada para a duração da campanha.

Apesar de existirem uns quantos quebra-cabeças desafiantes, acabarão este jogo facilmente numa tarde, sendo esta uma experiência bastante simples e curta. Muito do desafio que estende a longevidade deste jogo prende-se a um esquema de tentativa e erro que não é, no entanto, frustrante. A funcionalidade de recuar rapidamente os nossos movimentos para percebermos mais claramente o que acontece ao explodir certo Yuso é muito útil e permite que o jogo não se torne aborrecido. A dificuldade irá aumentando ao longo do jogo, e de forma justa, embora tenha sentido que puzzles pontuais causavam muito mais dificuldade do que qualquer um dos que se lhe seguiam ou vinham anteriormente, como um dos quebra-cabeças na Terra. Mesmo curta, esta não deixa de ser uma divertida e fundamentalmente boa experiência, durante as poucas horas que levamos a concluí-la.

As personagens correspondentes a cada planeta são muito próprias e carismáticas.

Quando se afirma que neste jogo se explode com criaturas, tal poderá sugerir algo de sanguinário, visceral e brutal. Yuso, no entanto, não poderia estar mais longe de ser um jogo com estes elementos. É, muito pelo contrário, um jogo com uma apresentação não apenas bastante colorida, como já referimos, mas especialmente apelativa pelos desenhos à mão destes monstrinhos e das personagens de cada planeta. Estes dois elementos em conjunto têm como resultado um jogo que derrete o nosso coração pela fofura que os seus visuais nos transmitem.

O acompanhamento musical traz uma série de faixas upbeat, mas relaxantes, que entram em sintonia com o efeito que a arte do jogo, o aspeto das personagens e os efeitos sonoros de explodir Yuso pretendem criar: algo uplifting e que nos relaxe. Contudo, a música pode passar facilmente despercebida dada a diferença no volume entre o som dos efeitos sonoros de interagir com o jogo e a música de fundo, o que poderão facilmente corrigir nas definições do jogo.

Opinião Final:

Apesar de curto e bastante simples, Yuso agradou-nos muito pelos seus visuais, a música que acompanha o jogo, e por ser divertido simplesmente tentar resolver os 90 puzzles que o jogo contém. Gostávamos que esta experiência tivesse sido mais longa, mas as poucas horas que passámos com o jogo foram bastante agradáveis e são um bom presságio para os próximos projetos da Vertical Reach, pelos quais esperamos ansiosamente.

Do que gostamos:

  • Direção artística do jogo…
  • Que cria juntamente com a banda sonora um efeito uplifting e relaxante;
  • Personagens únicas correspondentes a cada planeta;
  • Contém 90 puzzles divertidos de completar.

Do que não gostamos: 

  • Pedia-se por uma campanha mais longa…;
  • Até porque não existem incentivos para repetir os puzzles;
  • Porventura falta de introdução de mais elementos em fases mais avançadas do jogo.

Nota: 7/10

Esta análise foi redigida com base num código para a versão Switch, que nos foi gentilmente cedida pela própria equipa que o criou, Vertical Reach.