Análise – Nioh – Honra Desafiante

A continuar o arco de história iniciado no primeiro DLC, “O Dragão do Norte”, Honra Desafiante, leva agora William Adams numa nova aventura até à região de Osaka, para enfrentar aquele que é até hoje considerado o último grande samurai do Japão, Yukimura Sanada.

Apesar de ser altamente aconselhado a nível de narrativa que tenham primeiro jogado “O Dragão do Norte” é possível iniciar a vossa aventura pelos DLCs de Nioh já em Honra Desafiante. Porém, além da narrativa perder pontos importantes, a própria dificuldade vai exigir que o jogador tenha muita experiência com Nioh, pelo que aconselhamos a que se forem começar esta DLC, estejam já no nível 180.

Como já havia sido mencionado na análise ao jogo principal, Nioh foi muito influenciado pela série Souls, tendo no entanto conseguido fazer algo em que muitos outros falharam: criar uma identidade própria, e não apenas isso, mas ir buscar inspirações a outros jogos, como é o caso, ainda mais visível nesta DLC, de Ninja Gaiden, não por acaso desenvolvido também pela Team Ninja. Nioh é um jogo que faz uso, de maneira saudável, de uma combinação homogénea entre história e mitologia japonesa para criar um mundo único.

Desde sempre uma das características dos jogos da Team Ninja é criar uma narrativa política ficcional, de maneira a reescrever a história do Japão com licenças criativas, e Honra Desafiante não foge a este padrão, reconstruindo o Cerco de Osaka, evento real que aconteceu entre 1614 e 1615, adicionando-lhe espíritos, demónios e outras criaturas místicas, características da mitologia japonesa.

Por trazer um combate não tão “poluído” onde o jogador enfrenta hordas e hordas de inimigos, Nioh consegue oferecer ao jogador uma visão muito mais clara e cadenciada dos acontecimentos, e, neste ponto, Honra Desafiante, até por se centrar num momento muito negro da história do Japão, torna tudo ainda mais intenso. A guerra definitivamente não tem uma “face gentil”, os jogadores iniciam a sua jornada nesta DLC diretamente no campo de batalha, com ambos os lados a sofrer baixas, a estarem cansados e muito sangue a já ter irrigado aquelas terras, já que nem todas as armas sabem diferenciar inimigo de aliado.

Se tudo o que enfrentaram no jogo principal e na última DLC não foi suficiente para vos quebrar, esta experiência inicial pode marcar a diferença entre quem vai seguir adiante e quem abandonará o jogo. As forças de Sanada estão a proteger a todo custo o seu líder e para isso fazem uso de setas flamejantes que são disparadas com poucos segundos de diferença, cabendo a William, fazer uso das trincheiras para explorar o terreno e neutralizar ponto a ponto cada torre de arqueiros.

O simples facto de sobreviver aos arqueiros já será um desafio dos mais difíceis até ao momento, e, se não fosse suficiente, ainda haverão inimigos estrategicamente posicionados durante todo o caminho, e isto representa apenas metade do caminho que William terá que percorrer até chegar ao seu objetivo final, a fortaleza de Sanada Maru. Após muitas mortes e uma grande dificuldade, quando ultrapassarem este primeiro desafio, Honra Desafiante vai levar-vos numa viagem mais tradicional, substituindo as áreas abertas por locais mais fechados e com múltiplos caminhos a serem seguidos, que percorrem toda a fortaleza.

Enquanto “O Dragão do Norte” trazia consigo três missões principais, Honra Desafiante traz apenas duas, algo que ao início pode dececionar alguns jogadores, mas é neste momento que surge a habilidade da Team Ninja em trazer qualidade aliada a quantidade. Apesar de serem poucas na sua quantidade, ambas as missões valem muito a experiência, já que aliam um excelente planeamento narrativo a uma longa exploração com novos inimigos, de entre os quais se destacam os cães samurai. Sim, não leram mal, apesar de historicamente ser algo ainda discutido pelos historiadores se realmente existiram, e com a sua utilização ainda limitada a animes como Naruto, Honra Desafiante traz como um dos inimigos cães armados, e podem ter a certeza que rapidamente vão aprender a odiá-los devido ao facto de nunca estarem sozinhos.

A DLC também traz objetivos opcionais como eliminar as torres de arqueiros já citadas ou enfrentar os guerreiros da confiança de Yukimura Sanada, objetivos que não são exatamente obrigatórios, mas que são sempre importantes para uma experiência mais rica e uma maior longevidade. Além disso, haverão também as missões secundárias, que assim como foi referido na análise à DLC anterior, reutilizam alguns cenários e inimigos com breves modificações. No entanto, apesar de não terem a mesma emoção das missões principais, são sempre interessantes e prolongam ainda mais a permanência do jogador neste mundo.

E é justamente nas missões secundárias que surge uma das que mais gostei de completar em Nioh. Afastada das confusões e horrores da guerra, a missão de que falo tem como palco uma Inari, local sagrado de grande beleza e imponência, iluminado pelas clássicas lanternas vermelhas que iluminam as ruas e casas a meio da noite, criando uma ambientação que, ao mesmo tempo, traz uma beleza indescritível mas também de muito mistério.

Inari com certeza vai tornar-se um dos lugares favoritos dos jogadores de Nioh, mas todas as rosas têm espinhos, e neste caso o espinho será um novo tipo de Yokai, que se apresenta na forma de raposas brancas. Apesar de serem extremamente letais, também combinam perfeitamente com este local já que, ao contrário doutros, estas raposas deixam de lado a aparência assustadora para dar lugar à majestosidade que combina tão bem com esta ambientação. A complementar esta ambientação de mistério, o local tem ainda várias esculturas que, a depender da posição em que estejamos, podem aparecer ou desaparecer.

Honra Desafiante também traz um novo tipo de arma, as Tonfas, pelas quais desde sempre fui apaixonado devido à sua simplicidade,  e a possibilidade de esconder uma arma que pode fazer tremer até os demónios mais poderosos. Ao contrário da Odachi oferecida em “O Dragão do Norte”, as Tonfas são uma arma mais indicada para quem procura versatilidade nos combates, sendo armas que embora sejam mais modestas na sua potência, ganham na velocidade dos seus ataques, velocidade essa que se traduz, por fim, num maior consumo de stamina.

Além disso, haverão dois novos Espíritos Guardiões, Enku e Nurarihyon, que mais uma vez irão auxiliar William na sua jornada, mas que requerem do jogador que complete um desafio antes de os obter. Por último, um novo nível de dificuldade chamado “Caminho do Sábio” (equivalente ao NG+++) traz, além de um maior desafio, novos itens, o que é uma bela maneira de aumentar ainda mais a vida útil do jogo.

Opinião final:

Em resumo, é quase um padrão que o capítulo central de uma trilogia seja mais obscuro e lento, com uma história densa, e Honra Desafiante não foge muito a esse padrão com uma ambientação rica em detalhes, uma história profunda e uma visão sobre a guerra sem máscaras. Honra Desafiante oferece uma ligação exemplar entre este novo arco que começou em “O Dragão do Norte” e que irá finalizar em “O Final do Conflito”. Um novo capítulo que vem ampliar ainda mais uma história com novas ambientações, inimigos, armas e bosses de que dificilmente um fã de Dark Souls e Ninja Gaiden se irá esquecer, deixando todos os jogadores ansiosos por descobrir como será o final deste arco que está cada vez mais próximo do fim.

O DLC Honra Desafiante já está disponível e pode ser adquirido separadamente, por 9.99€, ou através do Season Pass, por 24.99€.

Do que gostamos:

  • Um arco narrativo que cada vez se torna mais denso, colocando o jogador desta vez no início do Cerco de Osaka;
  • Novas ambientações com uma grande diversidade, com destaque para o Monte Inari;
  • Nova arma que traz um grande diferencial ao estilo de combate, aliando movimentos defensivos e ofensivos com grande rapidez;
  • Grande variedade de conteúdos que ajudam a aumentar ainda mais as horas de jogo.

Do que não gostamos:

  • Mais uma vez a história principal, se olhada de maneira individual, pode parecer demasiado curta;
  • Novamente acontece uma reciclagem de conteúdo para as missões secundárias.

Nota: 9/10