Análise – Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice

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No passado dia 8 de setembro, a Capcom lançou finalmente Spirit of Justice – o 6º título da série principal Ace Attorney – nos mercados ocidentais, marcando assim a chegada do segundo jogo da série à Nintendo 3DS num espaço de três anos.

Para os que chegaram agora a este universo, ou os que ouviram falar da mesma, mas à qual ainda não deram uma oportunidade, é relevante explicar desde já que todos os casos (sim, trabalhamos como advogados numa firma pessoal e bastante peculiar) dos jogos da série principal desta franquia são constituídos por 2 fases. A primeira, em que se faz investigação e se anda de um lado para o outro atrás de pistas ou algum detalhe que tenha escapado de maneira a vencer o caso, que acaba no tribunal, que é exatamente a segunda fase, onde encontramos pela frente as mais extravagantes testemunhas e os perspicazes e ferozes prosecutors que estão sempre prontos a conseguir um veredito de «Guilty» a qualquer momento.

Se quiserem ficar a saber com mais detalhe como funciona esta série e quais as minhas experiências com a mesma, num registo mais informal, podem aceder ao sexto capítulo da nossa crónica bissemanal.

Neste jogo, embora o espírito de justiça esteja sempre presente nos vários lançamentos, a expressão Spirit of Justice ganha ainda um sentido literal, uma vez que todo o jogo gira em torno do facto de se poder contactar com os espíritos das vítimas e assim ficarmos a saber o que aconteceu nos exatos momentos antes das suas mortes.

Ou, pelo menos, é o que acontece em parte do jogo, uma vez que enquanto Phoenix Wright está neste excêntrico país, Apollo e Athena continuam a trabalhar na Wright Anything Agency normalmente, sem grandes novidades face aos jogos anteriores.

A presença de temas, casos e até mesmo mecânicas de jogo baseados em atividades paranormais não é novidade na série, uma vez que Maya – uma das personagens recorrentes em muitos dos jogos (e que, para grande tristeza de fãs como eu, ficou de fora dos últimos 2 lançamentos) – sempre esteve ligada, tal como a sua prima, Pearls, e a sua mãe, Misty, ao oculto e está agora encarregue de honrar o papel que lhe foi atribuído de nova líder do clã Fey.

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Maya está muito crescida, quase irreconhecível. Há quanto tempo ela e «Nick» não se vêm, mesmo?

Spirit of Justice marca então o retorno de Maya, depois de 8 anos sem aparecer, o que, para entusiastas que querem mais (especialmente depois do teaser no final de Dual Destinies) são grandes notícias.

Para além do facto de Maya voltar, existem várias personagens baseadas no oculto e no contacto com espíritos, como o novo prossecutor – o nosso principal adversário durante os vários casos – a sacerdotisa Rayfa, entre outras.

Existem ainda novas mecânicas que foram implementadas justamente relacionadas com esta atenção dada à espiritualidade neste novo jogo, sendo a principal as Insights, através da Divination Séance.

Basicamente, esta mecânica funciona do seguinte modo. A sacerdotisa Rayfa faz a Dance of Devotion, um ritual para chamar os espíritos, fazendo posteriormente com que as últimas experiências da vítima sejam apresentadas num pequeno lago no meio do tribunal. Vemos, portanto, o que a vítima viu momentos antes de falecer, para além de ser apresentado, através de palavras que vão aparecendo no decorrer da visão, tudo o que ele experienciou com os restantes 4 sentidos.

Claro está que todas estas experiências apontam «indubitavelmente» para que o nosso cliente seja o culpado, ficando ainda mais difícil para Phoenix Wright conseguir provar as suas inocências. Para além disso, o sistema judicial é bastante penoso em relação aos advogados de defesa… pelo que perder não é, de todo, uma opção.

Tirando estas novidades, presentes no sistema jurídico excêntrico de Khura’in, não há muito de novo em Spirit of Justice, tirando algumas melhorias técnicas (que leva a um outro nível o que já estava bastante positivo em Dual Destinies), embora continuem a existir (se bem que em menor quantidade) alguns problemas com o funcionamento do 3D da Nintendo 3DS, que tanto funciona perfeitamente como apresenta, irremediavelmente, uma imagem desfocada em alguns segmentos do jogo.

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No reino de Khura’in, quem pode comunicar com os espíritos é que manda.

Assim, é apenas quando estamos a jogar com Phoenix Wright que sentimos as principais diferenças deste jogo, sendo a maneira como jogamos com Apollo e Athena muito idêntica à já oferecida em Dual Destinies. Existe, portanto, uma inconsistência nas mudanças aplicadas à competição.

Spirit of Justice acaba, portanto, por seguir as pegadas dos jogos que o antecederam e, mais uma vez, não nos deixa desapontados, apresentando um leque vastíssimo de personagens memoráveis pelas suas características, feitios e aspetos únicos. Mesmo o prosecutor, a que torci inicialmente o nariz, mostrou estar à altura dos restantes da série, trazendo consigo o toque oriental (baseado nas tribos do Tibete, pelo que supus) e a calma que falta a muitos outros fãs da série.

Tirando eventuais problemas com o efeito 3D e o facto de o balanço de novidades não estar positivo, tudo o resto corre bem neste novo Ace Attorney, desde a parte técnica até ao enredo, passando pelos cenários vibrantes em cor.

Dito isto, podem esperar deste jogo um retorno verdadeiramente memorável de uma das personagens mais emblemáticas da série, para além de um enredo tenso e que se vai intensificando à medida que vamos avançando no jogo, até que… digamos que um acontecimento de peso acontece (ou não) em Khura’in.

Ao contrário das mudanças e novidades, o enredo está bem distribuído neste jogo, sendo que numa parte posterior do jogo as histórias de Apollo, Athena e Trucy, na cidade, se cruzam com a de Phoenix, no místico reino de Khura’in, com consequências inimagináveis.

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Phoenix Wright volta a estar no centro da confusão. O que será desta vez?

Tal como nos restantes jogos da série, o bom humor, aliado a uma boa dose de pensamento crítico, de vingança, de justiça etc. fazem do jogo uma grande companhia para os que jogam sobretudo por causa do enredo, das relações entre os personagens, das suas evoluções etc.

A banda sonora continua a deslumbrar com vários temas originais e com um ritmo bastante agradável e viciante, que nos fica na cabeça durante horas, ou, em alternativa, nos vem à memória de vez em quando, por breves momentos de satisfação.

Opinião Final:

Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice vem continuar de forma honrosa o legado que a série foi deixando nesta última década. Nomes e ações de personagens engraçadas, referências a outras séries, um enredo de ler e chorar por mais fazem de jogos como Spirit of Justice títulos obrigatórios para quem tem uma Nintendo 3DS.

Do que gostamos:

  • Melhorias técnicas face ao que já estava bastante bom em Dual Destinies;
  • Enredo envolvente, ao nível do que estamos habituados na série;
  • Novo reino e personagens excêntricos introduzem novas mecânicas;
  • Reencontro com personagens memoráveis (que estão completamente diferentes);
  • Jogabilidade desafiante e característica da série mantém-se.

Do que não gostamos:

  • Segmentos com problemas relativamente ao efeito 3D (imagem desfocada, não obstante o ângulo e distância em relação ao ecrã);
  • Muitas novidades durante os segmentos com Phoenix Wright, mas poucas nos restantes (com Apollo e Athena).

Nota: 9/10