Relíquias Japonesas: Séries que nos marcaram #6

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Foi há pouco mais de 3 anos que tive pela primeira vez contacto com a série Ace Attorney, uma das mais frustrantes, desinspiradas, pouco originais e desinteressantes séries de toda a história dos videojogos, tendo sido introduzida no Japão na altura do Game Boy Advance e mais tarde, já numa versão adaptada para a Nintendo DS, para todo o mundo.

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Ninguém fica indiferente aos tão conhecidos «Objection!».

Ok, ok… Admito. É mentira. Mesmo tendo aderido numa fase bastante tardia a este universo recheado de casos judiciais excêntricos (em vários sentidos, como verão), personagens bizarras e até mesmo sistemas jurídicos e mecânicas impensáveis, rapidamente me tornei num enorme fã da mesma, tendo já completado todos os jogos, tirando o spin-off Ace Attorney: Miles Edgeworth Investigations, que se foca mais na parte de investigação, como o nome sugere e será explicado mais à frente e o Professor Layton vs Phoenix Wright: Ace Attorney, que ainda não tive o prazer de experimentar.

Na verdade, Miles Edgeworth Investigations foi precisamente o primeiro jogo da série com que tive contacto, embora não o tenha completado (salvo erro fiquei-me pelo episódio 3) – uma vez que não entendia o conhecimento que os personagens tinham entre si, tendo-me decidido a explorar os jogos da série principal primeiro.

Assim, comecei a série pelo lugar errado. Mas não aprendi. Embora o segundo com que tive contacto tenha sido o primeiro da série – Phoenix Wright: Ace Attorney -, confundi o 3º jogo com o 2º, pelo que saltei diretamente do 1º para o Trials and Tribulations, tendo deixado para trás o Justice for All por pensar ser já o jogo com Apollo Justice como figura principal (que acabaria por ser o 4º).

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Não se preocupem se os casos já são super complicados. Personagens como Dick Gumshoe estão lá para confundir ainda mais as coisas.

Mais tarde nesse ano, saiu Phoenix Wright: Ace Attorney – Dual Destinies para a Nintendo 3DS e, como tive a sorte de o receber através de um passatempo, joguei-o antes do 2º e 4º jogos, pelo que tive contacto com Trucy e Apollo sem os conhecer muito bem, ficando apenas a saber por alto quem eram, graças às típicas introduções no início dos jogos.

Portanto, com isto tudo, acabei por jogar Ace Attorney até agora pela seguinte ordem: (Miles Edgeworth Investigations), Phoenix Wright: Ace Attorney (1º), Trials and Tribulations (3º), Dual Destinies (5º), Justice for All (2º) e finalmente Apollo Justice (4º). Não obstante se terem passado apenas 3 anos desde que entrei nesta série (e a maneira como o fiz ter sido bastante desastrada), a verdade é que esta é de longe uma das minhas favoritas de momento, esperando eu com grande expectativa cada novo lançamento e ficando triste quando estes nunca chegam aos mercados ocidentais, como o caso de Great Turnabout Trial: The Adventure of Ryūnosuke Naruhodō, que nos faz encarnar um antepassado de Phoenix Wright que vivia no início do século XX, em Londres, um jogo ao estilo de Sherlock Holmes mas que apresenta, ao mesmo tempo, todo o tom característico de Ace Attorney.

Antes de mais, acho que vale a pena referir que a série Ace Attorney é, no fundo, uma visual novel em que controlamos a ação maioritariamente ao escolher opções (ou, neste caso, provas para apresentar), embora também possamos fazer outras atividades que aproveitam as características dos sistemas Nintendo como o microfone, através da análise das impressões digitais, entre outras.

Não vou estar a falar muito de cada jogo individualmente, mas sim das melhores experiências que fui tendo, quais as adições que achei mais oportunas, os personagens mais carismáticos e com os quais simpatizei mais, etc.

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The real pain in the ass… Mas todos gostamos dele.

Tendo começado a jogar a série através de Miles Edgeworth Investigation, foi com grande surpresa que, ao pegar em Phoenix Wright: Ace Attorney, descobri um jogo completamente diferente do primeiro, com fases em tribunal que me deixavam rendido, o que, juntamente com o suspense comum aos vários casos e que, regra geral, vai aumentando até ao último, levou-me a ficar completamente viciado no jogo, o que, aliás, voltou sempre a acontecer.

Neste jogo fiquei a conhecer Phoenix Wright, um carismático e inexperiente advogado de cabelo espetado e fato azul, que, numa primeira fase em conjunto com a sua mentora, Mia Fey e, posteriormente, com a ajuda da filha da sua mentora (e companheira (quase) permanente ao longo de toda a série), Maya Fey. Com este(s) fui desvendando mistérios de uma maneira sem par no mundo dos videojogos, ou, pelo menos, como eu nunca havia experienciado.

Ao longo de todos os jogos, reparei na maneira sublime como a Capcom foi aliando tantas características num só jogo de uma maneira extraordinária, suspense, sentimento de adrenalina, desejo de fazer justiça, sentimento de impotência, momentos engraçadíssimos, enredo envolvente e cautelosamente estudado são algumas destas características que tornam a série Ace Attorney numa franquia tão única e razão pela qual continuo a segui-la fielmente. Ofereceu-me, sem dúvida, embora tenha começado a jogar há relativamente pouco tempo, algumas das melhores memórias que tenho a jogar videojogos.

Não vou estar a contar pormenores das histórias dos jogos, no entanto, gostava de referir que esta é talvez a série com mais plot-twists que já joguei. Desde simples pormenores durante o decorrer de um caso até um comportamento de um personagem completamente inesperado, é impossível de prever, quando um caso começa, qual será o seu resultado final (mesmo que saibamos à partida quem foi o culpado). Toda a história vai sendo construída à medida que vamos jogando e, tal como os personagens que controlamos, vamos ficando boquiabertos com as várias reviravoltas e maneiras de olhar para uma determinada questão apresentadas.

Por falar em perspetivas, Ace Attorney é também um jogo que nos ajuda a desenvolver a capacidade de pensar «fora da caixa» e a reconsiderar mesmo o que tomamos por mais certo, acabando por ser, em última instância, um produto muito válido para quem queira melhorar o seu espírito crítico e já referida capacidade de pensar de maneiras completamente distintas.

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Aí vamos nós para mais uma longa sessão de mentiras e contradições!

Seguindo de novo a linha temporal de lançamentos, foi com uma certa desconfiança que recebi adições como os poderes de Wright (de perceber se os que o rodeiam lhe estão a esconder algo) e mesmo os temas mais místicos presentes em alguns casos envolvendo a família Fey (herdeiras da linhagem principal de mediums de uma certa tribo e que comunicam com os espíritos). Não obstante essa desconfiança inicial, uma vez que as aceitei, reparei como estavam tão bem implementadas no sistema de jogo, funcionando harmoniosamente com o resto do que foi sendo oferecido. É também este que tem, talvez, um dos casos mais incomuns de toda a franquia, com muito a acontecer, desde chantagens, apresentação de provas falsas e muito mais que tornaram este jogo memorável.

Já no terceiro jogo da série, foi com grande prazer que controlei Mia Fey nos seus primeiros casos, que acabaram por influenciar partes posteriores da história de Phoenix. Na verdade, este foi o primeiro jogo onde realmente existiu uma grande união entre os vários casos, sendo que tudo aconteceu por alguma razão e nada ao acaso. Neste, ficamos também a saber quais as motivações de Phoenix Wright entrar no mundo da lei e de como conheceu Mia.

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Hmm… Phoenix Wright? És tu?

Do terceiro para o 4º jogo, existe um time-skip e é nos apresentado um Phoenix bastante mais velho, mais sólido e experiente mas… É melhor descobrirem no jogo. A verdade é que, como o nome deste 4º título indica (Apollo Justice: Ace Attorney), é com Apollo, um novo e inexperiente advogado, que iremos resolver os vários casos do jogo, aproximando-nos da verdade de um caso de há 7 anos atrás, que desbloqueia também várias respostas para o caso atual no mundo do jogo. Embora por muitos seja considerado como uma das ofertas mais fracas na série, a verdade é que adorei o último caso do jogo e gostei da maneira como este foi organizado, apresentando uma trama bastante profunda e que afetou fortemente a vida de muitos dos personagens que figuram no jogo. Foi ainda no 4º jogo que nos foi apresentada a magia – literalmente – da filha adotiva de Phoenix, Trucy Wright, que também é muito importante para o enredo.

Alguns anos mais tarde, já para a Nintendo 3DS, chegou Phoenix Wright: Ace Attorney – Dual Destinies em que controlamos o agora veterano Phoenix Wright, embora o seu protagonismo seja partilhado com Apollo e Athena Cykes, uma nova advogada da Wright Anything Agency, uma agência de advogados e de talentos no geral. Com estes, voltamos a experienciar uma série de episódios (ou casos) que embora, aparentemente, estejam completamente desconexos (no geral, claro), escondem uma trama intrigante e que nos oferece alguns dos maiores plot-twists da série.

Finalmente, chegamos a 2016, a 8 de setembro de 2016, para ser mais preciso, em que assistimos ao lançamento do mais recente jogo Ace Attorney, Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice, que se passa algum tempo após os acontecimentos de Dual Destinies.

Sobre este, irei alongar-me mesmo muito pouco uma vez que podem encontrar a partir deste momento a análise no site, onde poderão ficar a saber o que achei do jogo mais ao pormenor.

Direi aqui apenas que não fica atrás de qualquer um dos outros em nenhum aspeto, apresentando mais uma vez personagens muito carismáticas que conseguem despertar em nós um grande leque de sensações incríveis. É também um jogo especialmente focado no paranormal e num sistema jurídico fora do comum, mas, se não gostarem tanto deste aspeto da série, também não têm com o que se preocupar, o jogo mantém-se fiel ao que torna Ace Attorney na franquia que tanto adoramos.

Tendo-me referido diretamente em cima às personagens cheias de vida, acho importante referir que foi nesta série que encontrei algumas das figuras mais excêntricas e extravagantes da série. Desde um cozinheiro completamente vestido de cor-de-rosa e de estilo bastante feminino até um professor de direito que parece uma estátua (e que se transforma numa estrela do rock com uma alta crista) há muitos aliados e adversários verdadeiramente únicos e que conferem sempre um pouco da sua personalidade aos seus discursos.

Enfim, há com certeza muito mais de que gostaria de falar envolvendo a série Ace Attorney, mas aí seria preciso escrever um livro inteiro, e talvez não chegasse, pois no que toca a séries que adoramos, é difícil contermo-nos mesmo quando não há muito mais por dizer.

Então e vocês? Já jogaram algum jogo desta série? O que acharam? Ficaram tão fascinados como eu?

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Quando reparamos que a prosecution conseguiu refutar mais uma vez os nossos argumentos.