Call Of Duty: Black Ops Cold War – Análise

Seria impossível quebrar a tradição de ser lançado um novo e “mais ambicioso” Call Of Duty acompanhado da nova geração de consolas. No seguimento da nossa antevisão ao modo online de Call Of Duty: Black Ops Cold War (que podem ler, ou reler, aqui), tivemos agora a oportunidade de o analisar na sua totalidade, e de testemunhar de que é constituída a última entrada da famosa série Call Of Duty.

Para começar, o jogo dispõe de três grandes vertentes: Campanha, Multijogador e Zombies. É verdade que o modo Warzone também se encontra disponível, mas devido a ser uma vertente que já estava disponível no anterior Modern Warfare, penso que dispensa apresentações.

Devido à dimensão inquestionável das três vertentes do jogo apresentadas acima, decidi fazer um apanhado de alguns pontos que são transversais ao jogo na sua globalidade, aprofundando mais abaixo cada uma das vertentes.

Gráficos e Performance

Os gráficos em Cold War não se fazem sentir da mesma maneira que, possivelmente, se fizeram sentir em Modern Warfare. A verdade é que seria injusto avaliar os gráficos de uma maneira tão criteriosa, uma vez que está óbvio que Cold War é destinado a acompanhar o lançamento das consolas de nova geração. No momento que estou a escrever esta análise, tenho a minha PlayStation 4 Pro a bufar apenas por estar a exibir o menu de jogo.

É um jogo com muita carga gráfica, e nas consolas da “geração passada” (leia-se PS4/Xbox One) essa carga faz-se sentir a todos os momentos. Quer seja na queda súbita de fotogramas por segundo, quer seja pelo tempo que o jogo demora a carregar os modelos das armas. No entanto, tem de se dar crédito onde este é merecido. Apesar de todo o esforço que a coitadinha da minha PS4 Pro faz, este não é de todo em vão. O jogo não crashou uma única vez até agora, e nenhum dos problemas de performance a que assisti são impedidores do aproveitamento da vossa jornada pela guerra fria.

Modo campanha

A primeira grande vertente de Cold War é a campanha. Aqui irás sentir na pele alguns eventos (baseados em factos verídicos) passados na mítica guerra fria, guerra esta onde a informação era privilegiada em nome do armamento. Mas não se preocupem… há muito armamento!

Na campanha tomarás controlo de um personagem modificado por ti, mas sempre com o nome de código Bell. Sim, modificado por ti! É-te dada a oportunidade de escolheres certas características (como a cor de pele, nome, passado e personalidade) em relação ao teu personagem de modo a introduzir mais um aspeto de “interação” com a campanha.

A campanha em Cold War, semelhante a todos os outros jogos da franquia Call Of Duty, é um autêntico filme. Daqueles filmes em que não prestas bem atenção ao que dizem, mas que a cinematografia é suficientemente boa para saíres da sala de cinema com uma boa impressão dele…. sabem? Vais passar por momentos loucos e cheios de ação, acompanhados de uma performance gráfica de cortar a respiração, mas o contrário também é verdade. Estão aqui presentes demasiados momentos monótonos que acabam por cortar o flow do jogo, especialmente tendo em conta que não demorarás mais de 7 horas a terminá-lo. No entanto, se fores como eu e estiveres interessado em muito mais que o efeito “Uau” que a campanha de Cold War tem em ti… coff coff… não vais querer passar à frente nenhuma cutscene. Em primeiro lugar porque estão cheias de relatos e filmagens reais do século 20, em segundo porque vais dar por ti a fazer uma espécie de viagem no tempo de forma intencional para mudares o resultado de certos acontecimentos. Isto tudo com algumas (nada suficientes) escolhas de diálogo que irão mudar o final do jogo consoante as que fizeres.

Como nota de curiosidade, reparei que a sensibilidade do modo online não corresponde aos valores no modo história. Ou seja, o valor 10 de sensibilidade do modo história corresponde a um valor completamente diferente no modo multijogador, pelo qual tinha de ir alterando os valores de cada vez que mudava o modo de jogo.

Modo Multijogador

Relativamente ao modo multijogador, foram feitas algumas mudanças relativamente à beta que tive a oportunidade de jogar. No entanto, faço primeiro uma apresentação do multijogador: para além dos modos básicos e conhecidos da vertente online de Call Of Duty (como o Team Deathmatch ou Search and Destroy), existem agora mais uns quantos a ter em conta quando estiveres prestes a procurar uma partida com os teus amigos. Agora podes jogar VIP Escort, que te irá fazer escoltar um jogador considerado VIP (ou em que serás escoltado) para uma certa localização. O modo Combined Arms Moshpit que é a imitação mais próxima que a Activision pode fazer do modo Conquest presente em Battlefield, sem levar com um processo em cima. E, por fim, Fireteam: Dirty Bomb, onde dez equipas compostas por quatro jogadores cada uma luta para conseguir depositar urânio e detonar as tais dirty bombs.

Toda esta ação é passada nos oito mapas que tens à tua disposição. Apesar de achar a quantidade de mapas disponível simpática, a qualidade dos mesmos é capaz de ser a pior de toda a série. Não me interpretem mal, os mapas são bonitos e possuem detalhe suficiente, mas no aspeto competitivo, os mapas são horríveis, com pouco equilíbrio. Para existir um jogo competitivo, é imperativo que existam mapas competitivos, o que não é o caso. Existem posições muito mais vantajosas e fáceis de abusar se o jogo te colocar na fação certa ao início do jogo. O equilíbrio é nulo em grande parte dos mapas, sendo que, acompanhados desta vertente pouco competitiva, os oito mapas sabem a pouco.

Para quem não leu a minha antevisão à vertente multiplayer de Cold War,  teci algumas críticas ao equilíbrio de certas armas, no que toca ao seu alcance, recuo e respetivo dano. Fico feliz por poder dizer que esses problemas foram devidamente corrigidos, não existindo agora nenhuma arma estupidamente dominante em relação às outras. Para além disso, referi também que era praticamente mais vantajoso deslizar ao invés de correr, devido ao enorme impulso que recebias ao fazê-lo. Isto foi também corrigido.

A última crítica que teço em relação a este ponto, é que apesar de não sentir que os níveis são difíceis de alcançar, penso que as várias recompensas estão demasiado espalhadas ao longo de todo o progresso online, tornando-se secante quando queres jogar com uma arma que em nada tem de especial em relação às outras, mas que só poderás desbloquear 30 níveis acima daquele em que te encontras.

Modo Zombies

Devo confessar que não tenho sido muito adepto do modo Zombies desde o Call Of Duty: World At War, sendo que foi no Black Ops 3 que caiu a minha última gota de paciência para o modo. No entanto, apesar de não ser nenhuma lufada de ar puro e fresco, o modo Zombies em Cold War pode ser caracterizado como aquela brisa agradável num dia de sol intenso. Passo a explicar: à tua disponibilidade tens quatro modos de jogo. Podes jogar o clássico modo Zombies onde tu e mais três jogadores têm de aguentar o máximo de rondas possíveil enquanto segues uma história completamente retirada de um livro escrito por uma criança. A sério… não ligues à história a menos que estejas interessado em portais interdimensionais com criaturas verdes que poem em causa toda a humanidade.

De seguida, tens o mesmo modo, mas limitado a vinte rondas. Em terceiro lugar está o modo Onslaught, onde, em conjunto com um jogador, tens de te manter no meio de um círculo enquanto és atacado por Zombies de todo o tipo. Por fim, mas não menos importante, existe o modo Dead Ops Arcade. Neste modo vais lutar contra uma nova horda de zombies em vários cenários com a vista de cima estilo Tomb Raider: Temple of Osiris. Pessoalmente sou um admirador desse tipo de jogo, apenas e só porque acabam por ser uma experiência diferente no meio de tantos géneros saturados.

Resumindo, apesar de achar a premissa do modo Zombies ridícula, o modo é, sem dúvida nenhuma, uma boa adição, ajudando assim a constituir um Call Of Duty sólido, capaz de se aguentar firmemente quando comparado com os restantes.

Opinião Final:

Call of Duty Black Ops Cold War é, muito provavelmente, uma das entradas mais completas da franquia dos últimos tempos. É óbvio que, à moda da Activision, é muito provável que chegue o agora tão indispensável battle pass, com mais umas quantas monetizações. Mas, no momento de escrita desta análise, Cold War é uma experiência sólida e um exemplo do que é um Call Of Duty, sem a existência de alguma lacuna óbvia. Contudo, não é perfeito.

Do que gostamos:

  • Apesar das dificuldades, o jogo aguenta-se bem em consolas da geração passada (PS4/Xbox One);
  • Modo de campanha com setpieces admiráveis;
  • Inclusão do modo Zombies.

Do que não gostamos:

  • Falta de pensamento competitivo na criação dos mapas;
  • Recompensas demasiado espalhadas pelo nível de progressão, demorando demasiado tempo para serem adquiridas;
  • Modo de campanha curto.

Nota: 7/10