Ghostrunner – Análise

São muitos os jogos que possuem uma jogabilidade mais hardcore, inevitavelmente afunilando a quantidade de jogadores interessados e fazendo com que apenas sobrem aqueles que estão dispostos a horas de raiva. Ghostrunner, misturando conceitos de vários jogos já conhecidos, acrescenta também uma dificuldade consideravelmente maior ao jogo comum, tornando-o numa mistura de prazer e fúria ao mesmo tempo.

Enredo

Indo direto ao assunto, não sou muito fã do enredo de Ghostrunner. Basicamente, começas o jogo numa torre, como um Ghostrunner (um ninja cibernético) sem memória, tendo como missão a de chegar ao topo dessa mesma torre. Apesar de existirem tentativas para apimentar este enredo, o plot twist que nos é aprsentado é mais previsível que a existência de um novo FIFA a cada ano. Reconheço que a história poderá não ser o foco principal deste jogo, no entanto seria ótimo se fosse possível que a 505 Games tivesse dado uma maior atenção ao enriquecimento do mundo que criou.

Gráficos e Ambientação

Independentemente da plataforma em que se joga, os gráficos em Ghostrunner são algo básicos e com pouco ou nenhum detalhe. É verdade que, num jogo em que estás em constante movimento, pouco importam os gráficos, mas a falta de detalhe nos mapas e inimigos dão uma sensação de desleixe, e os cenários demoram algumas horas a começar a ser interessantes, apenas se destacando um ou dois pelo seu distanciamento da filosofia industrial. Para terminar, quero apontar que estou ciente de que Ghostrunner tem um preço base de 29,99€, não existindo uma necessidade de exigência tão grande para este ponto. Já em termos de ambientação, encontramos aqui uma banda sonora bastante característica deste tipo de jogos. No entanto, não existe qualquer música in-game que te faça sentir ainda mais na pele de um cyberninja.

 

Jogabilidade

Com um grafismo algo ultrapassado, e um enredo bastante previsível, resta a jogabilidade para salvar este jogo. A ideia base é simples: one hit one kill. No entanto, esta premissa funciona tanto para o teu lado, como para o lado do inimigo que têm armas de fogo, enquanto tu estás armado apenas com uma espada.

Até aqui tudo bem, certo? Agora vem a parte má… apesar de existir alguma variedade de movimentação, a implementação destas mecânicas deixa um pouco a desejar. Como se já não chegasse estares a ser alvejado por uma mão cheia de soldados com um escudo protetor, as mecânicas que tens ao teu dispor acabam por te chatear ainda mais que a quantidade de vezes que morres por um tiro. Apesar de existir uma variedade de poderes especiais, as mecânicas bases são: saltar, deslizar, correr na parede, e atacar/defletir. Pode parecer algo picuinhas, mas a má implementação de ações que farás milhares de vezes acaba por denegrir a experiência. Passo a dar alguns exemplos. Vão ser inúmeras as vezes em que saltas para uma parede com o intuito de correr nela (como um ninja faria), mas o jogo reconhece isso como uma tentativa de dares um beijo nessa tal parede, atirando-te para a morte certa, fazendo-te voltar ao último checkpoint. Um outro exemplo: acho um pouco contranatura o facto de que o próprio slide atrase mais do que a velocidade normal de corrida, quebrando toda a sensação de momento na movimentação. O que quero dizer, por outras palavras, é que apesar de Ghostrunner ser direcionado para os jogadores considerados mais hardcore, a maneira de como toda a jogabilidade é implementada acaba por causar mais raiva do que devia. Deixando agora um pouco de lado a negatividade, tenho a dizer que o alcance da tua temível katana é bastante simpático, permitindo uns quantos erros em termos de posicionamento.

 

Existem ainda alguns puzzles que tens de resolver para chegar a certo ponto de progresso, mas não são, de todo, desenvolvidos o suficiente. A ideia que passa para o jogador, pelo menos a que passou para mim, é que são uma perda de tempo e apenas servem para que sejam reproduzidas mais algumas linhas de diálogo. Vale também apontar que, por duas vezes, o mecanismo de gravação automática falhou, fazendo-me retroceder uns 30 minutos atrás (de cada vez). Isto é algo desanimador, uma vez que todo o progresso conta em jogos como este.

Opinião Final:

De uma forma resumida, Ghostrunner é uma mistura de Dark Souls com Mirror’s Edge e Dishonored. Apesar de, em termos de enredo e de grafismo Ghostrunner não ser nenhuma mina de ouro, penso que a jogabilidade (aliada à premissa hardcore) fará justiça ao preço que te é pedido para o jogares. Não é, nem de perto, o jogo do ano, mas acredito que é uma experiência digna de ser experienciada, não apenas pelos jogadores mais corajosos, mas também pelos que se consideram casuais.

Do que gostamos:

  • Premissa “one shot one kill”;
  • Dificuldade desafiante.

Do que não gostamos:

  • Falta de uma história mais envolvente;
  • Inexistência de uma vertente online;
  • Mecânicas de movimentação mal implementadas, quebrando o flow do jogo.

Nota: 7/10