Mario & Sonic at the Olympic Games Tokyo 2020 – Análise

Depois de estar omissa em antecipação aos jogos de Inverno de 2018, que decorreram na cidade de PyeongChang na Coreia do Sul, a série Mario & Sonic volta agora em celebração dos jogos olímpicos de Verão, que decorrerão em Tóquio, já no próximo ano de 2020. O seu lançamento na Europa está agendado para dia 8 de novembro de 2019, e promete trazer consigo mais uma série de minijogos, baseados nos desportos incluídos nesta edição dos jogos olímpicos.

É a primeira vez desde que esta série de minijogos de desporto surgiu, de forma a celebrar os jogos de Pequim em 2008, que os jogos olímpicos decorrem no Japão, país da SEGA e da Nintendo, e por conseguinte de Mario e Sonic. É também, como o jogo nos deixa a saber, a primeira vez que os jogos olímpicos regressam a uma cidade na Ásia. Como tal, seria de esperar que este Mario & Sonic tivesse recebido uma maior atenção e fosse produzido com maior amor. E, de facto, nota-se este maior cuidado a cada canto.

A última iteração da série dedicada aos jogos de Verão (e que, convenhamos, são os jogos e videojogos que recebem maior atenção) vinha com uma série de limitações e frustrações que não pudemos deixar de ignorar nas nossas análises à versão Wii U (analisada pela minha colega Carla Gonçalves) e 3DS (analisada por mim). Problemas como uma falta de equilíbrio na atenção dada a cada modalidade, um modo estória algo desinteressante e uma geral falta de conteúdo são algumas das mais notórias limitações com que nos deparámos ao jogar Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games. Será que estes problemas se mantêm? O que há de melhor ou pior nesta versão?

Em primeiro lugar, devo dizer que continuo a notar cada um dos referidos três problemas, se bem que de forma atenuada. Apesar de bastante simples e perderem a graça rapidamente, a verdade é que os minijogos associados a cada desporto acabam por divertir e não se sentir tanto que algumas das modalidades receberam especial atenção face a outras. Recorre-se ainda muito ao button-mashing, mas nenhum dos minijogos associados a cada modalidade acaba por se reduzir a isso.  Quanto ao modo como a campanha se revela desinteressante, mas de forma atenuada, e de igual forma como foi atenuada a falta de conteúdo, é preciso dizer algo mais.

Mas… estes não são os jogos olímpicos de 2020? O que estão a fazer em 1964?

Primeiro sobre o modo estória. Aqui reside uma das maiores novidades de Mario & Sonic at the Olympic Games: Tokyo 2020. Aproveitando o facto de os jogos olímpicos terem decorrido em Tóquio no ano de 1964, e de que Mario e Sonic são séries com uma longa história, é aqui introduzida uma nova dimensão – de forma bastante literal. No início desta campanha, deparamo-nos com um Eggman a planear o seu próximo plano maligno: emprisionar Mario e Sonic dentro de uma consola, cujo único videojogo é uma versão 8-bits dos jogos olímpicos de Tóquio de 1964. Como é claro, o plano acaba por sair furado, levando com que não só Mario e Sonic, mas também Bowser e Eggman fiquem presos nesse mesmo videojogo. A única maneira de sair do mesmo é… adivinharam, ganhar medalhas de ouro competindo nos diversos eventos que, na altura, compunham o cartório de desportos reconhecidos nos jogos olímpicos.

Esta adição é de nota, não simplesmente porque nos vemos agora com dois estilos visuais diferentes, mas também (e em especial) pelo que permite em termos narrativos. Não esperem grande campanha deste jogo: está repleto de formas batidas de prolongar a experiência, como o clássico “Oh não, o vilão voltou-me a roubar mesmo aquilo de que precisava! Vou ter de o procurar e ir atrás dele!”. A ocorrência de duas linhas de sucessões de eventos, em que controlamos Mario e Sonic no passado, Luigi, Tails (e outros, que se vão juntanto a nós) no presente, no entanto, traz algo de interessante, nomeadamente na forma como as duas interagem entre si no decorrer da campanha. Infelizmente, estamos a falar de um Mario & Sonic, por isso não esperem que saia daqui nada de espantoso. É uma ideia gira, mas que acaba por ficar um pouco perdida num enredo que não é muito entusiasmante.

O grande destaque dos jogos olímpicos de Verão é a enorme variedade de desportos presentes. O que se converte num destaque deste videojogo.

O que realmente acabou por brilhar mais na minha experiência ao percorrer este modo estória é como este elemento acabou por se conjugar com aquele que foi o meu elemento favorito de todo o jogo: os  fun-facts sobre Tóquio, modalidades dos jogos olímpicos e personagens destes universos da Nintendo e SEGA. Falando com várias personagens que vamos encontrando pelos vários cenários de Tóquio, ou interagindo com ocasionais espécies de troféus com notas, vamos ficando a par de vários factos curiosos. Se, tal como eu, gostarem de ficar a saber de pequenas curiosidades e chatear os vossos amigos e familiares com elas, o modo campanha deste jogo está cá para vocês.

Explorar o mapa (percorrendo instalações desportivas ou locais característicos de Tóquio) também nos deixa conhecer melhor esta cidade – como será em 2020 e como era em 1964. Desde o famosíssimo cruzamento de Shibuya à estação de comboios de Tóquio, passando pelas várias imponentes instalações desportivas (algumas delas construídas de propósito para esta edição dos jogos olímpicos, outras renovadas) são vários os pontos de interesse que podemos visitar. Explorar o mapa torna-se assim mais divertido, e a campanha torna-se quase que num constante anúncio a Tóquio, aos jogos olímpicos e as série Mario e Sonic. Pode parecer exagero, mas fiquei com vontade de visitar Tóquio ou ler mais sobre a cidade, assim como jogar os últimos Sonic. Este fator, aliado aos eventos em 8-bits, acaba por tornar a campanha mais interessante e diversificada face à de Rio 2016.

Quanto à questão da falta de conteúdo… um dos pontos levantados na nossa análise à versão Wii U é de que faltava um modo multijogador online. Pois bem, essa lacuna foi agora preenchida com Tokyo 2020. Apesar disso, no entanto, continuamos sem uma grande variedade de modos de jogo. Existem várias modalidades, mas estas correspondem a minijogos bastante simples que, jogados a solo, acabam por perder rapidamente a graça, e que mesmo em modo multijogador acabam por não satisfazer face a outros títulos.  Não há realmente muito que nos puxe a preterir este a outros  party games. Torneios ou modos únicos estão ausentes, e apenas encontramos os mesmos minijogos, disputados em partida rápida.

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Os Dream Events continuam a ser divertidos e a representar uma agradável variação face aos eventos normais correspondentes. Infelizmente, apenas há três.

Assim, parece que o maior incentivo para pegar neste jogo é mesmo a campanha – e nesta, apesar de algumas novidades interessantes, não encontramos nada do outro mundo. De facto, dei por mim a perguntar em vários pontos da mesma: se não estivesse a jogar este título para análise, já o teria deixado de lado? A resposta a esta questão nunca foi um óbvio “Sim”, mas em vários momentos também não foi nada claro que se tratasse de um “Não”. Os fun-facts e descobrir Tóquio foram sempre os dois fatores que me motivaram a continuar (tirando um outro minijogo mais divertido), o que é de lamentar, quando se poderia, com um pouco mais de atenção, apresentar um enredo mais satisfatório.

Finalmente, no que toca à apresentação, visualmente Tokyo 2020 é consistente, apresentando mesmo alguns cenários e cinemáticas de nota. A banda sonora, de igual modo, está bastante bem trabalhada, combinando música tradicional japonesa com peças de tom vivo que poderíamos encontrar facilmente num jogo das séries principais de Mario ou Sonic.

Opinião Final:

Embora apresente uma série de ideias interessantes, como os eventos retro e a duplicidade entre os jogos de Tóquio 1964 e Tóquio 2020, traga finalmente um modo multijogador online e apresente uma série de fun-facts sobre Tóquio (e o Japão mais em geral) e os jogos olímpicos (com foque nas edições de 1964 e de 2020), Mario & Sonic at the Olympic Games: Tokyo 2020 acaba por desperdiçar em grande medida o seu potencial. Erros de outras entradas da série voltam aqui a surgir. Os minijogos continuam demasiado simples tornando-se rapidamente cansativos, nota-se uma falta de incentivos para continuar a jogar, mesmo com outras pessoas, e há por fim uma falta conteúdo que justifique o preço pedido de 59.99€.
Tokyo 2020 é talvez o melhor jogo nesta série, mas não deixa de ser, por isso, um título mediano.

Do que gostamos:

  • Possibilidade de jogar vários eventos em modo retro;
  • Enorme variedade de desportos representados, de forma consistente;
  • Modo história deixa-nos a par de vários factos curiosos sobre Tóquio e os jogos olímpicos;
  • Inclusão de modo multijogador online;
  • Dream Events continuam a ser uma boa e divertida alternativa aos eventos desportivos comuns;
  • Apresentação bastante competente.

Do que não gostamos:

  • Ideias interessantes do modo história veem-se perdidas num enredo que poderia ter sido muito mais trabalhado;
  • Continua a existir uma notável falta de conteúdo que nos faça regressar ao jogo após o término da campanha;
  • Modos multijogador tornam-se rapidamente pouco entusiasmantes devido a falta de algo como torneios ou modos únicos;
  • Pediam-se mais Dream Events;
  • Minijogos acabam por ser demasiado simples e não nos dão nada de novo passados alguns minutos com os mesmos.

Nota: 7/10