Marvel’s Spider-Man Remastered (PC) – Análise

Jogar na pele do Homem-Aranha raramente se torna numa má experiência, e com Marvel’s Spider-Man Remastered (PC) não é diferente. A fluidez e o dinamismo que os superpoderes de Peter Parker nos proporcionam, em praticamente todos os jogos protagonizados pelo aranhiço, é incomparável e raramente replicada noutro jogo que não tenha o famoso herói como personagem principal.

Visto tratar-se de uma versão remasterizada do mesmo título lançado em 2018 (cuja análise aprofundada podes ler aqui), o grande destaque da versão que tive o prazer de analisar deve-se ao simples facto de ser lançado no PC (finalmente). Este, para alguns até tardio, lançamento, abre portas para uma melhoria da experiência do jogador em praticamente todos os sentidos, quer seja performance, a qualidade gráfica, ou até mesmo a introdução de mods que podem melhorar a experiência de jogo tanto quanto o jogador decida.

Face à versão não remasterizada de Marvel’s Spider-Man (aquela que jogas na PlayStation 4), esta versão conta com várias melhorias.

O Homem-Aranha também segue a PortugalGamers.

Uma das primeiras coisas que os jogadores que certamente notarão na versão Remastered é a controversa decisão de substituir o modelo original do rosto de Peter, John Bubniak, pelo rosto do recém-chegado Ben Jordan. E embora seja um pouco estranho como a aparência jovem de Jordan faz com que Peter pareça muito mais jovem do que se diz ser no jogo, não há como negar o quanto a sua cara se assemelha à do Tom Holland da MCU – uma escolha que, de alguma forma, não se sente acidental.

Mas mais importante, a reformulação facial é apenas uma pequena parte do objetivo geral da Insomniac de reformular modelos de personagens como um todo, com cabelo, pele, olhos e dentes mais detalhados que acrescentam camadas significativas às suas performances. Afinal de contas, são melhorias como estas que ajudam a vender ainda mais uma história convincente no mundo de Spider-Man, que vê Peter a tentar encontrar um equilíbrio entre mentorar um jovem Miles Morales, navegar numa relação rochosa com Mary Jane, e passar tempo como Homem-Aranha a enfrentar os muitos vilões familiares a causar estragos em Nova Iorque. Esta continua a ser uma emocionante e animada história de super-heróis que também consegue aproveitar os sacrifícios que muitas vezes se fazem para proteger tanto as pessoas que amam como a cidade que juraram proteger.

Aterragem de super-herói.

Salvar a incrivelmente detalhada cidade de Nova Iorque é, definitivamente, o foco principal. É aqui que  vais passar a maior parte do teu tempo a balançar entre teias e a completar missões, que acabam por variar entre os (muito) cativantes momentos de set-piece e as genéricas missões de mundo aberto que podem ocasionalmente arrastar o ritmo. Mas mesmo que algumas das tarefas opcionais possam por vezes ser um pouco mundanas, a mecânica quase perfeita envolvida em balançar pela cidade garante que há sempre uma sensação de velocidade e entusiasmo para evitar que te aborreças demasiadas vezes. O próprio jogo incentiva-te a vaguear pela cidade, justificando-o com tempos de espera que o Peter Parker pretende usar para se atualizar com o estado da cidade. A verdade é que, mesmo se escolheres apenas e só andar de teia em teia, nunca estás sozinho: existem inúmeros crimes a decorrer nos quais podes intervir, tudo enquanto ouves os famosos e simpáticos podcasts do fã número 1 do Homem-Aranha, J. Jonah Jameson.

E ajuda que Nova Iorque também tenha recebido uma grande reformulação visual, com modelos e texturas atualizadas que melhoram drasticamente a experiência de exploração. Mas a Insomniac foi além com a implementação do tão falado ray-tracing e sombras ambientais que agora proporcionam uma profundidade e realismo soberbos à cidade, e embora ainda seja uma visão relativamente precoce do que pode ser feito com esta tecnologia, é, no entanto, uma visão impressionante de se ver – se estiveres disposto a sacrificar um pouco do teu framerate, dependendo da máquina que tiveres.

O fato, visivelmente detriorado de aventuras passadas.

No entanto, a Insomniac certificou-se de que a versão PC de Marvel’s Spider-Man vinha repleta de melhorias apenas e só disponíveis para quem veste o fato do aranhiço no PC. Para além das já referidas melhorias gráficas, a taxa de frames por segundo encontra-se agora desbloqueada, possibilitando (a quem tenha hardware para isso) ultrapassar a barreira dos 60 frames por segundo, estabelecida até agora. Esta melhoria, por si só, já é mais do que bem-vinda. Não há melhor sensação que ir de teia em teia pela cidade de Nova Iorque com uma fluidez incrível. Aliás, esta melhoria de performance é tão significativa, que eu sugiro a que, se tiveres que escolher entre grafismo e mais frames por segundo, neste caso, escolhe a performance.

Marvel’s Spider-Man também suporta toda a panóplia de tecnologias da NVIDIA, incluindo NVIDIA DLSS e NVIDIA DLAA, para te darem aquele boost extra na qualidade do jogo, assim o queiras.

Apesar de já ter feito referência ao ray-tracing e à melhoria das sombras, não há dúvida de que a cidade se torna bastante mais credível e agradável à vista quando estas opções conseguem ser utilizadas ao máximo. A verdade é que são tecnologias como estas que tornam espessa a linha que separa as versões Remastered de Marvel’s Spider-Man da versão original. Até mesmo quando comparando com a PlayStation 5, a versão PC revela-se claramente superior com todas as melhorias adicionais.

Marvel's Spider-Man Remastered

Mais um dia como Homem-Aranha.

A versão PC de Marvel’s Spider-Man Remastered suporta também uma variedade de monitores ultra-wide, incluindo as proporções 16:9, 21:9, 31;9 e 48;9. Esta melhoria é especialmente bem-vinda para aqueles que tiverem um monitor de tamanho Wilson Fisk.

Por último, mas de longe menos importante, o facto de estares a jogar num PC não te influenciará em nada a imersão do jogo, uma vez que os controlos foram detalhadamente pensados para permitir uma jogabilidade igualmente satisfatória num teclado. Ainda assim, a tecnologia presente no DualSense é também suportada, assim sejas detentor deste comando de última geração.

As melhorias gráficas e de performance são, inquestionavelmente, o grande destaque na versão PC de Marvel’s Spider-Man Remastered.

A nível da jogabilidade, o paradigma mantém-se o mesmo (tanto para o bom, como para o mau). Existe um contraste algo incomodativo entre a jogabilidade como Homem-Aranha e Mary Jane e Miles Morales, que, devido à sua inerente “normalidade”, serve como um elemento que quebra o incrível flow a que o Homem-Aranha nos habituou. Também não me cai muito bem algumas das decisões tomadas pela desenvolvedora numa tentativa de abraçar por completo a acessibilidade, sendo que algumas delas não fazem sentido nenhum: Peter Parker deixou mais de 50 mochilas espalhadas pelo mapa (a Staples deve ter ficado sem stock), os inimigos não conseguem ver inimigos neutralizados, mesmo que estejam pendurados literalmente à frente deles. É óbvio que não são estes pequenos detalhes que vão retirar a grandeza de Marvel’s Spider-Man Remastered, especialmente quando tudo o resto é demasiado bom para tornar isto sequer um problema.

O combate é absolutamente sublime e muito satisfatório (especialmente com o aumento de frames por segundo). Comportado em grande parte pela pressão do botão quadrado que pode facilmente dar início de um combo de socos, pontapés, flipkicks e lançamentos, o combate de Marvel’s Spider-Man Remastered invoca inevitavelmente memórias dos jogos Arkham da Rocksteady.

Marvel's Spider-Man Remastered

O sentido-aranha a dar horas.

No entanto, enquanto os jogos Arkham são largamente baseados num sistema de contra-ataque generoso no qual os jogadores podem facilmente destruir multidões de tipos maus com extrema facilidade, a remoção do botão do contra-ataque desencadeia um tipo diferente de competência de combate por parte do jogador. Isto também é representado e utilizado extremamente bem pelo sentido aranha do nosso vizinho amigável – um alerta codificado por cores que aparece por cima da sua cabeça quando o perigo é iminente. Este mecanismo permite-o esquivar-se aos punhos, pés e até aos foguetes e balas com facilidade e quando fatorado no combate em si, faz-te sempre sentir extremamente forte e versátil.

O uso do foco é outra característica única do combate do Homem-Aranha, porque à medida que vais acertando golpes, a tua barra de foco enche-se e pode ser gasta para restaurar a saúde do Homem-Aranha ou para soltar um brutal movimento final sobre o inimigo mais próximo dele. Como resultado, o combate no Homem-Aranha torna-se mais agradavelmente tático do que possas pensar ao início – usas o teu foco para manter a tua saúde elevada, ou para gastar uma jogada final num perigoso inimigo que lança foguetes?

Em última análise, embora não exista um botão de contra-ataque, o combate em Marvel’s Spider-Man ainda permite ao jogador ser infinitamente criativo, uma vez que o Homem-Aranha pode usar vários gadgets para derrotar os seus inimigos – quer seja encostando-os às paredes, rebentando com partes de edifícios ou até atirando praticamente qualquer item nas proximidades aos seus inimigos. Com uma variedade de tipos diferentes de mauzões para eliminar, incluindo os inimigos comuns, inimigos de corpo inteiro com armas, granadas, lança-foguetes e brutos, cada um exigindo a sua própria estratégia para vencer, o combate nunca é nada menos do que emocionante e incessantemente criativo, tal como devia ser.

Marvel's Spider-Man Remastered

Bugs como este acabavam por se tornar chatos com o passar do tempo

No entanto, a minha experiência também teve alguns contratempos, muitos dos quais espero que já estejam resolvidos aquando do lançamento do jogo a 12 de agosto. Tive alguns problemas com loadings infinitos por carregar um save manual. Vários inimigos tinham as suas texturas completamente malucas, impedindo, muitas das vezes, a visibilidade em combate. A performance, apesar de boa na sua maioria, ainda não está tão estável quanto gostaria.

Opinião Final:

Marvel’s Spider-Man Remastered (PC) é uma remasterização quase perfeita de um jogo quase perfeito. Apesar de ter algumas missões repetitivas, a jogabilidade como Homem-Aranha revela-se extremamente satisfatória. Tendo em conta toda a coleção de melhorias técnicas incluídas nesta versão de PC, das quais se destacam o desbloqueio da taxa máxima de frames por segundo e o ray-tracing, Marvel’s Spider-Man Remastered (PC) encontra-se no seu melhor estado de sempre, com o port para PC apenas a elevar o título para um pódio onde extremamente poucos títulos se podem dar ao luxo de descansar.

Do que gostamos:

  • Fluidez adicional permitida pelo aumento da taxa de frames por segundo;
  • Acrescento de melhorias gráficas potencializam a imersão;
  • Suporte para monitores ultra-wide e comandos Dual-Sense;
  • Jogabilidade incomparável.

Do que não gostamos:

  • Apesar da fluidez ser superior, não é tão constante quanto o desejado;
  • Missões e quebra-cabeças repetitivos;
  • Alguns bugs de textura bastante chatos.

Deixo também uma galeria de fotos que fui tirando ao longo do processo de análise.

Nota: 9/10

Análise efetuada com um código PC cedido gentilmente pela distribuidora.

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