
O sonho de uma verdadeira “Xbox portátil” assombra a indústria há mais de uma década. Não falamos de cloud streaming com latência, nem de telemóveis com comandos acoplados, mas sim da promessa de levar, nativamente, o poder e a biblioteca do Game Pass para qualquer lado, com a simplicidade de uma consola. Durante anos, esta promessa foi quebrada por PCs handheld que, embora potentes, eram na verdade PCs com Windows mal disfarçados, exigindo paciência, atualizações de drivers e uma tolerância a pop-ups que quebravam toda a imersão.
Tudo isso mudou a 16 de outubro de 2025. A ROG Xbox Ally X não é apenas mais um dispositivo no mercado; é uma redefinição fundamental do que o gaming portátil pode ser. Fruto de uma colaboração profunda entre a ASUS e a Microsoft, este dispositivo abandona a identidade de “PC que corre jogos” e assume-se, orgulhosamente, como a primeira “consola portátil” do ecossistema Xbox. Após um mês de testes intensivos, é claro que esta não é uma simples atualização de hardware; é a execução de uma nova filosofia, e o resultado é, sem exagero, o dispositivo de gaming portátil mais completo e desejável alguma vez criado.
A transformação mais profunda, e de longe a mais importante, é o software. O maior obstáculo de todos os concorrentes do Steam Deck sempre foi o Windows 11. Era desajeitado, hostil ao toque e uma barreira constante à experiência “pegar e jogar”. A ROG Xbox Ally X (2025) resolve isto de forma brilhante. O dispositivo não arranca para o ambiente de trabalho do Windows. Ele arranca para o “Xbox OS Handheld”, uma interface personalizada, rápida e elegante, que parece ser a dashboard da Xbox Series X, perfeitamente otimizada para um ecrã de sete polegadas
A experiência é instantaneamente familiar, mas perfeitamente adaptada. A sua biblioteca do PC Game Pass está na frente e no centro. Os seus jogos da Steam, Epic e GOG são automaticamente agregados e apresentados com a mesma arte de capa coesa. As definições cruciais de hardware (controlo de TDP, perfis de ventoinha, iluminação RGB e o VRR) já não estão escondidas numa aplicação de terceiros como o Armoury Crate. Estão integradas de forma nativa no menu de acesso rápido, tal como se ajusta o brilho num comando Xbox. Esta mudança é sísmica. A ROG Xbox Ally X (2025) é o primeiro dispositivo Windows que nunca o força a ver o Windows. Para o utilizador, a frustração desapareceu; é, finalmente, uma consola.
Claro que este software fantástico de pouco serviria se o hardware não tivesse dado um salto igualmente impressionante. O coração da novoa ROG Xbox Ally X (2025) é o APU Ryzen Z2 Extreme da AMD. Este não é um salto incremental; é um salto quântico em eficiência. O Z1 Extreme do ano passado era um chip potente, mas guloso, que precisava do modo “Turbo” de 25W ou 30W para mostrar o seu valor, derretendo a bateria no processo. O Z2 Extreme, construído nas novas arquiteturas Zen 5 e RDNA 4, muda completamente o paradigma do desempenho-por-watt.
Na prática, o Z2 Extreme oferece o mesmo nível de desempenho (ou ligeiramente superior) do Z1 Extreme no modo Turbo… mas fê-lo consumindo apenas 15W a 18W. O que é que isto significa para o jogador? Significa que os títulos AAA mais exigentes do Game Pass, como Starfield ou Avowed, correm agora a 1080p (com FSR 3.1) a uns estáveis 45-60fps, sem transformar o dispositivo num forno e sem esgotar a bateria em 45 minutos. A ASUS manteve a excelente bateria de 80Wh que introduziu no refresh de 2024, mas agora, graças à eficiência do Z2, essa bateria tem uma nova vida. Onde antes se conseguia 1.5 horas em modo Turbo, agora conseguem-se três horas de jogo AAA. Em títulos indie ou jogos menos exigentes do Game Pass, o dispositivo ultrapassa confortavelmente as cinco horas.
Este novo APU é complementado pela segunda grande estrela do espetáculo: o ecrã. O painel LCD 1080p 120Hz VRR do modelo anterior já era líder de classe, mas o Steam Deck OLED provou no ano passado que o contraste é rei. A ASUS ouviu. O ROG Xbox Ally X (2025) vem equipado com um painel OLED VRR de 7.3 polegadas. A resolução mantém-se nos 1080p, escolha inteligente para manter o desempenho neste formato, e a taxa de atualização continua nos 120Hz. A mudança para o OLED é, francamente, transcendental. Os pretos são absolutos e perfeitos. O tempo de resposta dos píxeis é instantâneo, eliminando qualquer ghosting. E o desempenho em HDR é de nível cinematográfico. Jogar Ori and the Will of the Wisps ou Forza Motorsport neste ecrã portátil é uma experiência visual tão boa ou melhor do que em muitas televisões de sala.
Este ecrã é complementado por 24GB de RAM LPDDR5X-7500. A ASUS manteve esta especificação do modelo X de 2024, e foi uma decisão acertada. Em 2025, os jogos de PC AAA são incrivelmente famintos por VRAM (memória de vídeo). Ter 24GB de memória unificada permite ao sistema alocar 8GB ou 10GB de VRAM dedicada aos gráficos, deixando ainda 14-16GB para o sistema operativo e o jogo. Isto resulta numa experiência visivelmente mais suave, com menos stuttering e texturas que carregam instantaneamente.
Ergonomicamente, o dispositivo de 2025 é um refinamento do modelo X de 2024. Mantém as pegas profundas e arredondadas que o tornam muito mais confortável de segurar do que o Ally original, e o D-Pad de oito vias é excelente. A ASUS manteve o peso nos 678g, o que, embora não seja leve como um Switch, é bem equilibrado e perfeitamente gerível.
Finalmente, a ASUS e a Microsoft acertaram na conectividade e “qualidade de vida”. O leitor de cartões SD, que infamemente fritava nos modelos de 2023, foi movido para uma zona fria e funciona na perfeição. O SSD M.2 2280 standard permite upgrades fáceis e baratos. Mais importante, a porta proprietária XG Mobile desapareceu. Em seu lugar, temos uma porta USB-C com Thunderbolt 4, permitindo a ligação a qualquer eGPU ou dock universal. Esta é uma máquina de entusiasta que abraça padrões abertos, e é exatamente isso que o consumidor premium exige.
Opinião Final:
A ROG Xbox Ally X (2025) é a máquina que todos imaginámos quando ouvimos pela primeira vez os rumores de um “PC portátil da ASUS”. Ao combinar o novo e eficiente APU Z2 Extreme com um ecrã OLED VRR deslumbrante e, o mais importante, uma interface “Xbox OS” que elimina a frustração do Windows, a ASUS e a Microsoft não criaram apenas um concorrente para o Steam Deck; criaram o “rei” da categoria. É um produto premium com um preço a condizer, mas pela primeira vez, a experiência de utilização justifica totalmente o investimento. É a realização da promessa do PC Game Pass portátil.
Do que gostamos:
- A nova interface “Xbox OS Handheld”, que finalmente torna o dispositivo uma consola “pegar e jogar”;
- O novo APU Ryzen Z2 Extreme: Mais potente, mas drasticamente mais eficiente, melhorando a bateria;
- O ecrã OLED 1080p 120Hz VRR: Um painel de topo absoluto com contraste perfeito;
- A excelente bateria de 80Wh, que agora (graças ao Z2) oferece uma autonomia fantástica;
- A manutenção dos 24GB de RAM, essenciais para jogos modernos;
- A porta Thunderbolt 4, que permite eGPUs universais, e o SSD M.2 2280 standard.
Do que não gostamos:
- É o dispositivo portátil mais caro do mercado, firmemente no território de “entusiasta”;
- O ecossistema Windows (embora escondido) ainda é necessário para aplicações de terceiros (emuladores, etc.), o que quebra a magia da consola;
- O peso (678g), embora bem distribuído, ainda é mais pesado que o Steam Deck OLED;
- A curva de adoção do novo “Xbox OS” ainda tem algumas arestas, com certas lojas (como a Epic) a precisarem de mais integração.
Nota: 8,5/10
Análise efetuada com um ROG Xbox Ally X (2025) cedido gentilmente pela marca para teste.