The Last of Us Parte I (PC) – Análise

Não é segredo que, ao ser lançado para PC, The Last of Us Part I foi recebido com reações extremamente negativas, principalmente devido aos bugs e, por vezes, aos problemas de desempenho que estragam completamente a experiência de jogo. Foram lançados dois patches desde o seu lançamento, mas o jogo continua a ter dificuldades em correr em PCs de nível médio, quanto mais numa máquina de nível básico. É certo que tens de verificar as tuas especificações antes de o escolheres, uma vez que requer uma boa quantidade de poder de processamento e pode ser difícil de executar em sistemas mais antigos. Mas, mesmo assim, é ótimo ver que The Last of Us deu finalmente o salto para o PC de alguma forma, permitindo aos jogadores experimentar uma história incrível que definiu uma geração e se consolidou como um dos melhores jogos de todos os tempos.

The Last of Us Part I já está disponível para a PlayStation ao qual tivemos oportunidade de analisar, por isso, podem ler ou reler a Análise que obteve a nota de 9/10, aqui.

Vale a pena referir que a Sony não forneceu um código de análise do jogo até ao dia do lançamento, algo que muitas vezes significa que o jogo está a ser trabalhado até ao último minuto ou que a experiência não é muito boa (ou ambas). Isto deixou-me um pouco receoso quanto à forma como The Last of Us Part I iria correr, e parece que os meus receios tinham fundamento.

Depois de instalar o jogo e abrir o icónico ecrã de menu com cortinas ao vento, estava pronto para começar tudo de novo. Mas ao selecionar a opção de começar um novo jogo, começa outro ecrã de carregamento, pedindo aos shaders do jogo para carregarem, embora a um ritmo extremamente lento. O meu PC demorou cerca de 45 minutos a carregar completamente os shaders. A paciência pode não ser necessariamente uma das tuas virtudes, mas The Last of Us Part I assim o exige, pois se decidires passar à frente, o jogo tem um desempenho horrível. O aspeto é simplesmente granulado e o desempenho é extremamente lento. Acho que o que estou a tentar dizer é: por favor, esperem pelos shaders.

No entanto, uma vez carregado, o jogo tem o melhor aspeto de sempre. E isso é dizer alguma coisa, tendo em conta os visuais impressionantes da PlayStation 5. As cenas nunca tiveram um aspeto tão limpo e cinematográfico, com os detalhes a fluírem suavemente para a jogabilidade, que oferece uma iluminação mais rica e detalhes vívidos que ficam deslumbrantes num monitor 4K, caso as tuas especificações sejam adequadas. Dito isto, The Last of Us Part I também oferece suporte para AMD FSR 2.2, suporte para Nvidia DLSS Super Resolution, VSync e opções de limite de frame rate, e uma série de outras opções mais pequenas para a melhor versão possível no teu PC, desde qualidade de textura ajustável, sombras, reflexos e oclusão ambiente.

No fim de contas, estamos todos aqui pela história. Se já acabaste de ver a série da HBO (se não, por favor, fá-lo) e não tiveste uma consola PlayStation para jogar esta obra-prima anteriormente, este remake tem todo o conteúdo original incluído, incluindo o DLC adicional Left Behind, que se destaca como sendo uma história separada, onde ficamos a saber do passado de Ellie antes da sua presença na história principal. Para aqueles que são novos na série, jogas como Joel, um sobrevivente do surto de infeção e que, tal como passara a ser a realidade para a maioria das pessoas, passara a priorizar o contrabando e outras atividades ilegais para se sustentar. Após uma série de acontecimentos, Joel acaba por levar uma jovem chamada Ellie de uma ponta à outra do país, na esperança de encontrar uma cura para a infeção mortal do fungo de uma vez por todas. Mas nem tudo é o que parece, pois os nossos protagonistas vão ter que ultrapassar enormes obstáculos para concluírem a sua viagem, numa tentativa de sobreviverem.

A história tem então como objectivo construir uma relação sólida entre os nossos dois protagonistas, cada um lidando com a sua própria dor e perturbação, tudo isto enquanto navegam na linha ténue entre a vida, a morte, os Clickers e os gangs desonestos. Consegue reunir uma série de conceitos existentes com profundidade e maturidade suficientes para que possa ser analisada como uma história que vale a pena ser vivida de novo. Se quiseres ler mais sobre a história ou as nossas impressões gerais, podes fazê-lo através da nossa Análise do remake para a PS5 aqui.

Claro que há muitos jogos em que a história e as personagens parecem reais, vivas e credíveis. Há muitas relações entre diferentes personagens em diferentes jogos que nos agarram, nos tocam e ficam connosco. A relação de Kratos com o seu filho Artreus. A relação de Clementine com Lee em The Walking Dead da Telltale, a relação de Max e Chloe em Life is Strange, Garrus e Shepard em Mass Effect são apenas alguns dos melhores exemplos de que me lembro, mas nenhuma destas relações se aproxima sequer da que é retratada em The Last of Us. Porque a forma como Ellie cura Joel enquanto enquanto este a salva, e como, lenta mas seguramente, crescem juntos até se tornarem na dupla de pai e filha que Joel perdeu… Essa história e a forma como é contada agarra qualquer um e recusam-se a deixar passar em branco o que poderia ser, eventualmente, mais um jogo de zombies. A subtileza em perfeito contraste com a brutalidade. The Last of Us é tão belo e tão implacável ao mesmo tempo e há aqui nuances que eu diria que faltam a 99,99% de todos os outros jogos de ação. Se ainda não o fizeste, tens que experimentar.

Simplificando, The Last of Us será considerado um dos melhores jogos de sempre, e este remake não é exceção… quando corre bem.  Expandir esta experiência para um novo público e uma nova plataforma não só permite que os jogadores de PC a vivenciem, como também permite que os visuais tenham o melhor aspeto possível, caso o teu sistema esteja disposto a isso. Embora possa ser melhor esperar por uma atualização para uma NVIDIA RTX 3090 para obter o melhor de tudo, a versão para PC é, em muitos aspetos, a versão definitiva deste jogo. Se és novo na franquia, terás uma experiência inesquecível. Se já o jogaste anteriormente numa consola PlayStation, sugerimos que analises as especificações de hardware do teu PC atual e se é uma opção melhor do que a PS5 em termos de capacidade gráfica. Esperemos que com mais alguns patches, a maioria dos problemas de desempenho e bugs sejam resolvidos.

Ainda assim, queria deixar claro que a nota que será dada a esta análise, não será atribuída ao “The Last of Us” como um aglomerado de jogos, mas sim a esta versão em particular, podendo ficar aquém das expectativas para alguns, tendo em conta os elogios que são distribuídos ao logo da análise.

Opinião Final:

The Last of Us Part 1 é um grande jogo, mas a sua prestação no PC recosta-se na sombra do sucesso das suas versões na consola da Sony. Ainda assim, isto só prova o quão grande e profunda é esta experiência. Apesar de todos os contratempos, se ainda não tiveste oportunidade de experienciar a aventura de Joel e Ellie, aproveita. Caso já tenhas tido esse privilégio, a compra apenas se justificaria se a tua máquina for capaz de uniformizar a performance, algo que o jogo tem dificuldade de realizar por si só.

Do que gostamos:

  • História deslumbrante que merece ser vivenciada mais que uma vez;
  • Qualidade gráfica incrível, assim o teu PC consiga acompanhar os requisitos.

Do que não gostamos:

  • Necessita de uma instalação de shaders anteriormente, algo que se está a começar a tornar recorrente;
  • Performance aquém do esperado;
  • Inúmeros bugs.

Nota: 6/10

Análise efetuada com um código PC cedido gentilmente pela distribuidora.