Análise – FIFA 18 (Switch)

Depois de uma experiência não tão positiva na Wii U, a EA volta a trazer a sua famosa série de simulação de futebol para uma consola da Nintendo (isto se não contarmos com as versões ainda lançadas para a Wii e Nintendo 3DS até FIFA 15). O objetivo da EA com este FIFA 18 passa de novo por «testar as águas» e averiguar se vale a pena trazer outras das suas franquias para as consolas da Nintendo.

A Switch tem sido um sucesso comercial, até ao momento, muito maior do que aquilo que a própria Nintendo contava que fosse, e isto mesmo a nível de catálogo. Jogos indie e third-party têm recebido bastante atenção por parte da comunidade, não sendo raro encontrarmos uma notícia em que se dê conta de que um jogo qualquer (especialmente jogos indie) vendeu mais unidades no seu lançamento para a Switch do que no lançamento para outras consolas. Esta atenção tem atraído muitas produtoras, que aqui encontram o seu público.

Por esta razão, parece que o ónus da prova virou: não é tanto a comunidade da Switch que tem de mostrar que «merece» a atenção da EA, mas a EA que tem de provar que merece a atenção dos detentores da consola, uma vez que existe uma grande variedade de oferta. Neste sentido, podemos perguntar se vale a pena dedicar o nosso tempo e dinheiro a FIFA 18 e quais as vantagens desta versão.

Embora corra noutro motor de jogo, a jogabilidade não se afasta muito da de outras versões.

Em primeiro lugar, há que notar que a Switch não suporta de momento o motor de jogo Frostbite (seja qual for a versão), motor que originalmente fora desenhado para os jogos Battlefield, mas que entretanto passou a ser aplicado a todos os jogos da EA, incluindo as versões mais fieis (para PC, PlayStation 4 e Xbox One) dos seus jogos desportivos. Desta forma, a Switch não compete propriamente lado-a-lado com estas plataformas mais poderosas a nível técnico – e portanto se queremos encontrar algo que distinga esta versão positivamente, temos de procurar noutro lugar.

Mas antes de começarmos esta «procura», aproveito para destacar aqui um ponto mais negativo. É compreensível que a versão para a Switch, recorrendo ao motor Ignite e não ao Frostbite, seja tecnicamente limitada… mas tal não desculpa alguns erros técnicos que estão presentes. Dentro destes, aqueles que se notam mais são: algumas falhas na IA, em que jogadores não respondem bem ao que se está a passar em campo, o que acontece especialmente no caso dos guarda-redes (que deixam a bola sair calmamente para canto, por exemplo); jogadores que não respondem bem aos nossos comandos e têm um tempo de resposta lento; e alguns problemas nos festejos dos golos, em que jogadores e postes são atravessados por jogadores em euforia, por exemplo. Em termos de grafismo e apresentação no geral, o jogo não brilha, mas também não é mau de todo… fica-se por um meio termo que nos deixa a julgar que, tal como a nível técnico, era possível extrair muito mais da Switch.

A clássica experiência de FIFA está cá, mas não sem as suas falhas.

Neste sentido, algumas ausências fazem-se notar pesarosamente, como a já conhecida falta do modo The Journey, que é talvez o grande destaque da série desde a edição do ano passado. Outra falha é a impossibilidade de jogar com amigos através do modo multijogador online, algo que não conseguimos compreender o motivo de não estar presente. Existem ainda outras restrições, como não poder aceder ao modo FUT (FIFA Ultimate Team) a não ser tendo uma ligação à internet (o que retira muitas vezes a hipótese de o jogarmos fora de casa), que, em conjunto com as já mencionadas, tornam esta versão de FIFA 18 muito mais limitada do que as outras disponíveis.

Com esta descrição, poderão ficar a pensar que estamos perante mais um port terrível, e que de maneira nenhuma vale o nosso tempo e dedicação, mas tal não faria justiça ao produto que nos é oferecido. Apesar de tudo, FIFA 18 na Switch tem as suas virtudes, e apesar dos problemas e limitações já referidos, continua a oferecer muito daquilo que torna esta série tão adorada aos olhos dos aficionados de futebol e videojogos.

Uma das grandes faltas da versão Wii U foi colmatada. Temos finalmente o modo FUT numa consola da Nintendo.

Continua a ser bastante divertido começar uma carreira de treinador numa equipa pequena da segunda divisão e levá-la ao topo, competindo com os grandes clubes na Liga dos Campeões, ao mesmo tempo que somos convidados para treinar uma seleção nacional. Continua a ser divertido irmos criando e evoluindo o nosso plantel no FIFA Ultimate Team. Continua a ser divertido criar o nosso próprio jogador e levá-lo até à posição de melhor jogador do mundo… Tudo isto e muito mais continua presente tal como nos lembramos, e são muitas destas funcionalidades que permitem que FIFA tenha o sucesso que tem ano após ano. Continua, por isso, a ser um jogo divertido e competente para os fãs deste desporto.

O mesmo se pode encontrar noutras versões, é certo, mas em todas elas faltam as duas funções que tornam a versão da Switch única: a sua portabilidade; e a possibilidade de a qualquer momento partilhar a experiência com outra pessoa, passando-lhe um dos Joy-Con. Em rigor, nenhuma destas virtudes está presente devido a um grande trabalho da EA, mas sim ao próprio hardware em que se encontra… mas não deixam de ser vantagens desta versão, e, na verdade, o seu principal selling point.

FIFA 18 exemplifica o slogan da Nintendo Switch: onde, quando e como quiserem.

Jogar em apenas um Joy-Con não equivale à experiência de ter um comando tradicional nas mãos, mas é suficientemente funcional para que possamos partilhar umas breves partidas com amigos onde quer que queiramos. Recomendamos, no entanto, que, se pretenderem jogar bastante FIFA 18 com amigos, que comprem um comando Pro, ou um novo par de Joy-Con, pois a experiência é sem dúvida superior.

Opinião final:

FIFA 18 não traz nenhuma grande revolução à série, sendo mais uma evolução do que foi feito em FIFA 17. Infelizmente, a versão Switch vem sem algumas funcionalidades e modos de jogo que esta nova «fase» da série inclui. Vem ainda com alguns problemas técnicos (que deverão ir sendo resolvidos mediante atualizações) e uma qualidade visual que fica por vezes à quem daquilo que a Switch consegue oferecer. Não obstante todos estes problemas, é sem dúvida a «experiência FIFA portátil definitiva» e traz consigo muito daquilo que faz desta série o sucesso que é ano após ano. Devido às funcionalidades da Switch, destaca-se ainda pela sua versatilidade, nomeadamente pela sua portabilidade e pela possibilidade de a qualquer momento partilharmos a experiência com um amigo.

Do que gostamos:

  • Poder levar experiência para onde quisermos;
  • Possibilidade de partilhar experiência com amigos a qualquer momento;
  • Experiência clássica de FIFA, tal como nos lembramos.

Do que não gostamos:

  • Alguns erros técnicos, como problemas com a IA ou lentidão de resposta de jogadores;
  • Visuais que não correspondem inteiramente ao que a Switch seria capaz de oferecer;
  • Ausência de modo The Journey e de possibilidade de jogar com amigos online.

Nota: 6,5/10